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Pode conter gatilho.

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Elara observa o horizonte conforme Polar Tang se distanciava da costa em direção ao vasto mar, submergindo silenciosamente nas águas misteriosas da Grand Line. A garota achou que seria de bom tom se despedir pessoalmente da tripulação, já que tiveram o trabalho de mudar de rota e desviar de seu caminho, atrasando seus planos para cumprir um favor para ela.

Ao voltar para casa, o cheiro e os sons da feira lhe chamaram a atenção, e embora não estivesse realmente precisando de suprimentos, ela decidiu se direcionar para lá. O dia estava brilhante, o cheiro de carnes defumadas e frutas cítricas enchiam seu nariz e o aroma lhe trazia várias ideias de comidas que podia preparar com receitas vindas direto do fundo da sua mente.

A feira já tinha virado uma espécie de ponto de paz na ilha, pois lhe trazia calma e um sentimento de normalidade, esta que nunca pôde sentir de verdade por ter nascido em um mundo completamente anormal, e ter escolhido seguir esse destino. Não que se arrependesse, pois gostava do que fazia, e tinha uma causa admirável para a qual lutar.

O caminho de volta para a casa também era bem tranquilo, trazendo semelhanças com algo que Elara sentia vagamente já conhecer, mas não conseguia assimilar. O cheiro floral das árvores também era algo aconchegante, não recorrente na vida da garota, pois normalmente vivia no mar, e quando estava em ilhas de primavera não tinha tempo o suficiente para admirar a paisagem.

Chegando em casa, assim que abriu a porta pôde sentir um calor incomum emanar do ambiente. O fogão não estava ligado, o forno também não parecia, e o sol não estava tão forte. Logo, essa temperatura realmente era estranha. A sala não contava mais com o sofá/cama improvisado onde antes dormia Ace durante seu tratamento. Agora que não precisava mais de vigilância, podia desfrutar de um pouco mais de privacidade no terceiro e último quarto da casa.

A cozinha parecia convidativa. Elara não escutou barulhos vindos dos outros cômodos, logo, pensou que os outros haviam saído. Rendida ao calor, prendeu os cabelos em um alto e pesado rabo de cavalo, guardando as compras e se direcionando para preparar seu café da manhã.

Aproveitando o pão do dia anterior, bateu alguns ovos com pedaços de queijo e estava preparando deliciosos sanduíches enquanto passava um café forte. O cheiro do queijo grelhando aos poucos em contato com o ferro quente da panela emanou por todos os ambientes, e a garota havia acabado de desligar o fogão quando sentiu um peso de repente ser posto em cima de seu ombro direito.

- Que cheiro bom...tem comida?

Elara se sobressai em grande susto, quase deixando a tigela de ovos cair. Virando os olhos, consegue notar o queixo de Ace encostado em sua clavícula. Seu calor emanava intensamente, de tal modo que fazia o corpo da garota suar.

- Achei que tivesse saído com Marco, sabe, exercitar o corpo - tenta puxar um assunto aleatório para ignorar o fato de que o garoto ainda se mantinha ali naquele lugar tão próximo de seu pescoço - Está com fome?

- Não precisa cozinhar pra mim, eu consigo fazer minha comida... - se retira de seu ombro, e a garota suspira com um certo alívio, enquanto Ace chega mais perto do fogão - Mas eu não ia reclamar se me desse um pedacinho...

- Pode comer o que eu coloquei na mesa, só espera eu-

Antes mesmo que ela pudesse terminar de falar, já sentiu a temperatura ao seu redor diminuir consideravelmente, e ao olhar para o lado, Ace já se encontrava na mesa devorando o café da manhã que ela havia preparado.

Risadas escaparam de seus lábios conforme ela se virou novamente para o fogão, terminando o que estava fazendo e sentando na mesa de frente ao garoto, carregando seu prato e uma xícara de café.

Neblina - Portgas D. AceOnde histórias criam vida. Descubra agora