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JULLY EVERD

Escola Ruiz Fuerte.

── Pode sair do meu caminho, por favor? ─ imploro, a voz trêmula de um misto de nervosismo e determinação.

Seu sorriso é tão inaudível que só consigo perceber através das suas expressões faciais, um desafio disfarçado de indiferença.

── E se eu não quiser? ─ ele responde, desafiador, com um brilho provocador nos olhos.

── Que isso, cara? Mexendo com mulheres indefesas? ─ vejo Dylan, um de seus melhores amigos, se aproximar, mas sua intervenção parece mais para manter a aparência do que realmente ajudar.

── Fica na sua. Ela tá muito respondona ─ Ayron retruca, sem se importar com a presença de Dylan ou com as palavras que saem da sua boca.

Encolho os braços sobre minha barriga, segurando os livros que estão entre eles. Minhas pernas tremem, mas não de fraqueza — é medo. Um medo que se transforma em uma pequena chama de revolta dentro de mim.

Ayron é o garoto mais famoso da escola, o capitão do time de basquete e do futebol. Todos conhecem sua fama, enquanto eu sou apenas mais uma das dezenas de garotas que ele atormenta todas as manhãs.

Seus olhos são escuros como o universo, profundos e enigmáticos; sua pele é branca como argila e seus lábios carnudos, vermelhos como sangue. Ele tem uma presença que faz meu estômago revirar — e não é apenas pela atração. Sua altura me faz parecer um pedaço insignificante; mesmo na ponta dos dedos, não consigo alcançar seu rosto — nem mesmo seu pescoço.

Garotas matariam para ter ele como "o seu homem", mas nenhuma delas conhece o escroto e imbecil que ele realmente é. Além disso, ele tem uma irmã que lhe coloca medo — uma das minhas melhores amigas desde que me mudei para a Flórida. Hoje é o primeiro dia de aula e meu grupo de meninas ainda não chegou, nem mesmo a irmã dele!

── O gato comeu sua língua, gatinha? ─ pergunta Ayron com um sorriso provocador que faz meu sangue ferver.

── Apenas quero passar; pode me deixar passar? ─ digo, tentando manter a calma enquanto meu coração dispara.

Sinto suas mãos puxando meus livros e jogando-os para seu parceiro ao lado, que por sinal ainda é maior que Ayron. Ele levanta os braços em um gesto desafiador, me impedindo de pegar meu caderno.

── Me devolve! Me devolve! ─ grito, dando alguns pulos em vão, a frustração crescendo dentro de mim.

Minha única solução seria chutar suas bolas — uma técnica que usei desde a 5ª série para me livrar desses marmanjos. Então olho fundo em seus olhos escuros e noto um sorriso pervertido nos lábios dele. É como se ele estivesse se divertindo com minha angústia.

De repente, uma ideia surge na minha mente: talvez eu possa usar essa situação a meu favor. Com um movimento rápido e decidido, decido agir antes que ele possa me provocar ainda mais. Se ele quer brincar de gato e rato, então eu serei a gata que não vai se deixar pegar tão facilmente.

Como resposta às suas provocações, chuto suas bolas com toda a força que consigo. Ele se abaixa de dor, e meu caderno escorrega de suas mãos, caindo no chão.

── Te disse para me entregar meu caderno, palhaço! ─ grito, pegando-o rapidamente enquanto metade da escola gargalha com a cena que acabei de causar.

Os olhares estão todos voltados para nós, e posso sentir os olhos de Ayron queimando em mim, cheios de raiva e surpresa. Mas não me deixo abalar; sigo andando normalmente pelo corredor em direção à minha sala, o coração acelerado, mas a adrenalina me dando aquela sensação de vitória.

DEVIL BOY¹⁸ (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora