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-character point of view-

Elara

Acordo em minha cama no navio. Minhas pernas estão enroladas no lençol de um jeito que demoro me debatendo para tirá-las. Sento na ponta do colchão, tentando recordar do por que eu estava dormindo em meu quarto, se deveria estar de vigia na noite anterior.

Meus pés tocam o chão conforme faço força para levantar. Esfrego o rosto com as mãos, sentindo uma onda de choque invadir meu corpo quando passo meus dedos sobre um canto baixo de minhas bochechas, e uma ardência imediatamente se faz presente.

Corro até o espelho do quarto, vendo em meu reflexo uma pequena área vermelha agora levemente úmida pela linfa.

Relembro imediatamente todos os acontecimentos da noite passada. Sinto raiva de mim mesma por ter sido tão idiota, ao ponto de derrubar a ponta acesa do baseado em meu próprio rosto!

Se bem que poderia até ser desculpável, considerando as circunstâncias.

Pensando agora sóbria no que aconteceu noite passada, não consigo tirar aquilo da cabeça. Portgas seria uma ótima adição ao Exército, é claro! Ele era muito forte, talvez chegasse até mesmo no nível do 2° em comando, Sabo. Porém, é difícil entrar na minha cabeça que um pirata dito e feito como ele esteja disposto a deixar ao lado sua ambição para se juntar a causa.

Embora ele não necessariamente tivesse que fazer isso, talvez.

"Me surpreendendo a cada dia, Portgas"

E como me surpreende.

Minha barriga ronca, um som tão alto que me faz sentir envergonhada mesmo estando sozinha no quarto. Ponho a mão sobre o estômago, acariciando meu abdômen. Até agora, nem havia percebido que estava tão faminta assim, não lembrava que era essa a sensação na manhã seguinte.

Escolho uma trouxa de roupa aleatória em meu baú, não tendo muita paciência para elaborar alguma ideia. Puxo uma toalha de dentro de minhas coisas, também, levando junto apenas um frasco de sabonete e a primeira colônia que achei.

Saio do quarto em direção ao pequeno banheiro. Não vejo ninguém no convés, imagino que os rapazes devam estar dormindo, comendo ou fazendo alguma tarefa no navio.

Ao adentrar o local, fecho a porta atrás de mim e me olho novamente no espelho. Percebo que a irritação da ferida passou e ela agora está menos vermelha, mas tenho certeza de que se fizer um pouco de vapor durante o banho ela deve se curar rápido. Vejo também meus cabelos, que agora se encontram muito bagunçados e embolados.

"Dá pra usar mais um dia. Tô achando que vai fazer frio hoje" penso, antes de puxar os cabelos para trás e prender em um elástico que carregava no braço.

Ao retirar as minhas roupas, consigo sentir nelas um leve cheiro de fumaça exalando, como o de um incenso natural. Deixo a roupa suja no pequeno cesto que havia no banheiro, e entro debaixo do chuveiro. Ligando, sinto a água morna cobrir meu corpo, escorrendo por toda minha pele.

Termino meu banho rapidamente, muito apressada devido à fome, ansiosa para chegar a cozinha e devorar a primeira coisa que vir pela frente. Praticamente corro em direção a cozinha, abrindo a porta com tudo, e quase choro de alegria ao sentir um cheiro amanteigado preencher minhas narinas, embora eu não soubesse sua origem ou o que exatamente seria aquela comida.

- Bom dia! - cumprimento os dois rapazes que já se encontravam na cozinha.

Bom, cumprimento Marco, já que Ace estava dormindo em pé quase enfiando a mão dentro de uma frigideira.

Neblina - Portgas D. AceOnde histórias criam vida. Descubra agora