As regras básicas de como não se apaixonar - Kavetham

Capítulo 2

Lá estava eu, acordando praticamente de madrugada para ir trabalhar de novo. A vida tem sido complicada de mais ultimamente, eu juro que a única coisa que eu queria agora era terminar meu livro, mas quem disse que eu tenho tempo?
Acho que sem brincadeira, analisando a situação atual, o momento mais feliz da minha vida foi quando eu era apenas um Escriba e tinha tempo pra ler o dia inteiro.
Levanto da cama para ir ao banheiro lavar o rosto, encaro minha face no espelho. Eu estou cada dia pior. Resolvo tomar um banho pra ver se despertava. Só uma aguinha na cara não ajuda em nada.
Vou até o corredor para descer e ir preparar meu café, mas vejo pelo espacinho da porta entreaberta Kaveh exausto, terminando seus projetos. Ele passou a noite acordado de novo. Penso em entrar mas paro e penso um pouco antes de empurrar a porta.
Por que eu estou ligando que ele não dormiu? Eu nunca fui disso cara! Eu acho que estou tão cansado que tô ficando maluco.
Desço pra finalmente preparar meu café, forte e sem açúcar para me manter acordado pelo menos por metade do dia. Para comer, acho que vou esquentar a janta de ontem.
Coloco a comida na panela, ligo o fogão e paro para observar a vista da janela. Ainda estava escuro e dava pra ver que estava neblinando pelas gotículas de água no vidro.
Vejo o loiro descendo as escadas, ainda de pijama, quase caindo de sono enquanto se dirige até a cozinha.

- Não acredito que você vai comer essa porcaria Alhaitham. - Ele entra na minha frente e faz sinal com as mãos pra mim sair da frente do fogão. - Isso tá estragado cara!

Sinto uma sensação esquisita no estômago. Meu deus eu acho que tô ficando doente.

- Que cara de bobo é essa? Deve ser de tanto você trabalhar, daqui a pouco vai ter um burnout!
- Não vai me dar nem um bom dia? - Provoco.
- Ugh! Bom dia Alhaitham. Agora sai da frente.

Fiquei atrás da bancada o assistindo preparar o café da manhã, com tanta sutileza que eu chego a ter inveja. Ele nem se parece com o que sai da boca dele.
As vezes me dava aquele olhar de que estava irritado comigo o observando.
Kaveh preparou torrada com ovos mexidos, e serviu o café nas canecas.

- Aqui. - Ele coloca o prato sobre a mesa. - Comida decente.

O resto da manhã antes de ir trabalhar foi descontraída, nós conversamos por um tempinho.
O clima matinal e as risadas de Kaveh me fazem bem.
Pela primeira vez em dias, por algum motivo, eu estava me sentindo genuinamente feliz.

No trabalho as pessoas estranhavam o meu bom humor repentino.

- Alhaitham, eu já vou avisar que o senhor não vai comparecer a reunião.
- Pode deixar que hoje eu vou sim.
- ...Ok.. - Minha secretária sai da sala, confusa.

Hoje nós iríamos discutir sobre a construção do setor de história da Academia. Eu nunca gostei dessas reuniões pra falar a verdade. Aquele lugar que era pra ser organizado é simplesmente uma grande bagunça. Porém por se tratar de um assunto importante eu resolvi aparecer.
Entrando na sala, os participantes ficaram chocados com a minha presença. Exagerados, eu não sou tão ausente assim.
Kaveh estava lá também, tendo uma pequena discussão com outro arquiteto sobre como a porta deveria ser marcante por ser a entrada do local.
Me sento na cadeira e faço sinal para começarmos a reunião.

- Uhm uhm. - Uma mulher chama a atenção de todos para começar a falar. - Estamos fazendo essa reunião pois nossa Arconte Lorde Menor Kusanali nos pediu um setor que cuidará da história de Sumeru. A ideia original era construir em um local mais afastado da Academia, para podermos receber visitantes.
- O problema é que tem pessoas que moram na região onde vocês pretendem construir. - Um homem, de meia idade interrompe.
- Eu ia mencionar esse fato. - A mulher mantém a voz firme.
- Ia mesmo? Não é o que você nos disse mais cedo, sua intenção é ignorar mais uma vez as necessidades da população. - Outra mulher, que aparenta ser mais nova, se altera.