─ Que respiração pesada... Está com medo do que? ─ Leamas questionou a menina que estava deitada em sua frente ─ Parece que nunca me viu antes, não? ─ Um sorriso sádico surgiu nos lábios da maldição azulada.
─ O que... O que você quer? Você disse que me deixaria em paz, eu já fiz tudo o que pediu. ─ Kurosawa praguejou contra Leamas, de forma ofegante e desesperada.
─ Oh... É verdade, eu disse. ─ Leamas pareceu pensativo ─ Na verdade, eu não vim porque quis, Akanezinha. ─ A Maldição deu um sorriso sádico, olhando a humana de cima para baixo.
─ Eu já disse para não me chamar assim! ─ Ela parecia frustada com o apelido.
─ Lorde Kami me mandou aqui, Akane. ─ De repente, o senso de humor de Leamas, desapareceu completamente. ─ Parece que descobriram... ─ A manipulação havia começado.
─ Descobriram? ─ Kurosawa o questionou.
No mesmo instante, a humana havia perdido o brilho de seus majestosos olhos negros. Leamas não havia nem terminado de falar e Kurosawa já sabia do que se tratava, o azulado havia plantado a semente, não falaria mais nada, nada além do que o necessário, a partir desse ponto, tudo seria de acordo com os planos de Kurosawa.
─ Lorde Kami deseja te ajudar, Akanezinha. ─ A maldição continuou ─ Você é mais forte do que pensa... E a única pessoa até agora que sabe de tudo, é Satoru Gojo. ─ Leamas segurava o rosto de Akane, gentilmente.
Mentiroso. Satoru não sabia de nada. Mandar uma feiticeira tão fraca atrás dele, era com certeza suicídio; mas na cabeça confusa de Kurosawa, ou ela matava ou morria. Kurosawa não tinha medo de nada, mas da morte, ela sentia o gosto todas as vezes que estava perto dela. A menina tinha medo de morrer, mais que tudo, e por isso, aquele dia, ela o matou, porque não queria morrer.
Kurosawa olhou assustada para Leamas, se questionando do porque Kami querer a ajudar; aquele Deus idiota que só pensava em almas, queria ajudar uma mera humana como ela, isso era estranho, não? Claro que não, até mesmo maldições poderiam querer trocas de favores e a menina estava devendo uma a Leamas, por impedir que ela morresse.─ Eu... Posso mesmo matá-lo, Leamas? Digo ─ Deu uma leve tossida ─ Naoki-dono? ─ Kurosawa o questionou de forma assustada.
─ Mas é claro. Meu lorde ficaria agraciado com tamanho poder, Kurosawa. Por que não faz isso? ─ Sorriu a humana de forma gentil e confiante.
Ela realmente merecia morrer, mas lutando contra o mais forte, seria realmente esse tipo de morte que Kurosawa merecesse? - Claro que sim, ela matou aquele que jurou amar, uma morte dessa forma, seria ainda mais gentil do que qualquer outra coisa. Ainda sendo jogada aos lobos, faria ser uma morte menos dolorosa para alguém que traiu a confiança da pessoa que a amou incondicionalmente.
Kurosawa mataria Satoru, sua expansão de domínio, faria o homem passar por complicações. Akane tinha a Purificação, uma expansão de domínio criada sob os conceitos budistas de ancestrais da sua família. O Estilhaço Sereno, seu domínio Inato, faria com que qualquer pessoa ou maldição, dentro dele, conhecesse aquilo que os humanos e não feiticeiros, chamam de Paraíso, diferente de Kami, Kurosawa não tinha controle sob aqueles que já conheceram a morte, então, sua expansão de domínio, não causaria danos a eles, mas mesmo assim, se ela conseguisse, mataria eles dentro da ilusão que eles presenciavam. A menina tinha uma expansão de domínio que, talvez, fosse interrompido pelo infinito dos olhos de Satoru e ela sabia sobre isso, por isso, planejaria como nunca, como matar Satoru; ela precisava matá-lo.
Do outro lado, Sam dormia feito um morto, ele parecia que não acordaria tão cedo, e Kami notava isso, de repente, o Deus tomou o controle do corpo, se sentindo totalmente renovado. Ele levantou e saiu do quarto, indo ao encontro de Leamas que talvez fosse estar fora da pousada esperando por seu mestre e assim foi dito; a semente em Kurosawa havia sido plantada e nada deixava Kami mais feliz do que seus objetivos dando certo. Enquanto estivesse no controle, Kami sabia que Sam não poderia simplesmente recuperar a consciência, por isso, se sentou ansiosamente em cima de um prédio, observando Satoru, animado pelo que viria a seguir.─ Meu lorde... Eu sei que não devo, e nem posso questionar seus planos, mas há algo que me gerou dúvidas e uma certa curiosidade. ─ Leamas dizia, curvado ao lado de Kami.
─ Diga. ─ Kami parecia mais frio que o normal ao lado da maldição azulada, isso causava incômodo ao seu servo.
─ Você... Por acaso, me odeia pelas coisas que fiz? ─ Leamas atraiu a atenção do Deus, continuando a evitar o olhar ─ Eu... Quase morri. Evitei que continuasse seu massacre e escondi aquelas memórias... ─ Leamas parecia mais apreensivo do que nunca, ele estava com medo da resposta de seu lorde ─ Eu... Devo ir embora? Ou ser punido pela minha audácia? ─ Ele finalizou, com certo medo em sua voz.
─ Por um momento, Kami tirou seus olhos de cima de Leamas e voltou sua atenção a parte da cidade destruída ─ Não me importo que tenha quase morrido, pirralho, muito menos que tenha escondido as lembranças. ─ Ele quebrou o silêncio ─ Devo confessar que me pegou desprevenido, eu não pensei que realmente fosse evitar minha gula com um beijo. ─ Kami deu um risada frouxa, fazendo Leamas se envergonhar da atitude ─ A verdade, Leamas, é que eu estava ciente o tempo inteiro... Mas para liberar o poder completo da minha gula, eu precisaria de um motivo. ─ Kami olhou para Leamas que estava com seus olhos arregalados.
─ Os dez milhões de maldições... ─ Leamas completou, ainda surpreso e assustado ─ Puta merda... ─ Desviou o olhar ─ Mas... Você podia ter me impedido, meu lorde... Por que não fez isso? ─ Leamas parecia confuso, confuso como nunca.
─ Kami, pela primeira vez, deu uma risada gentil e aconchegante, não havia nada sádico ou malicioso presente ali, era como um humano feliz, como a risada de Satoshi. ─ Eu posso não me importar com as coisas, Leamas. Mas quando se trata de você, eu não vejo problema em agradar um pouquinho meu servo para agradecer sua tamanha lealdade. ─ Kami deu um cafuné em Leamas, ainda com seu sorriso aconchegante.
Leamas, por sua vez, parecia uma estátua, seu coração, antes com os batimentos normais, agora estavam acelerados como nunca; podia não parecer, mas a maldição se encontrava em completa euforia. Seus anos, séculos, milênios de lealdade, estavam sendo agraciados com tamanho presente, parecia que não importava tamanha demora, finalmente, Kami havia agradecido pela sua completa espera e lealdade, durante todas as reencarnações do Deus Guloso.
─ Kami se virou para Leamas ─ Você me esperou, independente da demora para encontrar um Receptáculo. E todas as vezes que reencarnei, você estava presente para me dar as boas-vindas. ─ Ele sorriu ─ Então não vejo problema em agradá-lo um pouco para agradecer por toda a lealdade que tem por mim, Leamas. Afinal, eu sei que você esperava por isso a muito tempo. ─ Dessa vez, um sorriso convencido surgiu nos lábios do Deus.
─ O azulado permanecia imóvel, e depois de alguns momentos, ele pulou nos braços de Kami, com tamanho sorriso em seu rosto ─ Você não precisa me agradecer por nada, meu senhor! Eu jurei que iria morrer e viver por você, essa honra é mais do que o suficiente para um mero servo como eu. ─ Leamas disse de forma feliz, sentindo pela primeira vez, seu lorde o aconchegar em seus braços. Os braços grandes de Kami, o rodearam, fazendo o azulado se sentir mais do que nunca, seguro. Leamas estava feliz, verdadeiramente feliz, se os feiticeiros vissem essa cena, talvez assim, entendessem como Leamas se sentia com a ideia de viver para sempre ao lado de Kami.
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SAM: A Maldição de Morrigan ─ Jujutsu Kaisen | zxichiro [CONCLUÍDO]
Фанфик─ Sam, um Feiticeiro de Nível não tão Especial quanto seu Nii-san, decide deixar de lado todos os seus sonhos, objetivos e conquistas, dedicando sua vida toda a quem amou um dia. Cego pelos sentimentos que criou, foi morto pelas mesmas mãos q...