c a p í t u l o 5 - l o u c o ☠︎︎

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14 de Julho em Seattle

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14 de Julho em Seattle

Henry

Subi no jipe no estacionamento do aeroporto. Inalei profundamente e levei as mãos à cabeça, jogando os fios impertinentes para trás.

Um riso amargo escapou e eu bati a cabeça no encosto do banco, encarando adiante algumas pessoas correrem apressadas até seus respectivos carros, bastante aliviado em ter deixado o meu ali.

A melhor coisa a se fazer e a mais sensata, era dar o fora o mais rápido. Estava eletrizado; meu corpo formigando.

Talvez eu devesse voltar lá, obrigá-la a entrar no meu carro só pra desfrutar um pouco mais dela, e da sensação que trouxera. De um instante para outro, eu saí do alvoroço da minha cabeça quando sua atenção estava em mim, parei de ouvir os zumbidos quando inalei aquele cheiro tentador.

Como era possível?

Deixei escapar um sorriso de lado e olhei no espelho; olheiras profundas como bolsas desenhavam embaixo dos meus olhos. As pupilas estavam dilatadas devido a adrenalina e falta de sono. Eu precisava descarregar. Isaque saiu de si mais rápido do que esperava e eu não podia ficar em Mato Grosso.

Nem toda conversa que tive com ele aplacou a minha sede. Eu não estava satisfeito. Não foi suficiente.

Peguei o celular, xingando interiormente ao ver que a bateria tinha morrido. Porra! Joguei no banco.

Fechei os olhos e inspirei, amaldiçoando quando o cheiro de pêssego invadiu meus sentidos. Os olhos assustados passaram pela minha cabeça.

Meus dedos faltaram esmagar o volante. A sua maneira descontraída de conversar, o modo como meu corpo foi aquietando e eu já não respirava com força, estava calmo como em dias não me encontrava.

Everest... — seu nome escorregou e eu travei o maxilar. — E se eu voltasse lá e a trouxesse comigo? — Me perguntei.

Então abri a porta, disposto a realizar, mas a dúvida permeou minha cabeça e eu suspirei batendo a porta do carro de uma vez antes que fizesse algo que me colocasse em evidência. Era tentador, no entanto.

Virei a chave e sai dali.

Maldito desgraçado, era o que eu era. Encurralei a garota, fazendo aquele sentimento vir aos seus olhos, o sentimento que eu reconhecia bem. Via isso periodicamente; o medo surgindo nos olhos das pessoas, principalmente quando elas estavam nas minhas mãos e sabiam que não tinham como escapar. Eu gostava de esmagá-los.

Mas ela pareceu mais um filhote de raposa. Dei risada. Sim, era isso! Um filhotinho acuado.

Diariamente eu os via na fazenda. Libertava-os das armadilhas que os peões colocavam. Eles tinham olhos esbugalhados e inocentes. Os adultos eram ariscos, por vezes perigosos quando estavam com raiva. Era instinto, eu aprendi depois de anos. Eles precisavam caçar para comer e só estavam atrás daquilo que saciaria sua fome. As galinhas da fazenda estavam na sua dieta e elas eram fracas.

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