Capítulo 22

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Cal

   Olímpia gargalha alto, explodindo alegria conforme o humor lhe provoca. Aparentemente é hilário cair diante de todo mundo na Torre Eifell. Acho que a queda em si não lhe trouxe tanta animação, mas sim o fato de eu ter derramado meu café e ter me sujado inteira durante a queda.
— Você é cruel, Larson.
— Você se banhou de café em um dos pontos turísticos mais famosos do mundo! Isso é hilário, Cameron!
— Não, é humilhante!
— Tenta pensar em um ponto positivo, isso torna sua viagem marcante e memorável.
— Você tá certa. — Mas ainda é terrivelmente constrangedor. — E você, como foram esses últimos meses?
— Trabalho, mais trabalho, aniversário do meu pai, e mais e mais trabalho. Hanna tentou me enviar para um bordel, consegue imaginar?
— Você foi?
— Eu fui, e olha tinha uns homens muito interessantes, mas estava tão estressada com a construção do hotel que não consegui curtir.
   Inquietação se agitada em meu estômago. Não esperei que ela ficasse sozinha durante todo esse tempo, embora eu tenha ficado. Mas não é por isso que me sinto... enciumado. Eu deixei Olímpia para me curar, para reparar os meus cacos, mas abrir mãos dela foi um erro que estou tentando correr atrás.
— Homens interessantes, é?
— Sim, sabe, peitoral definido, coxas grossas e um olhar safado.
— Olhar safado?! — Minha voz são mais irritada do que eu gostaria. Limpo a garganta, tentando fingir normalidade.
— É, olhar safado, que nem como as vezes você olha para mim.
   Sinto vontade de rir, mas me contenho, mordendo o interior da bochecha.
— Eu tenho um olhar safado? — Pergunto, por curiosidade, porque quero ver o que ela vai dizer. Olímpia sabe ser uma garota maliciosa quando quer e isso me deixa maluco.
   Sua voz é macia,  aveludada como seda, quando ela diz:
— O mais safado de todos.
   Sorriu para ela, um sorriso que pode ou não ser com segundas intenções. Não quero faze-la entender que quero sexo, pois ela deixou claro que quer ir devagar, se reconhecer.
— E você adora.
— É, eu adoro sim. — Olímpia morde o lábio inferior e eu tenho a súbita vontade de desprende-los. — Sua reserva vai até que dia?
— Faço check out no domingo.
— Hum. Acho que consigo tirar folga amanhã. As coisas no hotel estão meio...agitadas. Nós sabiamos que ia ser assim eu só não imaginava que reencontraria você.
— Arruinei seus plano?
   Seus lábios vão para o lado esquerdo conforme emite um "Humm" prolongando. Olímpia me faz pensar que ou ela vai indicar comigo, ou ela vai ser sincera. Ela desliza os olhos para o mar. Agora que o sol já está sobre nós, o valor se faz presente e sinto minha pele começar a arder.
— Não, não arruinou. — Ela escolheu a verdade, então. — Quer sair comigo amanhã?
   Isso foi inesperado. Não imaginei que ela faria um pedido, ou marcaria o próximo encontro. Mas, se eu parar para pensar, é de Olímpia Larson de quem estou falando.
— Pra onde quer me levar? 
   Os olhos dela voltam para mim, cheios de alegria e diversão. O quê? Ela quem fez o convite, espero no mínimo que escolha o lugar em que vamos visitar.
— Tem um parque de diversões perto daqui. Não é nada que Cal Cameron faria mas...
—...eu adoraria, Larson.
   Ela abre um sorriso amplo, mostrando a fileira de dentes brancos. Seus sorriso chega aos olhos, trazendo brilho a eles.
— Ótimo. Estamos combinados então.

{•••}

Olímpia

   Mil borboletas se instalaram em minha barriga quando Cal me deu um beijo na minha bochecha na hora de nós despedir. Eu tinha que me preparar para a minha reunião, o hotel é algo importante para mim e ele me dá um certo trabalho — que faço com  prazer — , mas uma vozinha em minha mente pedia para ficar mais um pouco, para ouvi-lo rir mais uma vez.
   Oito meses não foram o suficiente para acabar ou minimizar o que já sentimos e mesmo que eu estivesse chateada, magoada com os e-mails que pensei que ele mandou, senti falta dele. Abri mão dele e essa foi a decisão mais estúpida, porém necessária, que já fiz.
   Tomei um banho para esfriar a minha pele quente, o sol da Califórnia pode ser intenso, e me troquei, optando por um traje mais sério — vestido azul tubinho de corte reto.
   Hanna e Leo estavam a minha espera no meu escritório. Sorri para eles quando entrei, e pude ver Hanna cerrar os olhos como se dissesse "Eu sei por onde você andou". Cruzei a sala para me sentar na cadeira acolchoada da minha mesa. Cliquei no botão ligar do meu notebook, a tela se acendeu logo depois.
— E então, como foi a nosso primeiro dia no mercado?
— Todos os hóspedes fizeram check in, não houve nenhum cancelamento ou intercorrência. As piscinas estão cheias, as áreas de massagem estão com todos os horários reservados. — Diz Hanna, lendo o relatório em seu iPad.
— Os hóspedes estão compartilhando fotos e vídeos em suas redes sociais, marcando o hotel, o que trouxe um excelente engajamento para a nossa página. Ontem mesmo houveram mais de quatro mil acessos no nosso site.
— Verônica disse que a casa estará lotadas até o Ano Novo. Muitos pacotes foram comprados para a festa de fim de ano.
— Então estamos indo muito bem. — Sinto alívio, ou orgulho, acho que ambas as coisas. — Obrigada, pessoal. Eu não conseguiria sem vocês.
— Nos que temos que agradecer pela oportunidade e confiança, Olímpia. — Diz Leo, sério.
— Ele tem razão. Somos bons porque temos uma boa líder.
  Sinto as bochechas esquentarem.o
— Parem com isso, estão me deixando constrangida!
— Não é a nossa intenção, chefinha. — Diz Leo.
— Então bem, estamos encerrados por aqui. Quero ir na cozinha saber se está tudo em ordem. — E roubar uma ou duas fatias de bolo de morango com creme que é uma das especialidades do nosso chefe.
   Leo se levanta, e encara Hanna com um questionamento palpável.
— Você não vem?
— Não, quero conversar com Olímpia. Pode ir na frente.
— Tudo bem.
   Não tenho mais idade de bancar o cupido, mas se eu pudesse uniria esses dois. Algo me diz que eles já estão percebendo que há algo além de amizade entre eles.
   Hanna esperou Leo sair do meu escritório para poder enfim dizer:
— Eu vi você e Cal Cameron na praia hoje de manhã. Pelo que eu me lembro você estava chateada com o último e-mail que ele mandou.
— Acontece que ele disse que perdeu aquele e-mail, e que não foi ele quem me mandou todas aquelas mensagens.
— E você acreditou?
— Sim, acredito nele. Cal não é do tipo que mente para se sair por cima.
— Olímpia, todo mundo mente.
— Mas eu acho que ele está dizendo a verdade. — Eu realmente sinto isso, é como se minha intuição dissesse que tudo bem acreditar nele.
   Hanna suspira. Ela não é a favor de Cal, não depois de eu contar a ela o porquê de ter deixado ele ir.
— Você diz que eu demoro a superar,mas oito meses não foram o suficiente para você esquecer ele.
— Como eu poderia, Hanna?
   Não dá pra simplesmente esquecer Cal Cameron, não depois de tudo que ele fez por mim ou de eu ter me apaixonado por ele.
— Só tome cuidado com o seu coração, Olímpia.
— Pode deixar, eu vou cuidar.
   Mas não sei dizer até onde isso é verdade. Relacionamentos podem não dar certo e isso se tornar terrível quando vem a separação, mas eu prefiro me aventurar e ter certeza de que ele não é para mim do que nunca ter tentando.
   O amor começa com um salto de fé.

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