11

215 21 11
                                    

CAPÍTULO POR TZ DA CORONEL

Não vou mentir: fiquei surpreso ao receber a ligação dela pedindo para me encontrar. Preciso mesmo colocar um ponto final nessa bagunça.

Não sei como tudo isso aconteceu; foi rápido. Desde que ela voltou, não consigo mais ter cabeça para lidar com outras pessoas. Infelizmente, Pietra foi uma vítima dessa situação também.

Pietra sempre desconfiou de outras mulheres. Para ela, todos ao meu redor me desejavam, inclusive suas amigas. Tanto é que ela criou uma dependência no nosso relacionamento, pois ninguém mais queria saber dela.

— Vai sair saindo, irmão? — o RG perguntou.

— Vou conversar com a Amina — ele levantou uma das sobrancelhas — preciso resolver esse bagulho.

— Boa sorte — pisquei para ele, dei a mão aos outros que estavam na mesa e peguei a chave do carro.

Eu não estava tranquilo com a situação. Tô tentando criar explicações na minha cabeça, mas sei que vou ouvir mais do que falar.

O caminho para o hotel em que ela está hospedada foi em completo silêncio. Nem o rádio eu quis ligar.

Precisava de silêncio para pensar.

Desci do carro para esperar ela no térreo, me sentei e resolvi pegar o celular, ligando para o único número que me dava acesso para falar com ela.

Coe Cecília, avisa pra Amina que já estou aqui na portaria — falei depois que Cecília atendeu.

Nem o número da Amina eu tenho. Tenho certeza que ela me bloqueou no Instagram também.

— Ela deve tá chegando aí já, acabou de descer. — ela não deixou eu falar e complementou — ela tá magoada, boa sorte.

— Fé, valeu — desliguei.

Assim que desliguei, o elevador chegou ao térreo, me dando uma bela visão dela saindo do mesmo. Que mulher espetacular.

Me levantei esperando ela com um sorriso, ela caminhava até mim com um semblante nada bom, tinha cara de magoada e triste, mas ainda assim me deu um meio sorriso.

— Podemos ir? — ela quebrou o silêncio e eu acenei com a cabeça.

Fomos andando até a saída, abri a porta para ela entrar, que me agradeceu. Fechei e rodeei para entrar.

Um lugar que eu gostava muito de ir para espairecer era a praia, porém somos figuras públicas e mediante as coisas que estão falando sobre a gente, não dá pra dar bobeira. Resolvi então levá-la a uma cafeteria mais afastada da cidade, já que não dava muita gente, e eu acostumava ir lá quando não tinha muita grana.

Não demorou muito para chegarmos até a cafeteria. Descemos do carro e ela foi indo na frente escolhendo um lugar para ficarmos.

Nós sentamos em um lugar mais afastado da entrada e mais silencioso também.

— Olá, boa noite! — o garçom chegou até a gente — vou deixar o cardápio aqui e qualquer coisa pode me chamar.

— Obrigada — ela deu um sorriso.

Ela nunca perde a essência, é linda e educada. Encanta com esse sorriso lindo.

Caralho, tô paradão na dela. Vou ser menos emocionado.

— Fala, Matheus — ela mudou o semblante — já que não teve culhão para se explicar nas suas redes sociais, para desmentir essa sujeira, começa se explicando para mim.

— Mano, é o seguinte — eu cocei a nuca — nunca fui de expor nada da minha vida, não tenho porque prolongar mais essa história desmentindo algo que as pessoas já escolheram no que e em quem acreditar.

— É porque a culpa não caiu tanto pra cima de você, né? Na verdade, homens sempre saem ilesos de tudo o que causam — discordei com a cabeça, jogou sujo.

— Na verdade, não saí ileso. O que eu sempre quis ser consegui realizar com fruto do meu esforço que foi o meu espaço na música — suspirei — a fama na internet veio como consequência.

— Não tô entendendo. — ela levantou o corpo, se inclinando na mesa.

— Nunca lidei com essas paradas, não cara, primeira vez — ela sorriu em sarcasmo. — o que eu tô tentando dizer é que eu não queria que isso acontecesse, nem pra mim e muito menos pra você.

— Achei que você teria um pingo de consideração por mim. É doloroso ter as pessoas falando de você e nada do que você fale adiantar.

— Você acha que minhas palavras mudariam isso? — ela discordou.

— Mas iria amenizar para ambas as partes. — complementou.

— Amina, em hipótese alguma um dia vou querer fazer mal pra tu. O que disse na casa do Almeida naquele dia não foi da boca pra fora — ser sincero dói, mas é preciso — eu nunca entendi o motivo pelo qual você foi embora, eu era novo mas eu sofri pra caralho.

— Você acha que eu não?

— Sofreu, mas a barra foi maior pra mim — suspirei, criando coragem pra falar — enquanto você tava construindo sua vida na Europa, eu estava levando o caralho pra tentar mudar de vida.

— Não tô me desfazendo do que você passou e eu te entendo, mas não joga essa barra em cima de mim. — ela pigarreou — eu era uma adolescente, meus pais me moldaram como eles bem entenderam, e hoje lido com traumas que eles me causaram por conta dessa super proteção e ter me afastado de você.

— Eu não quero me fazer de vítima pra você. Na verdade, nessa história, nós dois somos vítimas. Você voltou e com você trouxe de volta tudo aquilo que o Teuzin sentia — ela deu um meio sorriso, ela me chamava assim — não tô te colocando pressão em nada, só quero colocar pra fora tudo isso que tô sentindo.

— Tá tudo bem, Matheus. Eu não consigo dizer o mesmo, não porque eu não sinto, mas sim porque tá tudo muito confuso pra mim ainda — ela disse.

— Me desculpa então? — eu estendi meu dedo mindinho, e ela sorriu concordando, estendendo o dela também.

— Desculpo — ela piscou e se virou para procurar o garçom. Assim que ele viu, veio até nós — por favor, me veja duas porções de pão de queijo, um suco de laranja e — ela olhou para mim.

— Um chocolate quente, por favor, irmão — ele anotou e saiu.

— Podemos tentar ser amigos? — ela quebrou o silêncio.

— Tudo que eu mais quero é poder te conhecer novamente, sem maldade nenhuma — dei uma pausa e voltei a falar — nós merecemos isso, até porque, antes de tudo, éramos amigos.

As coisas ainda não estão totalmente estabilizadas. Eu sei que ainda rola uma mágoa, mas ela está passando por cima de tudo isso.

Esse sempre foi o jeito dela, e por um lado isso é perfeito. Ela não consegue não perdoar as pessoas, sempre meiga e querendo o lado bom das coisas.

É isso que me encanta nela.

Tô boa com vocês né? Mais um e só volto agora quando Deus quiser

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Tô boa com vocês né?
Mais um e só volto agora quando Deus quiser. 😅🤎

Nosso Destino Onde histórias criam vida. Descubra agora