after the storm | jakehoon

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[Jiwoo]

Abro meus olhinhos sentindo um abraço gostoso e quentinho envolvendo meu corpo.

Meu papai dormia com um sorrisinho lindo, como sempre faz.

Na verdade, meu papai é sempre lindo. O mais lindo de todos e, quando eu crescer, quero ser tão incrível quanto ele.

Viro meu rostinho para o outro lado e sorrio ao ver tio Sunghoon deitado ali, dormindo como um anjinho.

Eu nunca gostei que algum garoto além dos meus tios ficasse perto do meu papai, mas do tio Sunghoon eu gosto.

Eu acho que ele não é como meus outros titios. Acho que ele e o papai se gostam de um jeito diferente e, por incrível que pareça, eu gosto disso.

─ acordada a muito tempo, princesa? ─ ouço a voz do meu papai e olho para ele, que agora sorria para mim.

─ não muito ─ subo em sua barriga, como faço em todas as vezes em que dormimos juntos e espalho beijinhos pelo seu rostinho.

─ ei, eu também quero beijinhos de bom dia! ─ tio Sunghoon reclama coçando seu olhinhos e eu sorrio, esticando meu bracinho para abraça-lo também.

─ bom dia, tio Sunghoon ─ deixo um beijo estalado em sua bochecha. Esse é o beijo que meu papai mais gosta. Acho que ele gosta também ─ por que você dormiu aqui? ─ pergunto curiosa me sentando entre eles.

[Jake]

Olho para Sunghoon e, mesmo sem trocar uma palavra, sei que pensamos a mesma coisa.

Precisamos ser sinceros com ela.

Em todos os sentidos.

Ele assente. Um movimento quase imperceptível e eu respiro fundo, me sentando na cama.

─ senta aqui, amor ─ chamo Jiwoo para o meu colo e ela obedece, se sentando sobre minhas pernas enquanto me olha atentamente ─ se lembra de quando te contei sobre o seu pingente de estrelinha?

─ sim papai ─ ela confirma imediatamente, seus olhos escuros brilhando em curiosidade ─ você me disse que você usava um colar de lua e o meu outro papai usava um de sol, por isso eu sou a estrelinha.

─ sim, você é a estrelinha ─ Sunghoon se pronuncia, tirando de dentro do moletom preto que usava, o pingente prateado que havia comprado quando tinhamos apenas dezoito anos ─ a nossa maior e mais brilhante estrelinha.

─ o que isso quer dizer? ─ minha filha intercala o olhar entre nós dois. Seus olhos ficando marejados a medida que seu olhar alcança o objeto em questão.

─ seu outro papai está aqui, estrelinha. Eu estou aqui ─ a voz de Sunghoon treme por um instante e, no segundo seguinte, seu rosto já está banhado pelas lágrimas e suas órbes brilhantes estão cobertas pela grossa camada de água ─ eu sei que isso pode ser muita coisa para uma manhã, mas... ─ antes que Sunghoon possa formular uma frase coerente, Jiwoo pula de meu colo e o abraça pelo pescoço, passando suas perninhas pela cintura do pai, que não consegue evitar um soluço por conta do forte choro.

Sem hesitar, o moreno retribui o abraço com muita força e carinho. Ele estava segurando o seu mundo inteiro nos braços pela primeira vez.

Ele não pôde ouvir seu coraçãozinho bater dentro da minha barriga no primeiro ultrassom, tão pouco pôde segura-lá na sala de parto, quando havia acabado de nascer, mas, agora ele a tem em seus braços e ninguém pode tirar isso dele.

Não pude evitar uma lágrima solitária que escorreu por minha bochecha.

Uma lágrima de alívio. De felicidade.

─ isso é verdade? ─ ela pergunta ao se afastar de Sunghoon, e consigo sentir a preocupação em sua voz.

─ a mais pura verdade, filha ─ os lábios do mais velho se curvam diante da pequena que, sem conseguir conter a emoção, começa a saltitar pela cama.

─ eu tenho dois papais! Eu sempre quis ter meus dois papais junto comigo e eu nem acredito que agora eu tenho e que ele é você!

─ isso é bom, pequena? ─ Sunghoon pergunta passando o dorso da mão pela bochecha molhada, em uma falha tentativa de conter o choro, sorrindo com o pequeno surto da moreninha.

─ é claro que é! Eu gostei de você desde que te conheci e queria que meu papai sol fosse igual a você! Você faz bonecos de neve e bolo comigo. Assiste filmes da Barbie comigo. Você não patina muito bem, mas é muito legal te ajudar a tentar! ─ ela exclama nos fazendo rir por seu tom animado, mas o ar de emoção ainda pairava sobre nós ─ você é bom pra mim e para meu papai Jakey. Eu te amo papai ─ a felicidade e pureza em sua fala fez com que Sunghoon voltasse a chorar, já eu... eu não conseguia parar de sorrir.

Eu estou realmente feliz por ela ter reagido tão bem a notícia, mas ainda preciso me desculpar. Ela merece isso.

─ ei, pequena ─ chamo por ela que me olha imediatamente. Seus olhos brilhando intensamente ─ eu só quero dizer que sinto muito por não ter dito isso antes. Você merecia saber. Eu errei muito e espero que possa me desculpar, meu amor.

─ eu não 'tô brava com você mamãe ─ sua mãozinha acaricia minha bochecha enquanto ela me olha nos olhos ─ Rafiki disse uma vez que o passado pode machucar, mas você pode fugir dele ou aprender com ele ─ ela cita uma de suas frases preferidas de O Rei Leão, deixando Sunghoon boquiaberto.

─ ela com certeza puxou a você, Jakey ─ ele comenta fungando baixinho e eu sorrio assentindo.

─ eu 'tô feliz demais por ter minha família completa agora como eu sempre quis! Obrigada papai! ─ a pequena sorri mais uma vez, puxando nós dois para um abraço.

Nosso primeiro abraço em família.

Eu nem consigo acreditar que essa criatura tão doce e pura saiu de dentro de mim.

Eu realmente não sei o que fiz para merece-la, mas posso dizer com propriedade que sou o homem mais sortudo do mundo.

[Sunghoon]

No momento em que Jiwoo me abraçou e me chamou de pai pela primeira vez, ela passou a ser o meu guia.

Nossos corações batiam em sintonia e até nosso choro parecia formar uma melodia. A melodia da minha vida.

A partir daquele momento, eu soube que jamais iria amar alguém como eu a amo.

A partir daquele momento eu soube que morreria antes que algum mal pudesse acontecer a ela.

No entanto perguntas surgem em minha mente.

Eu serei para Jake homem que ela sempre sonhou? Eu serei o pai que Jiwoo precisa ter?

Eu não posso prometer ser perfeito, mas posso garantir que vou dar o meu melhor dia após dia.

Posso dizer também que finais doem, mas recomeços são extraordinários e esse é o nosso. Essa é a nossa segunda chance e, dessa vez, não vamos desperdiça-la.