001

291 20 2
                                    

Depois de três anos de pura insistência do meu pai, decidi fazer o que ele tanto queria; me colocar dentro do exército.

Meu sonho era ser médica e salvar inúmeras vidas, mas a vida, ou melhor, meu pai, reservava outro futuro para mim. Ele queria ter um filho para poder seguir no mesmo ramo e patente do exército que ele, mas para sua infelicidade eu nasci e arruinei seus planos.

Assim que escuto a porta da frente bater e passos soarem vindo em direção a cozinha, fecho meu livro e apoio o cotovelo na mesa e o meu rosto em minha mão olhando meu pai aparecer na porta da cozinha.

-eu já tomei minha decisão...- minha voz soou com mais desânimo do que eu queria e vejo sua atenção se voltar completamente pra mim com uma sobrancelha erguida -vou me juntar ao exército.

Seus olhos demonstravam uma mistura de satisfação, orgulho e por incrível que parece, medo.

-sabia que faria o que é certo- observo ele engolir em seco antes das palavras sairem de sua boca.

-o certo seria eu seguir meu sonho, não o que você planejou pra mim- ele anda até a geladeira e pega uma garrafa de água e vira para mim novamente, seu olhar frio em meu rosto.

-sua mãe ficaria orgulhosa- ele anda até estar na porta da cozinha novamente e parar lá. Ele sempre usa Angel contra mim quando quer que eu faça algo -partiremos pela madrugada, pegue apenas o indispensável.

Carson se vira de repente jogando a garrafa d'água em minha direção, mas antes que ela atinja meu peito eu a seguro.

-acho que te treinei bem o suficiente.

-jura?

E assim ele sai da cozinha e desaparece por entre os corredores da casa. Assim que tenho a completa certeza que estou sozinha, deixo um longo suspiro escapar e olho para a garrafa de água em minhas mãos.

"preciso arrumar minhas coisas"

Me levanto deixando o livro e a garrafa d'água encima da bancada e indo em direção ao porta chaves, pegando a chave da Ford Ranger de Carson e passando pela porta da garagem indo até o carro.

Eu já havia conversado com ele sobre isso na noite passada, eu aceitei trabalhar lá com duas condições. Primeira, trabalharia na enfermaria do QG e não servindo em confronto frente a frente. Segundo, um quarto e um banheiro apenas para mim.

Ele aceitou mas também com uma condição, que eu não me envolvesse com qualquer pessoa ou ser vivente daquele lugar. Dizendo ele que criar laços com pessoas que podem morrer a qualquer segundo pode prejudicar meu desempenho mas eu senti um leve tom de mentira em sua voz e sabia exatamente o por quê daquilo.

Ele conheceu Angel Morton em uma missão com outro esquadrão e se apaixonou completamente por ela. Resumindo a história, eles se casaram e então eu vim ao mundo. Cinco anos depois eles foram para uma missão e só ele voltou.

Estava tão perdida em meus pensamentos que só quando um carro buzina atrás do meu veículo é que eu percebo que o sinal já havia aberto, então continuo trajeto até a farmácia mais perto.

Desço do carro e o travo.

Entro na farmácia e pego uma cestinha de compras e começo a me mover por entre as prateleiras do estabelecimento, indo por sessões de higiene até medicamentos.

-olá boa tarde, será que você poderia me ver escitalopram, triazolam e ibuprofeno?- pergunto para a moça da parte de medicamentos.

-a receita dos medicamentos está com você?- a moça começa a mexer em algo no computador encima do balcão que separava os clientes dos funcionários.

-sim, estou com ela- mexo no meu bolso a procura da receita e quando encontro entrego para a mulher -aqui.

A mulher olha a receita com atenção e logo depois me devolve e eu guardo no bolso novamente. ela vira de costas para mim e de frente para a parede de prateleiras com inúmeros remédios e a vejo pegar os medicamentos que lhe pedi. Ela coloca tudo no balcão e eu coloco tudo na minha cestinha que tinha algumas coisas de primeiros socorros.

-mais alguma coisa?

-não vou querer mais nada, muito obrigado- ela acena com a cabeça e sorri.

Pego tudo e vou até o caixa, pagando minhas compras e colocando tudo no banco do passageiro do veículo entrando nele e dando partida.

Sinto um arrepio subir pela minha espinha e a sensação de estar sendo vigiada me consome novamente, olho para os lados pela visão periférica não vendo ninguém ao redor do estacionamento então apenas continuo viagem.

•••

"01:23", olho para o relógio na minha mesa cabeceira ao lado da minha cama e depois olho para ao lado da cama vendo duas malas em pé.

Coloco as mãos na cintura e sorrio, pegando as duas malas e descendo as escadas com elas vendo meu pai na sala enquanto tomava café. Assim que ele me vê olha para o relógio em seu pulso e novamente para mim.

-pegou tudo?- ele se levanta e desliga a tv pegando as duas malas e pondo uma sobre o ombro.

-só falta uma bolsa de mão- aponto com a cabeça para a escada enquanto vejo ele apenas acenar para mim.

Subo as escadas correndo e entro no meu quarto novamente vendo a bolsa e um bilhete ao lado dela, pego a bolsa e coloco sobre os ombros e olho intrigada para o bilhete.

"Você não deveria ter feito isso que fez"

As palavras pareciam meio confusas parecendo que não tinham sido escritas na minha língua nativa, acho que isso veio de um tradutor digital.

Viro o bilhete vendo uma faca com um detalhe de cobra em seu cabo estampado na outra face do bilhete. Guardo o bilhete dentro da bolsa de forma rápida quando escuto a voz do meu pai soar no andar de baixo.

Sinto um vento frio invadir meu quarto e percebo que a janela do meu quarto estava aberta, mesmo tendo certeza que ela estava trancada a segundos atrás. Ando até ela e olho para fora vendo um carro preto dar partida de frente á casa ao lado.

••••••••••

Uma coisa bem simples pro capítulo piloto então mil perdões pelos erros ortográficos, vou revisar os capítulos de dois em dois.

Por favor deixem as críticas construtivas nos comentários.

Até logo!



Another Life - GhostOnde histórias criam vida. Descubra agora