Capítulo 23

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Pov’s Jungkook

PRESENTE…

Eu não tinha intenção nenhuma de ficar aqui. Não estava nem aí para suas desculpas. Queria a minha vida de volta. E se achasse que corria perigo no meu apartamento, Namjoon morava no décimo sexto andar, então eu poderia ficar alguns dias por lá, dormindo no sofá. Eu não estava seguro aqui. E sabia disso.

Mas ao me debruçar sobre a pia do banheiro, sentindo meu corpo tremer pelas lágrimas não derramadas, levantei a cabeça e encarei meu reflexo no espelho. A regata molhada e manchada com o sangue de Taehyung se agarrava à minha pele, e meu cabelo pegajoso escorria pelas costas. O jeans úmido estava colado às coxas, enviando arrepio pelos meus ossos. Quando curvei os dedos na borda da pia, pude ver o sangue por baixo das unhas, tão entranhado que não consegui prestar atenção em mais nada.

Fechei os olhos, sentindo o ritmo do meu coração acelerar outra vez.

Eu reagi. Eu o feri.

E não havia fugido. Não como fiz três anos atrás, na floresta.

Não era fraco por estar sentindo medo. Mas ficar cabisbaixo e não falar nada, sim. O medo não era meu inimigo. Era meu professor.

Eu odiava Jimin, e amanhã, depois de pegar de volta tudo o que me pertencia, sairia daqui. Wangjog nunca mais, Seul nunca mais, assim como Egueslei. Mal podia esperar para me livrar de tudo aquilo que só me trouxe sofrimento.

Trêmulo e com frio, meus músculos exaustos por conta de tudo o que aconteceu essa noite, nem parei para pensar. Com calma, retirei a regata por cima da cabeça, arranquei todas as minhas roupas e as joguei no chão, antes de ligar o chuveiro.

Só alguns minutos.

Entrei no boxe e me sentei no piso de cor arenosa, logo abaixo do jato quente. Vapor preencheu o espaço confinado, e meu cabelo ficou encharcado na mesma hora, caindo pelas costas quando ergui a cabeça e deixei que a água se derramasse pelo meu corpo, e meu coração começou a se acalmar quando dobrei as pernas e abracei os joelhos, me aquecendo outra vez.

Jimin.

Ele fez tudo isso. Ele estava no comando. Ele me mandou vir até aqui, e por amor à minha mãe, eu vim.

Ele me encurralou, chantageou e me colocou nas mãos de seus amigos.

Eu o odeio.

Esfreguei meu corpo com força, lavando o cabelo e usando uma lixa para limpar o sangue debaixo das unhas. Saí do chuveiro, me vesti e conferi a porta do quarto novamente, só para ter certeza de que estava trancada antes de voltar ao banheiro para secar o cabelo.

Assim que desliguei o secador, percebi a vibração abaixo dos meus pés.

Agucei os ouvidos, escutando uma batida indistinta que vinha do andar inferior.

Aquilo era música?

Larguei o secador e fui em direção à minha porta. Recostei a orelha ali, ouvindo as batidas curtas e rápidas junto com alguns assovios.

Mas que porra?

Jogando a escova em cima da penteadeira, afastei a cadeira que usei para travar a porta e abri uma fresta. 

A música alta me atingiu e pude ouvir o sok de vozes e risadas.

Muitas vozes e risadas.

Deixando a porta aberta, fui até a janela do quarto e dei uma olhada na entrada de carros.

Estava abarrotado.

— Não dá para acreditar nisso. — murmurei para mim mesmo.

Dando a volta, saí em disparada pelo quarto e desci as escadas, dando de cara com um monte de gente.

Tentação (1) {pjm+jjk}Onde histórias criam vida. Descubra agora