Olímpia
Comecei a questinar o nosso destino quando entramos no jatinho particular de Cal. Tive a sensação que se eu perguntasse a respeito ele diria "é uma surpresa" e me deixaria no escuro quanto a isso. Então,me deixei ser levada pela viagem.
— Vai demorar um pouco, não quer dormir?
— Vai demorar tanto assim? — Estamos indo para o outro lado do mundo por acaso?
Repousei minha cabeça no travesseiro depois de reclinar a poltrona. Cal também se ajustou para dormir enquanto o avião planava pelo céu em direção ao nosso destino.
Quando eu acordei já tínhamos chegado e Cal estava conversando com o piloto, ajustando a nossa partida para amanhã a noite.
Pela janela não consigo ver nada além de uma pista de pouso. Onde estamos? Retiro o cinto e me levanto. Estou ansiosa para saber onde Cal nos trouxe. Não estamos nos Estados Unidos, disso eu tenho certeza.
— Bom dia. — Estou faminta.
— Um carro está vindo nos buscar. Está com fome? — Ele leu meus pensamentos. — Tem biscoitos e amendoins lá trás.
Me contentei com um pacote extra grande de amendoins. O carro chegou para nos transportar e na medida que o entramos na cidade eu consegui matar a charada.
Estamos em Santorini, na Grécia. O mar se estende após milhares de casas brancas como as nuvens, com tetos azuis ciano. Sinto o sorriso se abrir em meus lábios, estampando meu rosto com felicidade. Me viro para Cal.
— Estamos na Grécia!
— Você queria relaxar, não queria? — Ele me lança uma piscadela e meu coração derrete com tanto charme.
Cal nos reservou uma casa, nosso tempo de estadia é curto e temos tão poucas roupas. Eu não sabia qual era o nosso destino, então coloquei o básico na mala. Felizmente trouxe um biquíni, então vou poder mergulhar em águas internacionais.
— Uau.
A casa é gigantesca, com um quarto com vista para o mar, uma sala de estar, uma copa repleta de doces e batatas chips, um banheiro maior do que a minha sala de estar, e uma mini cozinha. Cal me puxa pela cintura e me beija, seus lábios me seduzem enquanto suas mãos percorrem possessivamente pelo meu corpo.
— Sexo depois banho?
— Banho depois sexo?
Cal soltou uma risada alta, jogando a cabeça para trás. Me soltei dele, correndo em direção ao banheiro. Se eu deixar, Cal vai me levar pra cama e só vamos deixar os lençóis depois que eu estiver cansada demais para aproveitar a viagem.
— Olimpia! — Ele bate a porta, então tenta abrir a maçaneta.
Mesmo que não possa vê-lo, olho para a porta como se estivesse olhando para o rosto impaciente de Cal.
— Estamos em Santorini, Cal! Vamos aproveitar, depois você pode me virar do avesso se quiser.
Há um toque na porta, mas consigo ouvir o arfar dele, desistindo. Cal sabe que estou certa, e embora ele prefira me ter em seus braços, ele sabe que estamos em um paraíso e ele deve ser aproveitado.{•••}
Cal
O minúsculo biquíni branco esta me tirando do sério. Não estamos em uma praia lotada onde todos reparariam nela, mas tinha que ser tão pequeno? Algo assim deveria ser usado em particular, só para mim.
Olimpia nada até mim, batendo as pernas suavemente dentro do mar. Ela emerge a centímetros de distância de mim, seus cabelos castanhos avermelhados agora possuem um tom sombrio. Ela sorri.
— Vem nadar comigo.
— Estou vigiando.
Suas mãos frias tocam as minhas coxas. Ela se impulsiona para cima, se apoiando em minhas pernas. Olímpia bate os cílios suavemente e o sorriso que era um convite, agora se torna fino, malicioso.
— Quem está vigiando?
— Deve haver muitos tarados interessados em assistir ao seu showzinho. — Olho para as varandas das casas, onde hóspedes batem fotos da paisagem, conversam com os amigos e tomam cerveja artesanal.
— Está com ciúmes. — É uma afirmação, está constando que eu estou com ciúmes dela, e ora, porque não estaria? Essa peça minúscula fará parte de meus pesadelos. — Não entendo o motivo disso, estou esperando bebês seus, você me tem mais do que qualquer um já teve. Não é o suficiente?
— Não. — Volto o olhar para ela. A quero por inteiro, para ser inegavelmente minha. — Não é.
— Então o quê? Como vai fazer isso? Como vai me tornar sua? Vai me pedir em casamento? Vai tatuar seu nome em minha pele? Deixe de ser bobo, não importa que outros olhem para mim, porque meus olhos estarão em você. — Sinceridade, mas sua voz está tão aveludada que meu pau lateja só de imagina-la gemendo em meu ouvido. — Quer mesmo ficar emburrado aí ao invés de vir nadar comigo?
Ela se solta, voltando para a água e nadando de costas. Seus movimentos provocam ondulações na superfície conforme ele se move mais para dentro.
— A água está incrível!
Desço da pequena plataforma direto para a água. Meu corpo quente se choca com a água fria o que me provoca a irritante sensação de estar mergulhando no gelo. As vezes eu esqueço que Olímpia gosta de se banhar em água gelada, então o perfeito para ela é o gelado demais para mim.
Bato as pernas, nadando até ela. As mãos de Olímpia me alcançam, e abre as pernas, envolvendo o seu corpo no meu. Juntos, perto demais para a minha sanidade, boiamos. A cada segundo que se passa o frio vai deixando o meu corpo, ou talvez seja apenas meu sangue fervendo nas veias que esteja me aquecendo.
Olímpia me puxa para ele, seus lábios molhados e escorregadios, com gosto de sal, pressionam os meus. Deslizo minha língua pela dela, provando de seu gosto conforme ela me dá espaço para adentra-la.
Ela tem razão, porque perder o meu tempo ficando irritado por algo que não tenho controle se posso mostrar a qualquer um que ela é minha.
Não há como ser diferente, não quando eu sou inteiramente dela.{•••}
Thomas
Carlos me estende um copo com água. Já faz horas desde que descobrir que serei avô e que infelizmente o pai dos meus netos será ninguém menos do que Cal Cameron. Olímpia merece o melhor, mas nem sempre percebe isso. Pode ser teimosia minha, ou talvez eu só esteja me deixando levar pelo instinto paterno. Mas, não vejo Cal como a melhor opção.
Eu não era a melhor opção para a minha esposa, e veja o que aconteceu.
Não sei como evitar que minha filha se machuque, não quero que ela sofra o que Alberta sofreu em minhas mãos. Eu tentei ser um bom marido e um bom pai, mas depois de me viciar em jogos de azar tudo desandou.
Não sei como Olímpia consegue me perdoar mesmo eu sendo tão difícil. As vezes sou duro demais com ela e esqueço de que ela não é mais aquela menina que precisava de instrução. Minha filha cresceu, e já sabe assumir as consequências de suas escolhas.
Só me preocupa que as consequências de se envolver com Cal seja demais para ela, principalmente agora com a chegadas dos bebês.
Minha nossa, bebês! Ainda por cima são gêmeos para ela cuidar. Não sei se meu coração falho vai aguentar tanta preocupação.
— Por que quis juntar Olimpia e Lucas se ela já está noiva?
— Não acho que Cal seja o melhor para ela.
Carlos balança a cabeça sutilmente, desviando sua atenção para seus próprios dedos. Ele cutuca sua unha, quebrando ela em pequenos pedaços.
— O que faz você pensar que ele não é o bastante para ela? Olímpia me pareceu feliz.
— Eu conheço a história, Carlos. Sei como termina e não quero ver minha menina sofrer.
Carlos estende os olhos, me fitando com seriedade.
— Somos amigo, Tom. Me desculpe pelo que vou dizer, mas Olímpia não é mais uma menina, ela já sabe o que é melhor para ela e sinceramente? Se continuar pensando que seu genro não é o suficiente, você só vai perde-la. — Ele gira o pescoço e olha para a esquerda, em direção a janela. O sol está quente ao meio dia e o céu não tem uma nuvem sequer. — Você vai ser avô agora, essa trivialidade e amargor não deveria importar. Eu sei que se fosse eu, estaria feliz por Lucas poder ser pai. Ele é tão quieto, nunca namorou e já tem vinte e seis anos de idade. Tenho medo que ele fique sozinho, e isso me assusta muito. — Sua atenção volta para mim, ele está mais sério do que nunca. — Não deixe que sua limitações o faça perder a melhor que aconteceu em sua vida. Esse é um conselho de amigo.
Carlos sai, em passos longos e calmos, sem se despedir. Se a ideia dele era me deixar cheio de questionamentos, então conseguiu.
"— O senhor tem que escolher, pai. Ou deixa de lado essa rejeição contra Cal ou não sei como o senhor vai fazer parte da vida dos nossos filhos. Ele é o pai dos meus filhos, pai e eu sou a sua única filha."
Não há escolha, não existe uma opção entre mim e Cal, poderia até haver antes mas agora eles são família. Não importa o que aconteca, não existe um opção em que Cal não faça parte da nossa família. Sendo ou não a melhor opção, a escolha já foi feita, ela decidiu.
Eu só queria poder salva-la, só quero que ela seja feliz. É um crime desejar que sua filha tenha o melhor? Certamente é um crime não deixá-la fazer suas próprias escolhas.
Agora eu entendo, não adianta tentar evitar que ela sofra mais do que já sofreu, porque a escolha sempre será de Olímpia e enquanto ela achar que algo vale apena não importa o quanto eu grite, ela nunca vai me ouvir.
Suspiro e encaro a janela que expõe uma parte do mundo.
Se para poder ver meus netos crescerem, estar perto de minha filha e cuidar dela eu terei que aceitar Cal Cameron como genro, então é o que eu farei.
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Me Perdoa
RomanceOlímpia teve sua vida transformada por uma mentira e tudo o que ela deseja é vingança. Será que a vingança terá um custo alto demais? Ou talvez, nada seja como aparenta ser? By, Ani Melo.