Capítulo 163: Extra 14

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He Jiaojiao não conseguia mais se atrever a dormir naquela cama de cimento.

Não era nem mesmo uma cama de cimento, mais parecia um caixão, aprisionando inúmeras almas inquietas.

Ela estendeu uma roupa de cama simples no chão e, ao adormecer, seu ombro doeu pela dureza.

He Jiaojiao ficou lá por um longo tempo e eventualmente adormeceu.

Em seu sonho, havia muitas crianças, com cordões umbilicais ainda presos, como uvas penduradas em uma árvore. Essas crianças se pressionavam, subindo por suas pernas, cada uma como um pequeno monstro.

Ela sentiu como se não conseguisse respirar, então acordou subitamente.

A luz ainda estava acesa no quarto, o tempo parecia congelado, nada havia mudado.

Então, ela ouviu um gemido baixo e um som como dentes batendo juntos, como se alguém estivesse congelando ao extremo e fazendo esse barulho.

Em um ambiente assim, esse tipo de som era extremamente arrepiante.

He Jiaojiao foi despertada por esse som.

Ela se sentou e determinou que o som vinha de Qi Kexin.

Naquele momento, os olhos da jovem estavam cerrados, suas sobrancelhas franzidas como se estivesse em um pesadelo.

Tan Li também foi despertada.

Ela virou a cabeça naquela direção.

He Jiaojiao ficou um pouco surpresa. "O que há de errado com ela?"

Tan Li bocejou. "Febre, eu acho. Desde o último aborto, ela tem tido febres altas dia sim, dia não, às vezes desmaiando diretamente."

A higiene aqui era terrível. Eles só podiam tomar banho uma vez por semana no máximo. Cada pessoa tinha apenas duas ou três mudas de roupa íntima. Os homens não forneciam produtos de higiene; um pouco de papel higiênico era tudo o que recebiam.

Após o aborto, Qi Kexin provavelmente foi infectada de alguma forma.

Às vezes, o homem lhe dava alguns antibióticos, mas uma vez que a medicação acabava, ela ficava entregue à própria sorte com a febre.

Desde então, sua condição oscilava.

Quando se sentia melhor, conseguia andar normalmente, embora ainda estivesse fraca. Mas quando se sentia pior, tinha febres altas por dias a fio.

Reunindo coragem, He Jiaojiao foi até Qi Kexin e a tocou. Ela percebeu que a testa dela estava queimando, sua tez pálida. Ela já estava quase só pele e ossos; vê-la assim a tornava ainda mais aterrorizante.

Tremendo, He Jiaojiao perguntou: "O que devemos fazer? Aquele homem não cuida dela?"

Tan Li virou-se. "Cuidar? Como? Você espera que eles a levem para o hospital? Eles nem ligariam se ela morresse. No máximo, haveria mais um corpo naquele buraco." Então ela fechou os olhos, se preparando para dormir novamente.

Depois de um momento, Tan Li se lembrou de algo e se virou novamente, dizendo: "Ela não foi pedir remédio para aquele cara? Ele não deu nada a ela?"

"Remédio?" He Jiaojiao pensou por um momento. Naquele momento, Qi Kexin havia recebido um pequeno pacote do homem.

Não muito tempo atrás, ela havia desprezado profundamente Qi Kexin, até querendo matá-la. Mas agora, vendo-a deitada fracamente em um monte de algodão, à beira da morte, ela sentiu um pouco de compaixão.

He Jiaojiao sabia que não era uma santa, mas ao ver uma pessoa viva morrendo à sua frente, ela não podia simplesmente ficar parada.

Ela se levantou e procurou ao redor. Ao lado da cama de Qi Kexin, encontrou o pacote. Dentro estavam remédios para baixar a febre e anti-inflamatórios. Ela não tinha certeza se eram adequados.

NOTAS DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL [BL]Onde histórias criam vida. Descubra agora