Capítulo 35

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- ALEKSANDER MOROZOVA -

"Estamos prontos, general." — Fedyor informou, mantendo sua postura firme e atenta.

 "Partiremos imediatamente. Fedyor e Ivan ficaram próximos de nossa carruagem. Os demais soldados se dividirão em grupos, revezando-se ao longo do trajeto." — Dei as instruções. — "Evitem qualquer confronto desnecessário. Nosso principal objetivo é chegar ao acampamento em segurança."

 Os soldados, disciplinados e eficientes, organizaram-se rapidamente, cada um assumindo sua posição designada. Confiei o comando da missão a Ivan, enquanto eu me dirigia à carruagem para acompanhar Alina e as crianças. Ao me aproximar, acenei aos soldados responsáveis pela segurança do transporte. Eles se afastaram prontamente, abrindo caminho para que eu pudesse entrar e me juntar a Alina.

 Ao adentrar a carruagem, meu olhar foi imediatamente capturado pelas crianças. Silas e Kate estavam lado a lado, adormecidos e cuidadosamente envoltos em mantos para se protegerem do frio. Desviando meu olhar, localizei Alina no assento oposto. Ela estava sentada um pouco afastada da porta, claramente desperta e perdida em seus próprios pensamentos. Com cuidado, sentei-me ao seu lado, preparado para qualquer reação dela, mesmo que fosse um simples resmungo de desagrado.

 "Como você está?" — Minha voz saiu suave e carregada de preocupação. Desde nossa última conversa no navio, há dias atrás, um silêncio doloroso e perturbador se estabelecera entre nós. Alina não havia compartilhado seus sentimentos ou emoções, mantendo-se reclusa em seu mundo interior.

 Tristeza.

 Magoa. 

 Raiva.

 Ressentimento.

 Eu não conseguia distinguir suas emoções e confesso, isso me deixa nervoso. Cada segundo parecia prolongar a nossa distância. Eu ansiava por uma troca de palavras que pudesse evitar que eu dissipasse em minhas sombras.

 No entanto, enquanto Alina permanecia em silêncio, meu próprio coração se encolhia. Eu a amava mais do que jamais poderia expressar, e vê-la assim, distante e inacessível, era uma tortura que eu não sabia como lidar. Alina soltou um suspiro trêmulo, quebrando o silêncio que se estendia entre nós.

 "Estou bem..." — Sua voz estava fraca e distante, como se as palavras estivessem sendo arrancadas de sua alma. 

 Encarei-a, estava olhando para a janela e pelo reflexo do vidro vi seu olhar. Está pálida. Seus olhos, opacos e distantes, pareciam perdidos em pensamentos sombrios, fixos em algum ponto invisível na imagem exterior. Meus sentidos logo se apuraram até ela, sua respiração está pesada. Senti o peso da responsabilidade e do medo, pois algo estava claramente errado com Alina. Sua respiração estava pesada, seu corpo tenso e retraído. 

 "Alina?" — Chamei-a, não trouxe nenhum efeito ao seu torpor. Ela murmurava e, para meu ouvido, era inaudível. Era evidente que ela não estava bem, e isso só aumentava minha preocupação... É arriscado demais, considerando especialmente a situação delicada em que ela se encontrava. Respirei fundo, tentando manter a calma e raciocinar com clareza. Sabia que precisava agir rápido para garantir a segurança dela e do bebê que carrega.

 'Curandeiros... ' — Porra. Não temos um aqui, julguei não ser necessário e que... Maldição!

 Avanço até a porta da carruagem, abrindo-a.

 " Ivan!" — Chamei com urgência e exasperação. 

 "Sim, general." — Ivan prontamente se aproximou, deixando seu posto de guarda na parte traseira da carruagem.

Além das Sombras e EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora