Deus Ex Machina

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Notas iniciais

E vamos para o antepenúltimo capítulo :)

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Gemini e Fourth dedicaram mais um fim de semana imersos nos estudos do livro de magia, contando com a ajuda incansável de Akk e Theo. Contudo, à medida que as horas se arrastavam, uma sombra de desânimo pairava sobre Fourth. A tentativa de conjurar magia parecia um caminho sem saída, até mesmo naquela dimensão.

O cansaço se acumulava, e Fourth, desiludido, começava a acreditar na impossibilidade de retornar à sua dimensão original. A ideia de ser eternamente Tinn e Gun começava a se solidificar, e ele refletiu sobre a máxima de que é preciso ter cautela com os desejos mais profundos.

O livro continha encantamentos e receitas mágicas, mas nenhum parecia surtir efeito. Apesar de seguirem à risca o que estava descrito nas páginas, nada funcionava. Gemini e Theo tentavam animar Fourth, que, por vezes, se entregava ao choro, atormentado pela culpa de ter arrastado Gemini para aquela dimensão.

Apesar das inúmeras demonstrações de carinho e afeto por parte de seu namorado, Fourth não estava disposto a se contentar com aquela realidade. Ele estava determinado a retornar com Gemini para sua dimensão original, ou morreria tentando.

— Esse é o momento do enredo que deveria aparecer algo que iria resolver todos os problemas dos protagonistas — Lamentou Fourth com um suspiro — Eu daria tudo pra que algum elemento aparecesse do nada e nos levasse de volta, tipo uma velhinha misteriosa com um cordão mágico, ou quem sabe um item misterioso, talvez um espelho que atravessa portais aparecesse aqui no quarto sem razão nenhuma, mas que resolvesse tudo e acabasse a história com um final feliz.

— Primeiro que Deus Ex Machina é um erro no roteiro — Disse Gemini —, e segundo que na vida real não aparecem soluções mágicas para os problemas. Precisamos lidar com isso e correr atrás para solucionar nossos problemas — Gemini segurou os ombros de Fourth e olhou em seus olhos — Mas eu quero que saiba que independente do mundo em que estamos, da dimensão em que vivemos, eu te amo e sempre vou te amar. Isso é real, não é um script e muito menos um sentimento mágico e irreal. O amor que sinto por você é tão grande que é capaz de vencer o medo e o ódio. Por isso, eu quero que sempre saiba que eu te amo. Eu falhei em demonstrar isso porque tive medo, mas agora tudo será diferente. Nós vamos voltar pra casa e vamos lutar pela nossa felicidade.

— Me desculpe, Gem, eu sei que é um pouco egoísta da minha parte, mas todos os dias eu agradeço por você estar aqui comigo. Eu nem sei como seria passar por tudo isso sozinho. Eu te amo tanto, Gem — Fourth encostou a pontinha de seu nariz no de Gemini, e sorriu segurando seu rosto com carinho — Você faz o enredo da minha vida ser um romance bonito e apaixonante. Amo amar você. Vamos voltar pra casa e lutar juntos em mais uma batalha contra o ódio. E vamos vencer, porque o amor sempre vence.

— O amor é poderoso, não duvido disso — Gemini lhe deu um selinho — E não precisa se desculpar, não foi ruim eu ter vindo junto com você, assim eu posso cuidar de você, eu ficaria louco de preocupação em saber que está aqui sozinho. Por mais que Tinn seja incrível, acho que ele não saberia ao certo como cuidar de você e nem eu como cuidar do Gun. No fim das contas, estamos onde deveríamos estar.

Mesmo diante das confissões de amor e discursos motivacionais, Fourth ainda desejava testar alguns rituais que encontrou em livros e em séries e filmes que costumava assistir. Acreditava que, eventualmente, algum deles poderia funcionar. Se ele conseguiu abrir um portal para ir para o mundo de uma série, talvez conseguisse realizar essa proeza novamente de alguma forma.

A primeira tentativa de Fourth foi ser atingido por um raio em um dia chuvoso, mas Gemini o puxou para dentro de casa antes que isso pudesse acontecer. Fourth alegou ter visto isso em uma série, onde um personagem tentou voltar para o passado usando esse método nada seguro. Gemini o repreendeu, preocupado com a segurança, priorizando-a acima de tudo.

Gemini não conseguia ficar bravo com Fourth por muito tempo. Seu semblante sério se desfez quando pegou uma toalha para secar os cabelos do namorado desmiolado. No final, a bronca terminou com abraços e beijos apaixonados.

No dia seguinte, Fourth tentou algo novo e mais seguro. Gemini foi até sua casa, e eles se recolheram ao quarto de Fourth para experimentar um ritual que ele havia inventado e que, segundo ele, poderia dar certo.

— Pra que essas câmeras? — Perguntou Gemini ao ver quatro câmeras posicionados em volta de um círculo.

— Faz parte do ritual. Acho que ele vai abrir um portal para o nosso mundo.

— Acha?

— Olha, não sou perito em rituais. Mas sei que de alguma forma viemos parar aqui.

— É, tem razão, pode ser que dê certo — Gemini ergueu as sobrancelhas — O que tenho que fazer?

— Fique no círculo junto comigo. Programei as câmeras pra tirar foto e disparar o flash ao mesmo tempo. Irei recitar uma frase mágica que vi em dos livros, pode ser que isso nos leve de volta pra casa.

— Eu poderia questionar a sanidade mental do meu namorado se eu não estivesse junto com ele preso numa dimensão onde vivemos num mundo paralelo dos nossos personagens.

— Somos dois doidos, essa é a verdade.

— Por isso nos damos bem.

— Exatamente. Por isso nos damos bem.

Fizeram todo o procedimento, mas mais uma vez nada aconteceu. Fourth suspirou cansado. As alternativas de retorno pareciam estar se esgotando. Desistiu da ideia louca com os raios e Gemini agradeceu por ele não ter pensado em usar os raios em vez dos flashes das câmeras. Então, Fourth teve uma ideia que poderia dar certo, mas para isso, chamou Puen e Lay para ajudá-lo.

— Um script? — Perguntou Lay.

— Sim, quero que me ajude a escrever um script e talvez assim possamos voltar pra casa.

— Entendi a sua ideia e pode ser que funcione — Lay estava submerso em seus pensamentos, a ideia era realmente boa, escrever um roteiro onde Gemini e Fourth voltavam para sua dimensão de origem — Vamos tentar isso.

Passaram o fim de semana escrevendo o roteiro perfeito como se fosse um filme que seria gravado. Revisaram e leram o roteiro; tudo se encaixava. O começo contava como o casal havia trocado de lugar com Tinn e Gun. No meio da história, descrevia todo o trajeto de como tentaram encontrar uma forma de voltar para casa. No final, como Lay não tinha ideia de como resolver aquela história maluca, ele colocou um elemento mágico para finalizar a história, um Deus Ex Machina básico: uma pedra aleatória que encontraram no chão. Ela era mágica e, ao tocá-la, todos voltariam para suas devidas dimensões. Mas é claro que as coisas não eram tão simples assim, e novamente, nada aconteceu.

Cansados da missão de voltar para casa, Gemini e Fourth resolveram dar um tempo e tirar ao menos dois dias para descansar. Passaram a tarde de domingo como casais de namorados normais. Ao invés das típicas loucuras para voltar para casa, preferiram maratonar séries enquanto comiam lanches e petiscos gostosos. Dormiram juntos naquela noite, e Fourth sentiu proteção nos braços de seu amado.

Quando pegou no sono, Fourth começou a ter um sonho estranho, mais parecia uma visão do que um sonho. Ele estava vendo Gun entrar no prédio da GMM junto com Tinn. Sabia que era o casal e não uma lembrança dele e de Gemini. Em seu sonho, tudo parecia normal, comum, como sempre foi. Fourth acordou assustado, e Gemini segurou sua mão, preocupado.

— O que houve, Nat? Está tudo bem? Teve um pesadelo?

— Um pesadelo não — Fourth respirou fundo — Uma visão. Acho que finalmente vamos conseguir voltar para casa.  

Notas Finais

Será que agora vai?

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