Capítulo 28

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°• NARRADORA •°

O Sol despontava no horizonte, pintando o céu em tons dourados e azuis.

O dia raiava bonito em alto mar.Dentro da cabine, as duas crianças e a mãe dormiam tranquilas, mesmo em meio ao movimento preguiçoso do navio. A mãe, mesmo aflita, havia conseguido encontrar o sono, e a serenidade reinava naquele espaço flutuante. 

Fora da cabine, a movimentação dos tripulantes era evidente, e o General, desperto em sua área adjacente, coordenava os trabalhos necessários naquela manhã marítima guiado pela luz do dia que revelava mapas estratégicos e mensagens cifradas espalhadas pela mesa.Ele estudava cada detalhe, ciente da responsabilidade que carregava sobre seus ombros. O General estendia o semblante cansado e vermelho, não havia dormido durante dias. 

As vidas a bordo fluíam como uma dança coordenada...Era uma manhã serena,a calmaria contrastava com o som das gaivotas ,o balançar suave do navio e o murmúrio distante das ondas. Pacífico...

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Um tempo depois, a luz do sol começou a dançar nas janelas da cabine lateral, e um raio mais intenso alcançou o rosto de uma das crianças. Era o menino, despertando de seu sono.Encantado pela promessa do que se desenrolava ao lado de fora,determinado, decidiu explorar o desconhecido.Com muito esforço e cuidado para não acordar a mãe e a irmã, o menino, sagaz e ágil, alcançou a maçaneta da porta com as pontas dos dedos pequeninos e a abriu em um movimento silencioso. Do lado de fora, vestindo suas roupas brancas de dormir, ele caminhou descalço sobre o convés rangido do navio, sentindo a brisa marinha acariciar-lhe o rosto.

A atmosfera estava carregada de uma tranquilidade que só o oceano podia oferecer. As ondas suaves batiam contra o casco do navio, criando uma melodia que embalava a curiosidade do garoto. Ele contemplava o vasto horizonte, onde o Sol havia se elevado.

  - SILAS STARKOV -

É tão bonito!.

Estou em um navio com meus irmãos e a minha mamãe. Sempre imaginei como poderia ser e agora estou conseguindo ver de perto,ter essa sensação,é bem diferente das páginas dos livros que a tia Zolan e a mamãe me contavam. 

Não era como brincar de capitão com Kate no riacho perto do casarão...

Sinto falta de casa... Não culpo a mamãe, ela nos proteje e nos ama como ninguém mais poderia amar neste mundo inteirinho. Acho que estou bravo comigo mesmo, mamãe disse a mim que ser Grisha era uma responsabilidade e uma dádiva única mas isso me é tão inútil! Não pude protegê-las, se o fizesse ainda estariamos em casa, em nosso lar feliz.

E a mamãe não se sentiria tão mal, sinto-me como um peso que fere sua consciência e causa cansaço. Ela desistiria de nós quando não conseguisse mais continuar?.

'Porque sinto essa dor no peito?.' - Isso é ruim, me faz lembrar do dia em que Mama nos contou a verdade. Meus pais nos abandoram... - ' Havia algo de errado na gente? Se não nos queriam, porque existiamos? Eles nos odiavam?.'

Ouço o som das gaivotas. São tantas, para onde vão? Como sabiam a direção correta?.

Caminho mais a frente, ficando longe da porta de nossa cabine, sustento minhas nãos acima da lateral do navio... Mis um pouquinho!.

Eu vou subir... Consegui!.

Sustento meu corpo apoiando-me na madeira, olho para baixo e vejo o azul da água e... Sou eu! Consigo me ver.

Além das Sombras e EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora