Cúmplices de alma

09

Sarah;

Todo mundo fala que dinheiro não é tudo na vida, que o amor é a única coisa que importa. Desafio essas pessoas a falarem isso para uma família de sete pessoas vivendo na maior miséria.

Eu não me lembro muito da minha mãe, mas eu sei que ela era uma pobre coitada, igual ao meu pai, uma serva dos senhores de Derivamark, que ganhavam uma miséria. Morreu quando eu tinha cinco anos de uma doença que atacava a região em que eu morava. Para falar a verdade, eu até suspeitaria que ela tinha fugido com um velho rico, mas ela estava enterrada no quintal da minha casa, se é que eu pudesse chamar aquilo de casa.

Eu era a mais nova de quatro irmãos, dois meninos e duas meninas. A minha irmã mais velha, Amélia, casou com um velho rico de outra vila, essa daí sempre foi experta, a mais inteligente de todos nós, ela caiu na primeira oportunidade. Os meus irmãos Dominique e Alexandre, os mais lindos da família, foram trabalhar como escudeiros de um lorde bem rico, eles não sabiam nem segurar uma espada direito, em alguma coisa eles deviam ser bons. Minha irmã Selina, a do meio, bom, essa daí sumiu no mundo, sem deixar rastros.

E restou somente eu.

Meu pai até tentou dar uma vida digna para a gente, eu sei que ele tentou, mas ele nunca conseguiria. Enquanto ele lutava para ganhar míseros quatro pães e algumas moedas, a família real expanjava dinheiro, riqueza e poder. O lucro deles é a fome do povo.

Meu pai ficou doente, muito doente, eu tinha que arranjar um bom curandeiro para lidar com ele, mas o meu trabalho nas casas dos lordes mal dava para comprar oque comer, foi aí que apareceu o Meistre Leri, eu estava fazendo um pico no castelo, era o noivado de Baela com a princesa Helaene, o meu dever era servir a família real e lavar as louças na cozinha.

Mais tarde, quando eu estava quase saindo do castelo com as minhas míseras moedas e as comidas que eu tinha roubado, quando ninguém percebia, o velhote me parou dizendo que tinha uma proposta para mim, ele falou que eu iria mudar de vida, ganhar dinheiro, e ele iria até me ajudar com a situação do meu pai. Ele era o melhor curandeiro de Derivamark, ele me ofereceu dinheiro, uma quantia muito grande, nunca tinha visto tanto dinheiro na minha vida, com um pai doente e a fome batendo na porta, qualquer um com o mínimo de inteligência iria aceitar, menos uma pessoa com caráter, mas eu não era uma pessoa com caráter, eu era uma pessoa com um pai doente e com fome de dinheiro.

— É simples, seduza a princesa e faça ela se apaixonar. Ele sussurrou para mim, me entregando um papel.— Aqui está uma lista dos horários de quando ela está sozinha.

Olhei para ele de cima a baixo, nunca tinha feito nada desse tipo, e conforme a fé dos sete, fazer essas antes do casamento era uma maluquice e uma coisa totalmente fora do padrão.

Baela poderia me matar por justa causa.

— Não se preocupe, ela se encontra com uma moça..... Da vida, toda terça-feira.

— Só depois que você cuidar do meu pai. Disse com convicção. — Eu faço isso.

— Caso você tente me passar para trás, eu terei que fazer você pagar um preso muito caro. Ele deu um sorriso bizarro.

Ele me ameaçou, bom, ele tentou pelo menos, um velhote de 1,50 de altura com uma roupa marrom parecendo um animal da floresta. Eu só consegui rir como resposta.

Depois disso, o velhote cuidou do meu pai e eu comecei minha caça a Baela Targaryen.

Foi fácil, bem fácil.

O que os deuses não me abençoaram com comida, eles me abençoaram com um corpo magnífico.

Decotes maiores e roupas mais justas, tudo o que uma mulher precisa para conseguir o que quer, e não demorou muito para a princesa vir atrás de mim.

O casamento arranjado que a avó dela arranjou só ajudou mais ainda no plano de sedução.

Ela vivia infeliz, Baela não foi feita para ficar em um relacionamento fechado, ela era um dragão, um dragão não gostava de correntes.

A gravidez da princesa Helaene não fez Baela mudar de ideia, ela passou a se encontrar mais e mais comigo, os boatos começaram a surgir e o mestre Leri não poderia ficar mais alegre.

O velhote é louco, ou só amou demais, ele tinha um "esposo" amigo íntimo, Leri amava ele mais que tudo no mundo, eles viviam uma vida feliz, até onde eu sei eles eram como almas gêmeas, os dois se complementaram pela vida toda, um amor puro, puro e lindo, os dois se juntaram na adolescência, Leri saiu da casa dos pais e foi conhecer o mundo ao lado do seu grande amor, e teve a má sorte de cair justamente na terra dos dragões, quando ele chegou ele virou curandeiro do castelo, o seu homem virou meio que um ajudante do exército, eles viveram quarenta anos juntos, mas em um dia de treinamento do pai de Baela com ela o companheiro de Meistre Leri foi queimado e não resistiu aos ferimentos, uma vida juntas de quarenta anos foi interrompida por um simples treinamento idiota.

Tudo por culpa da coroa.

A coroa deve ser extinta;

A coroa deve morrer!