Capitulo 016 🤍

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Bárbara

Victor e eu ainda estávamos abraçados quando a porta do armário se abriu, e o zelador olhou para dentro com um olhar horrorizado no rosto.

— O que vocês dois estão fazendo aqui? — Ele manteve a porta aberta e a luz do corredor banhou o interior da sala escura.

O aperto de Victor em mim aumentou com a nova voz, e ele manteve o rosto enterrado em meu pescoço. Suas lágrimas silenciosas encharcavam minha blusa enquanto eu passava a mão pelas costas dele.

— Estou bem aqui. — Sussurrei em seu ouvido antes de olhar para o zelador, que estava mancando para dentro.

Ele tinha uma perna ruim, os rumores diziam que era de um acidente militar. Ele trabalhava na Berkshire há quinze anos e era amado por todos. Doce senhor Johnson.

— Ficamos presos por acidente, — expliquei, apontando para a TV com uma mão.

— Tivemos que pegar a TV, mas a porta se fechou para nós.

O Sr. Johnson olhou para Victor e eu, onde ainda estávamos ajoelhados. Eu estava praticamente sentada no colo dele, e seus braços em volta de mim estavam apertados.
Victor era um navio afundando; ele estava se afogando nos destroços de um coração ferido, e eu era a âncora segurando-o junto.

Eu estou com você.

Meu coração não suportava ter que soltá-lo, mesmo sabendo que precisava.

Eventualmente.

— Ele está bem? — Johnson parecia um pouco curioso, mas principalmente preocupado.

Eu assenti.

— Você poderia pegar a TV para nós, por favor? Os cabos estão todos entrelaçados.

— Claro. Deixe-me arrumá-los. Em que turma vocês estão?

— Na da Senhora Levi.

— Eu levo, volte para a aula. — Ele acenou, nos afastando.

— Obrigada, Sr. Johnson.

Minhas unhas roçaram o couro cabeludo de Victor de uma maneira suave, enquanto eu passava meus dedos pelos seus cabelos.

— Victor?

Ao som do seu nome, ele se afastou de mim e se levantou. Eu poderia dizer que ele ainda estava trêmulo, seu corpo balançando antes de encontrar o equilíbrio novamente, e ele se recusou a olhar para mim. Ainda segurando a sua mão, saímos do depósito. Sua respiração se acalmou agora, e seu rosto endureceu, seus olhos sem vida.

Victor estava desligando... expulsando-me.

— Podemos pegar uma garrafa de água na máquina de vendas. — Sugeri gentilmente.

Quando tentei apertar sua mão, ele a arrancou de mim.  Como se eu fosse algum tipo de doença e não quisesse ser infectado.

— Vic...

— Fique longe de mim. — Disse ele, e isso me arrepiou a espinha. Sua voz era como um trovão, furiosa e tensa.

— Victor. — Eu comecei, mas ele me cortou.

— Não. — Isso foi um aviso, e eu deveria ter ouvido; realmente deveria ter ouvido, porque pela primeira vez, vi um Victor diferente.

Um garoto cheio de raiva, mas de olhos que continham uma canção quebrada. Quando tentei agarrar sua mão novamente, impedi-lo de se afastar e me fechar, ele girou sem aviso, e eu quase caí nele.

Meus lábios se separaram com um suspiro silencioso quando ele agarrou meu braço em um aperto inflexível e me bateu contra a parede. Victor se elevou sobre mim, apertando a mandíbula e os olhos escurecendo. Ele parecia um guerreiro furioso, entrando em batalha com a promessa de morte em seu olhar.
Sua cabeça abaixou e sua respiração acariciou meus lábios.

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