Capítulo 11: All'arme

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Alessio, 19 de maio de 1749

Estamos presos.
Acorrentados como animais selvagens.

A raiva me corrói por minha situação atual. Estamos todos aqui, presos, amarrados à corda e à corrente pelos soldados daquela mulher. ARGH! Que ódio de estar assim!
Repudio-me quando estou impotente, não posso fazer nada, sequer mover-me de maneira decente.

Paro de me debater por um minuto. Tento canalizar minha raiva, suspirando. Tudo aqui me confunde de certa forma. Estamos talvez em um porão, talvez em uma sala, eu não faço ideia. Só consigo entender que estamos em um local espaçoso, a luz razoável, um homem armado em cada canto da forma pentagonal do recinto. Há duas escadarias à minha frente, que suponho ser as entradas.
Tenho um sobressalto quando vejo a carga posicionada entre essas escadas, e dou um suspiro aliviado quando percebo que a fechadura não foi violada. Não sei o que Jacke me faria se não conseguíssemos entregar isso.

Tento mover os braços, e lembro-me da corrente que prende meus pulsos ao chão. Uma corda amarra meus pés.
Esbravejo em voz baixa, e olho para meus companheiros.

Vejo medo.
Raiva.
Desgosto.

Duas mulheres choram, apoiando-se em um abraço sem mãos. Estão igualmente amarradas.
O homem mais velho de nós, talvez tenha lá uns quatro anos a mais na idade, permanece com uma expressão neutra, mas viajada, divaga. Os olhos escuros, as pupilas dilatadas em uma fúria contida.

Entendo-o perfeitamente.

Biron também está amarrado, à uma distância relativa de mim. Procuro por sua arma, e não acho. O mesmo acontece com meu canhãozinho, e com qualquer vestígio de arma.

Entro em um interno ataque de pânico, que já não demorava à apontar. Eu realmente rezo pra que não tenham dado fim à nossas armas. Não me entenda mal, não é por ego, mas projeta-las foi um sofrimento, um trabalho incessante e árduo e eu não gostaria de perder tudo. Principalmente o canhão... Acho que da pra saber por quê.

- Oi amigo... - fala Biron, um sorriso triste e cansado em seu rosto;
- opa...;

O silêncio era desconcertante, melancólico. Ouve-se apenas o choro silencioso das mulheres, os grunhidos frustados dos homens.

- Não sei como conseguiram me amarrar rsrs - comentou meu amigo, rindo fraco, tentando suavizar o pesar no ar a nossa volta - digamos que o braço mecânico dificulta as coisas... Até pra mim... Droga.

As memórias da luta recente vem à minha cabeça. Lembro-me de lutar, atirar contra aqueles homens, sem entender por quê eles estavam ali. Nos atacaram de surpresa, sem qualquer motivo. Qualquer um pensaria que fossem rebeldes. Não tinha como não ser.

Desesperei-me ainda mais quando vi aquela mulher. Milady. Só podia ser ela.

Mas era simpática demais pra isso. Talvez Milady não conheça Lana. E ela conhecia.

Talvez não seje ela. Mas por que nos atacar? Nós estávamos apenas levando uma carga! Se queriam saber, poderiam ter nos abordado e apenas perguntado.

Deixo meus pensamentos me levarem, me afundo no que antes era raiva, agora é "não poder fazer nada"...
Queria saber o nome disso...

Me preocupo com Lana. Ela foi levada pela mulher, e parecia assustada, sem saber o que fazer. Meu instinto, ao pensar que fosse Milady, foi matá-la ali. Eu entrei em desespero.
E depois... Ela disse que eu não devia ter feito isso, e ordenou que os homens nos levassem.

O sentimento foi como se levasse um soco.
Arregalo os olhos, e reconheço.
Foi culpa minha.
Do meu desespero.

Se eu não tivesse feito aquilo, talvez não estivéssemos aqui...

Amor em Navênia! (Honor of Kings)Onde histórias criam vida. Descubra agora