SAM: A Maldição de Morrigan ─ Jujutsu Kaisen | zxichiro [CONCLUÍDO]

Capítulo XIV ─ ″ Aquele que nasceu do Ódio da Deusa ″

          Leamas havia mandado o sinal para seu Lorde, fazendo os dez minutos, se transformarem em cinco; Leamas sabia da fome que seu mestre se encontrava, então, rapidamente, havia tirado todos os feiticeiros presentes. Alguns, como Aoi Todo, Maki Zeni'n, Noritoshi Kamo e Mai Zeni'n, relutaram a primeiro momento, nenhum deles queriam confiar em uma maldição desconhecida por eles, exceto por Panda, estranhamente, ambos já haviam se encontrado antes, e por isso, tinham uma rivalidade pequena entre si, porém, naquele momento, deixaram isso de lado, correndo logo atrás da maldição azulada.
           Após o sinal, uma grande explosão foi escutada, todos estavam imóveis, a pressão e o terror do ambiente, os deixavam assustados. De repente, viram inúmeras, dezenas, milhares de maldições, caindo do céu como uma chuva de sangue; estavam todas mortas, Kami havia matado todas em um único golpe, brincou com o destino de todas as maldições de níveis baixos presentes, comeu suas almas, a Gula do Deus não parava, e isso assustava cada vez mais os feiticeiros.

─ Quem é ele? O que caralhos ele é? ─ Mai perguntou, sendo acompanhada de Panda, que também mantinha a curiosidade.

─ Aquele é Mestre Kami. ─ Leamas disse, sem se importar com a curiosidade dos feiticeiros ─ Ele é tudo, apenas. Mestre Kami é tudo o que o mundo Jujutsu é. ─ Finalizou.

─ O que? ─ Maki disse de forma confusa ─ Eu acho que você não entendeu a pergunta da Mai, então vamos fazer de novo. ─ Maki bufou ─ Da onde ele surgiu? Por que ele é tão forte? ─ Maki disse de forma incrédula com tamanho poder.

─ Mestre Kami surgiu da raiva, do ódio de uma Deusa. ─ Leamas finalmente havia começado a explicar ─ A Deusa Morrigan criou ódio pela humanidade, depois que eles desistiram de adorá-la, e começaram a culpá-la por todas as coisas que aconteciam. ─ Ele disse sem olhar nos olhos dos feiticeiros ─ Assim como os humanos, os deuses também podem criar maldições a partir dos sentimentos negativos. Só que... ─ Ele pausou, olhando para os feiticeiros.

─ Mestre Kami é diferente. Assim como vocês, éramos humanos. ─ Leamas notou o olhar de surpresa de todos ─ Tínhamos uma família, alguém que cuidavamos. ─ Ele desviou o olhar ─ Depois que eu morri, mestre Kami ficou sozinho... E assim como eu, também foi morto. ─ Leamas parecia se incomodar em dizer aquilo ─ Sua alma poderia ter ido descansar, mas todo seu ódio se compactou com a Deusa. E assim, nasceu Kami, o Guloso. ─ Leamas continuava sem olhar para os feiticeiros.

─ Cê por acaso tá tentando dizer que é nossa culpa? ─ Aoi disse de forma rígida.

─ Não. Longe disso. ─ Leamas sorriu de forma gentil ─ Os feiticeiros não tem culpa das coisas que os normais fazem. ─ Ele completou ─ Mesmo que eu tentasse, eu não consigo concordar com o ideal de Kenjaku, Aoi Todo. ─ Leamas o olhou ─ Mesmo que eu tente, diferente do meu mestre, eu não consigo odiar a humanidade, mas também não consigo ter empatia por ela. ─ Ele assistia a diversão de seu lorde, enquanto falava ─ Eu posso tentar, mas nunca conseguirei ter os mesmos pensamentos que meu Lorde. Afinal, minha morte foi um acidente, e como um bom servo, eu farei o que meu mestre ordenar. ─ Leamas olhou para suas mãos manchadas de sangue ─ Posso matar quantos normais, maldições ou feiticeiros eu quiser, no final do dia, tudo o que me importa, é agradar meu lorde da mesma forma que ele me agraciou com meu nome e sua presença. ─ Leamas sorriu para os feiticeiros.

        Aquilo era loucura, Mai pensava, uma maldição que não tinha vontade de matar, apenas fazia isso para agradar seu mestre. Ela se perguntava se isso poderia mudar, assim como Mai, Itadori tinha o mesmo pensamento, ele poderia o salvar, Sukuna não teria salvação, não mais, porém Leamas havia. Itadori poderia proteger Leamas por tempo o suficiente até todos terem uma ideia de como o parar; Itadori realmente acreditava em ter uma forma de o parar, mas-

─ Itadori-kun. ─ Leamas chamou pelo humano que o olhou rapidamente ─ Eu não quero ser salvo. ─ Itadori olhou para Leamas de forma assustada, a maldição havia entendido seus sentimentos, e o respondido da forma mais direta possível ─ Mesmo que pareça, eu não estou preso. ─ Leamas riu ─ Eu posso ir embora a hora que eu quiser, Mestre Kami não iria se importar, da mesma forma que ele nunca se importou. ─ Olhou para Itadori que permanecia surpreso ─ Mas... Por mais que pareça impossível... Uma maldição como eu ter outra coisa além de caos na sua frente. ─ Leamas pousou a mão em seu peito ─ Eu amo estar com Lorde Kami, e amo ele. Eu poderia simplesmente morrer, se isso agradasse meu mestre. ─ Leamas sorriu.

       Itadori escutou aquelas palavras e estranhamente, havia sentido o peso delas. Ele nunca havia amado ninguém, nem mesmo sentido amor pelo seu avô, então, não sabia como entenderia os sentimentos de Leamas por Kami; porém, ele havia sentido o peso das palavras que Leamas disse, elas pesavam feito pedras. Então, não importava o quanto tentassem o ajudar a escapar das mãos de Kami, Leamas sempre voltaria, por vontade própria, ele não matava porque era obrigado, mas sim, porque seu mestre queria e a maldição azulada faria qualquer coisa pelo Deus.
       Em um segundo, as luzes restantes de Shibuya se apagaram, e o grande buraco que os feiticeiros e Leamas estavam, foi preenchido pela fumaça e a terra, Suguru Geto, Kenjaku, estava caído em completo terror, gritando por Choso para que o garoto o ajudasse, mas a essa hora, o menino já sabia de todas as coisas que Suguru tentaria fazer; matar seu próprio irmão, Itadori Yuuji. Kenjaku gritava feito uma criança, ele via a cena mais aterrorizante de toda sua existência, Kami, o Guloso, banhado pelo sangue das dez milhões de maldições, completamente insano, não havia nada que ele pudesse fazer, ele havia atiçado a Gula do Deus.
       Kami, por sua vez, pulou em cima de Kenjaku, enquanto a maldição gritava e se certificaria de perfurar cada parte de seu cérebro, porque ele sabia que a maldição principal se encontrava ali. Kami arranhava com suas grandes unhas, enquanto ria, ria tão insanamente que logo logo, ele se perderia, durante toda sua guerra com as dez milhões de maldições, Kami havia usado sua expansão de domínio mais de quatro vezes, mesmo para o próprio Deus, usar tantas vezes, comeria toda sua sanidade, e se ele se perdesse, não iria mais voltar, só enchergaria o caos ao seu redor, a destruição, e Leamas sabia disso, por isso, correu tão rápido em direção ao seu lorde que antes que pudesse chegar, Kami havia comido a alma de Suguru; a excitação preenchia pelo corpo do Deus e tudo o que ele via agora, era o abismo de sua Gula.

─ Meu lorde... ─ Leamas tentou se aproximar.

─ Huum? ─ Kami grunhiu, virando sua cabeça lentamente para trás, notando seu servo azulado, assustado com toda a cena. Seu lorde totalmente enchergado e perdido no meio do sangue que estava.

─ Você... Já comeu bastante não acha? ─ Leamas sorriu de forma gentil a maldição em sua frente, enquanto se aproximava lentamente ─ Porque... Não vamos para casa, hum? ─ O azulado sorriu.

       Kami desviou o olhar, ainda encarando o corpo morto de Suguru Geto em sua frente. O Deus ignorou seu servo e se levantou, voltando em direção a cidade, ele ainda queria mais, muito mais, ainda era poucas almas, não saciaria sua fome. Leamas correu até a maldição e segurou seu braço fortemente, recebeu um olhar de desaprovação do Lorde.

─ Meu senhor, por favor, preciso que pare. ─ Leamas implorou, enquanto segurava o braço de Kami ─ Você já fez o suficiente. ─ O azulado implorava.

─ Me. Solte. ─ Kami disse pausadamente ao seu subordinado.

         Leamas não soltou, mesmo que estivesse com muito medo, e por fim, como última ação, antes que morresse, ele abraçou seu lorde fortemente e assim que seus olhares se encontraram, Leamas o beijou, o beijou tão profundamente que todo o ar de seus pulmões iria acabar. Leamas morreria, certamente, mas havia realizado algo que Naoki queria a muito tempo, sentir os lábios novamente de Satoshi, Leamas poderia morrer feliz agora. Ou não.