Capítulo 07 - No Amor e No Ego.

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Deslizei as mãos pelos braços nus de Tinho, ele me olhou em advertência e eu me senti como uma maria mole nos braços firmes dele. Me sentia tão bem ali, não queria ter que sair do contato latente do calor corporal que fazia minhas células vibrarem em expectativa e nostalgia.

ㅡ Então me fala que você não quer tirar essa lingerie de mim, e me foder na sua cama como a porra de um vaqueiro pauzudo que eu sei que você é! ㅡ Falei em seu ouvido, rindo baixinho, respirando muito pesadamente. O agarre em minha cintura e costas se intensificando. ㅡ Eu posso não te amar, mas ainda posso te fazer gozar como...

ㅡ Calado! ㅡ Estremeci ao seu comando. Não senti tesão ou meu corpo quente, porque não era para me instigar, vi através do seu olhar frio e desapontado. Eu tinha falado uma merda muito grande, uma que teria consequências além da ressaca de amanhã. ㅡ pega suas coisas que a gente já vai. E você, dona Tatiana, seu namorado chega já pra pegar você, então acho bom aprumar essa cara de rapariga beba.

ㅡ Aqui. ㅡ Balbuciou Tatiana, erguendo o pitoco para Tinho. Eu ri e me calei no segundo em que seus olhos mortais pairaram sobre mim.

ㅡ Oh, Vera! ㅡ Gritou ele. ㅡ Onde estão as coisas do Breno, hein? Ele já pagou?

ㅡ Sim. ㅡ Eu disse antes de que Vera viesse. Ela era uma comerciante genial, por isso não queria que Victor ficasse à mercê de suas palavras... Que eu não via tanta credibilidade assim, a algum tempo. ㅡ Por favor, me ajuda a vestir alguma roupa por cima... Disso. Não gostou do que viu e eu não quero que ninguém mais veja.

Victor abriu a boca uma, duas e três vezes e a fechou... Talvez tentando formular algum sermão, o qual eu poderia ter escapado fedendo hoje, mas que iria aguardar pacientemente até amanhã. Porra de vida. Ele me ajudou com bastante paciência a vestir meu short cáqui e a blusa do flamengo que estava usando, de repente eu não era mais um modelo alternativo e gostoso, era apenas a visão de algo que eu sempre odiei enquanto vivia aqui... Não gostei da sensação de ser apenas uma casca vazia.

Acordei desesperado, como se não tivesse fôlego ou como se estivesse sob a margem de um rio. Encarei as telhas escuras do meu próprio quarto, percebi por conta das três telhas transparentes, dava para ver a luz da lua entrando no meu quarto.

ㅡ Você acordou.

Meu peito acelerou e o susto me fez olhar para o canto do quarto em frente a porta. Pensei que era um monte de roupa suja, mas na verdade era Victor Bandeira, me analisando profunda e metodicamente bem.

ㅡ Que horas são?

Coloquei as mãos na cabeça, sentindo-a latejar pra caralho.

ㅡ Não sei. Madrugada ainda. ㅡ Disse Victor, a voz um pouco distante, mas ainda presente, talvez um meio termo entre querer se fazer presente e de fato não estar... Ou talvez fosse o que era, as divagações confusas de um bêbado de ressaca. ㅡ Pensei em te levar para casa, mas como mãe tá em casa, pensei que não queria dar de cara com ela quando acordasse pedindo dipirona e água de coco.

ㅡ Acertou. Obrigado por isso, mas por que ficou de vigia?

ㅡ Fiquei com medo de tu engasgar no vômito.

Enruguei a testa. Droga que vergonha. Em um passe de abracadabra eu era um adolescente idiota de novo, mas que inferno. O frio da noite batalhava contra o calor desenfreado do álcool circulando em meu corpo como um combustível que dava estímulos a cada parte do meu corpo, em especial meu pau. Estava com uma tremenda ereção e eu rapidamente me arrependi de estar usando a porcaria de uma calcinha.

ㅡ É, faz sentido.

ㅡ Agora que você acordou, eu vou indo. Preciso pregar o olho um pouquinho. ㅡ riu fraco. Se levantou da poltrona antiga, era a mesma que eu e ele sentávamos, era muito apertada, por isso era perfeita para uma sessão de punheta em dupla. ㅡ Não faz mais isso, Breno, por favor.

ㅡ Espera. ㅡ Pedi, quando Tinho estava para alcançar a porta de madeira do meu quarto. ㅡ A cama é pequena, mas isso nunca... Hum, nunca foi problema.

Vi ele levantar as sobrancelhas e cruzar os braços.

ㅡ Se isso for um convite... É o pior que já recebi.

ㅡ Não me deixa dormir só. Vem deitar comigo, Tinho, por favor.

Meus sentidos estavam fudidos. A audição parecia não existir, uma vez que ouvia abafado... Minha cabeça doía e a consciência girava. Meu mundo estava desabando, e por mais que nunca dissesse isso em voz alta... Parte dele era porque Tinho estava para ir embora. Eu era tão confuso e isso me dava nos nervos. Se não podia ter certeza de uma coisa tão clara quanto gostar de uma pessoa, porque ainda queria afastá-lo... Atraí-lo, só para... Não propositalmente, ao menos espero, mas para a satisfação de meu ego e desejo. Me sentia um lixo de pessoa e não, porque meu pau estava duro para um cacete.

ㅡ Não acho massa, sabe? ㅡ Sorriu fraco. Coçou a nuca e balançou desajeitado sobre os próprios pés... A respiração pesada e os olhos afugentados. Não precisei esperar para ouvir, mas o fiz. Maldito coração masoquista. ㅡ Tu fica me instigando, quando chego junto, tu se afasta... Me afasta.

ㅡ Então eu já tenho minha resposta.

Um aceno lento de sua cabeça confirmou minhas suspeitas. Odiei estar certo e... Assisti, deitado sobre a cama, quarto escuro e muito silencioso meu Tinho sair pela porta do quarto, da casa, da minha vida.

Não me lembrava de chorar tanto e por tanto tempo seguido. Eu estava cansado, os olhos ardiam em brasas e o corpo estava sob os efeitos desgraçados do álcool que tinha bebido tão levianamente. Debrucei o corpo sobre a beirada da cama, quase dando de cara com o chão quando uma das mãos escorregou, me segurei a tempo, mas não pude retornar a posição que estava. Vomitei ali mesmo, aos pés do ventilador e tossi com a angústia no peito de nojo, tristeza e pura raiva.

Desastre Natalino | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora