* Recomeço *

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- Esther? Esther? - Alguém me sacudia.

- Ahn? - Pisquei, arrumando a minha postura.

     As minhas costas estalaram, doendo.


        A minha garganta estava seca, o meu corpo estava completamente dolorido e minha visão estava embaçada.

- Você dormiu muito. São quase duas horas da tarde. Eu conversei com o médico e Alice já está liberada. Já podemos ir para casa.



       Eu me levantei, ainda tonta.


- Eu só preciso ir pegar algumas roupas em casa e...

- Como assim? Voltar para a sua casa?




         Droga! Eu tinha me esquecido completamente do que tinha acontecido.


- Que merda! Como eu vou fazer agora? Eu não tenho nada.



- Bom, você é até que alta o suficiente para usar as roupas da minha mãe, pode usar elas  até pegar as suas coisas. Você pode ver se consegue ligar para um táxi ou algo do tipo para pegar o que você precisar.

         Ele se sentou.

      
           Que falta de maturidade deixar alguém que não sabe sobre o que está acontecendo chegar perto da casa.

- Mas estaríamos colocando alguém de frente para a morte do mesmo jeito.


- Não. Acho que não. Eles não estão interessados em qualquer um, apenas em vocês duas e em quem se mete no meio disso.

    Eu exitei.


- Vou tentar falar com a minha mãe quando chegarmos na sua casa. Mas vamos passar no mercado primeiro.


       Ele me olhou constrangido.


- Acho melhor você pedir a sua mãe para mandar trazer os mantimentos quando for buscar o que você precisa, eu não estou com dinheiro algum no momento.


- Eu estou com o meu celular aqui. Eu pago por ele.

- Não precisa. Ainda temos comida o suficiente em casa.

  

     Percebi o nível do seu constrangimento e fiquei quieta.

- Cadê a Alice? Vamos de Uber?

- Acho que sim. A gasolina da minha moto acabou e deixei ela na casa de um amigo que fica aqui do lado. Alice está no quarto.

    Eu caminhei até a porta e a abri com cuidado.


- Alice? - Fechei a porta, devagar.


- Oi. - Ela estava triste.



       Ela devia estar arrasada com tudo o que aconteceu ontem à noite.



- Como você está?



- Não sei. Está tudo doendo. O tio disse que não vamos voltar para casa. Nós não vamos, não é? - Ela parecia assustada.


      Eu me sentei na cama ao lado dela.

- Não, princesa.

- Vamos ficar aonde?

- Na casa do Arthur. Estamos indo agora, eu vou chamar o Uber. Vá se trocar. - Beijei sua cabeça.


      Ela se levantou e foi até o banheiro.

Livro 1: Os Desejos Mais Sombrios De Uma Alma Onde histórias criam vida. Descubra agora