Prólogo

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Giselle não recebeu esse nome ao nascer.

Quando criança, ela tinha uma inexplicável admiração por figuras rebeldes. Em segredo, tinha um grande deslumbre pelas temidas bruxas que colocavam sua autenticidade acima do certo e do errado. Também maravilhava-se com os cavaleiros que desafiavam seus senhores em nome de nobres ideais, mesmo que fossem punidos por isso. A ideia de ser algo a mais que a filha de uma camponesa que seria mãe e avó de outros tantos iguais a ela era inspiradora, o que quer dizer que, assim como todas as perigosas ideias inspiradoras, sua esperança foi ceifada antes que se torna-se mais do que isso.

Seu antigo nome não importa, mas o significado é digno de nota, afinal nunca antes houvera alguém chamado "aquele que deve morrer". Cortesia de seu pai, um tolo que desprezava o poder dos nomes sobre o destino dos que o carregam. A sina quase se concretizou nos períodos de longas estiagem, onde nem as vacas leiteiras de sua fazendo tinham o que comer. Entretanto, sempre que estava perto o suficiente para ansiar pelo fim, algo a tirava de lá. Às vezes encontrava moedas perdidas em meio as folhas enquanto procurava cogumelos e frutas, em outras uma galinha fugitiva se sentia segura dentro de sua fazenda. Algo estava sempre ao seu redor, pode chamar de magia, destino ou espíritos guardiões, mas era inegável que estava lá.

Até que não estava mais.

GiselleOnde histórias criam vida. Descubra agora