Um mês depois
OlimpiaOs enjôo passaram e eu tenho me sentindo muito mais disposta e claro que a gravidez teria que interferir na minha libido. Cal tem adorado as visitas ao seu escritório, as escapadas entre os intervalos e até acordar no meio da noite para fazer amor. Ele diz que temos que aproveitar até o puerpério, onde passaremos dois meses sem rolar nos lençóis.
— Quando vocês vão fazer uma nova ultrassom? — Pergunta Hanna, a madrinha de um dos meus bebês.
Desde que Cal e eu contamos para ela, Hanna tem estado tão presente em minha vida que toda vez que eu vou comer doce ou me banhar de milkshake com picles eu ouço a voz dela dizendo que o quão isso é errado.
Em outras palavras, a sua preocupação está me deixando maluca, mas sei que ela só se preocupa.
— No final do mês. Clare quer ir junto, devo te incluir na lista de convidados?
— Dessa vez não. Eu li que o sexo do bebê só é possível dizer com certeza após os quatro meses. Quero estar lá para saber se é menino ou menina.
— Me deixa advinhar, você vai fazer uma festa de revelação?
— Por que não? Vai ser memorável e nós ainda podemos postar vídeo e fotos da festa para movimentar o perfil do hotel. As pessoas adoram bebês, com certeza vai ter muita interação.
— Você é muito esperta, Hanna. — Comenta Leo.
— Eu sei, gosto de unir o útil ao agradável.
E isso significava que todos os aniversários feitos no hotel viraria marketing. É uma jogada de mestre e como ela está cuidando do nosso perfil digital, sei que ela só está pensando no melhor para ambos os lados.
No almoço, tive uma visita inesperada.
— Lucas, o que faz aqui?
— Desculpe vir sem avisar, eu preciso conversar com você.
— Vem, vamos ao restaurante, você me conta tudo durante o almoço.
Lucas parece nervoso, agitado no próprio corpo. Nós nos sentamos em uma das mesas externas e um dos garçons veio nos atender.
— Eu quero macarrão a bolonhesa e suco de laranja.
— Então o de sempre, chefinha.
— Não vai escolher algo, Lucas?
— Não, obrigada eu não estou com fome.
— Então é só isso Xavier.
Xavier, o garçom, se afasta indo em direção a área interna do restaurante. Creio que ser a dona do hotel faça todos os funcionários quererem darem o melhor de si em minha presença. É compreensível, mas as vezes eu só queria que me tratassem como tratam Hanna ou Leo.
— Sei que o horário é inoportuno, mas eu precisava vir aqui o quanto antes.
— Está me deixando nervosa, Lucas. O que te trouxe aqui?
— Bem, toda aquela história do meu pai e Tom tentarem juntar a gente foi muito errada. Meu pai não sabe os limites de quando parar.
— Não se preocupe, Lucas. Meu pai quem foi o mandante desse plano.
— Ainda assim, não é justo que eles tenha feito isso. Meu pai espalha para todos que eu nunca namorei ou me envolvi com alguém mas tudo isso é no manipulação dele.
— Como assim?
— Bem, digamos que o pai dele tenha ensinado a ele que homossexualidade é um pecado.
Ohh, aahhh. Não tinha reparado nisso, Lucas é muito discreto e introspectivo, desde que o conheci só o vejo como alguém muito sério e profissional. Uau, ao mesmo tempo que acho incrível ele se assumir sem medo, é uma pena que o pai dele não pense da mesma forma.
— Ele é contra, não é?
— Contra? Quando eu me assumi ele disse que preferia me ver morto a me ver com um homem. Foi por isso que eu fui embora, construí tudo o que eu tenho sozinho e sem um tostão da minha família. Voltei recentemente por conta de um mal estar de minha mãe, ela é a única na família que me aceita como sou.
— Eu estou sem palavras, Lucas. Não fazia ideia de que Carlos era homofóbico.
— Homofóbico, xenofóbico, racista. Ele finge ser acolhedor as minorias mas dentro de casa ele parece um nazista nojento. — Lucas suspira e balança a cabeça para os lados. Eu não consigo imaginar, Carlos parece tão legal. — Enfim, não vim falar sobre ele. Meu namorado, ou melhor, meu noivo, me pediu em casamento a um mês. Nós queremos uma cerimônia simples e muito reservada. Digamos que no lado da minha família só minha mãe e avó vem. Quando eu vi o hotel e conheci você imaginei que pudesse me ajudar com isso. Quero me casar com Felipe, mas tem que ser escondido, ninguém além dos convidados podem saber sobre a festa.
A história de Lucas é incrivelmente tocante. Não acredito que deixei tantas coisas passarem, mas e como dizer "Quem ver cara não vê coração". Não consigo imaginar como deve ter sido a convivência com o pai dele, ou como ele se sentiu oprimido dentro da própria casa.
Quero ajudá-los. Quero tornar o seu sonho possível, não é justo que eles sejam condenados por intolerantes só por serem quem são.
— Que bom que eu tenho a melhor equipe de Los Angeles. Vou ajudar você, mas antes tenho que conhecer Felipe. O que acha de um jantar? Assim podemos discutir juntos o arranjo do casamento.
— Seria perfeito, Olímpia. Eu nem sei como agradecer.
— Não precisa agradecer, você é uma excelente pessoa, Lucas, é um prazer ajudar. Eu só tenho que te avisar que Cal vai ir também, ele está me seguindo para todos os lados depois que descobrimos a gravidez.
— Tenho certeza de que ele só está cuidando de vocês. Não consigo imaginar o quanto feliz ele deve estar.
— É imensurável, mesmo.{•••}
Cal
Olímpia olha para a própria imagem no espelho, suas mãos estão em sua barriga e ela diz jurar estar diferente.
— Será que é confortável para eles aqui dentro? Não deve ser apertado?
— Quando eles nascerem terão todo espaço que quiserem.
Ela gira o pescoço e olha para mim. Olímpia parece estar pensando em algo. Sua boca se contraí do lado esquerdo.
— O que foi?
— Estava pesando no parto. Gostaria que fosse natural, mas não sei se tenho coragem. — Ela volta sua atenção para o espelho. — São duas pessoinhas morando aqui dentro.
— Vamos conversar com a médica, com certeza há métodos para facilitar o parto vaginal.
— Podemos ir na casa dos seus pais?
— Agora?
— Sim, sua mãe disse que queria me mostrar uma coisa.
Meus planos eram fazê-la voltar para cama para termos uma terceira rodada. Olimpia ficar se exibindo na frente do espelho, nua e em pelo, com seus seios incríveis me enfeitiçando, não ajudou a minha tara pela minha mulher. Mas se ela quer ir na casa dos meus pais, quem sou eu para negar algo a minha linda namorada grávida?
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Me Perdoa
RomanceOlímpia teve sua vida transformada por uma mentira e tudo o que ela deseja é vingança. Será que a vingança terá um custo alto demais? Ou talvez, nada seja como aparenta ser? By, Ani Melo.