Capítulo 25

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Olímpia

   Cal faz carinho em minhas costas, desenhos circulares preguiçosos. Deveríamos ir com calma, deveríamos ter esperado um pouco mais, mas aconteceu como deveria acontecer. Antes a sensação da sua pele na minha, da sua carne contra a minha era só uma lembrança e agora, agora eu me sinto extasiada e dopada com tanta ocitocina.
— Seu pai veio conversar comigo.
   Ah, não. Por favor, não vamos falar dele agora. Meu pai não confia em Cal, e não confia no meu discernimento em acreditar nas pessoas. Sei que ele quer me proteger, mas sinto quebse eu deixar ele vai tomar as decisões por mim.
— Eu sei, ele me contou. — Viro sobre o chão, ficando com a barriga para cima e os seios contra o frio. A atenção de Cal cai em meu busto. — Me desculpe por isso.
— Não precisa se desculpar. Isso é sobre mim e ele. Seu pai não gosta nenhum pouco de mim e eu não faço ideia do porquê.
— Eu tenho alguma ideia. Ele diz que quer me proteger, acho que é coisa de pai. — Ou talvez, ele tenha um motivo real para pensar assim. Eu já namorei antes, e não me lembro dele ser tão inquisitivo assim.
— E agora? O que acontece?
— Como assim?
— Vai aceitar ou não meu pedido de casamento?
   Eu rir, porque só pode ser uma brincadeira. Me viro para ele, colocando a cabeça sobre a mãe e o cotovelo contra o chão. Cal está sério, com os olhos cheios de algo que não sei descrever.
— Nós transamos, mas vamos com calma, senhor apressadinho.
— Eu só sou determinado, porque eu sei o que eu quero. E eu quero você, Olímpia Larson. Não vou desistir até que aceite.
— E se eu disser não?
   Os olhos dele encontram os meus, irredutível e implacável. Cal sempre fora conquistador, quando ele coloca algo na cabeça vai até o final. Respiro fundo, porque não sei o que dizer.
   Se ele pedisse, de verdade, o que eu diria?
   Acho que ainda é muito cedo para ter certeza, não sou tão determinada quanto ele, porque eu me preocupo e tenho que cuidar de mim. Da última vez, deixá-lo não foi nada fácil.
— Você não vai dizer não. Só está com medo, eu entendo. Vou te dar um tempo para tomar uma decisão. — Ele se senta no chão e se estica para pegar a própria cueca.
— Como tem tanta certeza de que vamos ser felizes juntos?
— Como você pode pensar que não? Você não...— O corpo dele vai levemente para trás. — Deixa para lá. Vamos, vou te levar para comer alguma coisa.
   Fiquei com a sensação de que Cal ia me perguntar algo, não sei porque não o fez, mas a sensação de que ele esperava por algo ficou presa em minha mente, atordoando os meus sentidos, porque toda vez que ele olhava para mim, aquela pergunta silenciosa estava lá, em seus olhos. Aquilo me incomodou, porque não posso resolver um problema sem saber que problema é esse. Não tenho como adivinhar seus pensamentos ou sentimentos. E estar cega a respeito disso me tirou o sono.
   O que ele queria perguntar?
   A ansiedade é como uma cobra, ela desliza pelo seu corpo antes de lhe dar um abraço da morte.

{•••}
 
   Cal cancelou o nosso jantar no dia seguinte, a explicação veio em uma ligação agitada, alegando que houve um problema na empresa e ele não poderia me ver naquele dia.
   Fiquei desesperada e não entendia o porquê. O misto da ansiedade com a incerteza me trouxe uma estranheza a boca do estômago. Quis vomitar, e depois de almoçar macarrão a carbona me debrucei sobre o vaso e despejei o almoço e o café da manhã.
— O que foi que você comeu? — Diz Hanna ao me oferecer um antiácido e um copo com água. Abaixo a tampa do vaso para poder me sentar nele.
— Não acho que foi a comida. Estou surtando, Hanna.
— O que aconteceu? Você está pálida. Será que vai ficar doente?
— Minha cabeça está me adoecendo, isso sim. Cal me pediu em casamento. — O queixo de Hanna cai, e sua expressão é cômica. Os olhos arregalados, a boca aberta e choque em suas feições. — Não foi um pedido em si, ele só deixou claro que quer algo sério, que pretende se casar comigo. Mas eu...eu acho que dei um fora nele e agora eu quero vê -lo mas ele tá me evitando. Isso é um saco!
— Como...quando... — Ela balança a cabeça para os lados. — Ele te pediu em casamento!? Esse homem passa oito meses sumido e volta com uma aliança? Ele é maluco?!
— Ele não é maluco, Hanna. Cal gosta mesmo de mim, tipo, mesmo. Ele deixou bem claro isso. O que eu faço?
— Amiga eu não sei, se fosse comigo...eu também estaria surtando, isso não ajuda em nada.
— Ah, eu só quero uma resposta, não sei. Um tipo de sinal divino de que eu posso ficar com ele, de que ele não vai me deixar novamente. Só um sinal!
— Por que você não vai pra casa? Toma um banho e tenta relaxar um pouco. Eu fico aqui e tomo conta das coisas.
— Eu... — Eu não estou bem pra trabalhar. Tenho uma equipe incrível que mantém o hotel funcionando mesmo sem a minha presença, mas eu gosto de estar aqui. Gosto de administrar e participar de tudo, mesmo que nao haja necessidade disso. —, só por hoje. Qualquer coisa me liga, ok?
— Pode deixar.

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