Capítulo 34

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- ALINA STARKOV -

Aquele beijo ainda queimava em meus lábios.

Não conseguia discernir entre a verdade e a mentira, entre o desejo de desvendar os segredos que ele guardava e a necessidade de me proteger da dor que poderia encontrar com ele.

O beijo deixou uma marca indelével em mim.

Eu poderia chutá-lo, afastá-lo, jogar aquele homem em alto mar... O toque, o carinho, o beijo...

Os olhos tão espelhados em seu passado me faziam enxergar um lado dele que questionava a minha parte racional, perguntando-se: 'Eu estaria cega?'

'Abrir os olhos... ' — Aquelas palavras ecoaram em minha mente, como um desafio lançado ao meu próprio senso de realidade. Por um momento, considerei simplesmente ignorá-lo. Parecia maçante demais quando as memórias revisitavam, mas vendo-o ali, estendendo-se a mim com uma sinceridade... Jamais vista.

' Não o deixe manipulá-la.' — A voz da dúvida sussurrava em minha mente. Poderia ser isso? Manipulação? Talvez sim ou... Talvez não. Não importa!

Inocente e ingênua?

Abrir os olhos?

Ele estava ficando louco? E talvez queira deixar-me também...

Verdades.

Mentiras.

Ele não tinha intenção de criar a Dobra?

Badgra poderia ter mentido para mim aquela noite?

Aleksander tinha suas razões? Por mais questionáveis que fossem, mas tinha?

'Mudaria alguma coisa?' — Eu assistia o homem que revirava minha cabeça agora mais do que nunca, sair impune de minhas palavras, eu não tinha estruturas para falar algo, concluir algo... Compreender isso.

'Trilhar minha própria verdade... ' — Existe verdade?

Se existe, eu poderei encontrá-la?

Quero encontrá-la?

'O passado definirá o meu futuro apenas se eu permitir.' — Reconheço meu valor, reconheço meu povo e reconheço minhas prioridades. — 'Não espere por circunstâncias ideais. Comece agora a criá-las.' — Ravka. Cada vez mais próximos.

Estava começando a me familiarizar com toda essa água...

°•NARRADORA•°

Semanas passaram-se:

O vento gélido cortava as terras litorâneas de Arkesk trazendo consigo uma sensação de frio que penetrava os ossos quando o navio finalmente atracou, anunciando a chegada de Alina, Aleksander e sua tripulação a Ravka. Assim que a ancora foi jogada as marés, Alina e Aleksander foram os primeiros a desembarcar nas terras Ravkanas.

Alina segurava firmemente a mão das crianças, Silas e Kate, enquanto desciam do navio.

Após dias de espera ansiosa, finalmente o navio comandado por Aleksander chegou ao porto. Havia um acampamento armado por tendas escuras, realizado pelos soldados que estavam aguardando há dias o retorno do navio. Tudo conforme Aleksander planejou, poderiam ter ocorrido atrasos, mas nada fora do esperado.

O soldado do acampamento avançou em direção a Aleksander, pronto para cumprimentar seu líder. No entanto, sua expressão de surpresa foi evidente quando seus olhos encontraram Alina ao lado de Aleksander. As crianças, Silas e Kate, se esconderam timidamente atrás da mãe, observando o soldado com curiosidade e um pouco de receio.

Além das Sombras e EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora