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Foi na manhã de segunda-feira chuvosa quando voltava para a casa. Abril era época de chuvas intensas e de muito azar para quem morava nos subúrbios de Luanda. Eu não acreditava no misticismo, mas as pessoas aqui tinham uma crença estranha e que sempre achei tolice. Quando chovia, parecia que tudo desandava nesse país. Eu via o tumulto criado pelos canais de notícias e as pessoas reclamando, mas tudo seria resolvido se reclamassem menos e exigissem do governo os melhores sistemas de drenagem usando outros métodos persuasivos.

Eu estava seguindo em um carro separado dos meus pais. Segundo eles, precisariam ir para outro lugar, conforme recomendação da velha Maria. Então eu seguiria para casa sozinho depois que entrássemos na capital. Estava dirigindo na estrada asfaltada e já havia me separado dos meus pais desde que entramos em Luanda. Chovia muito e minha visão do asfalto estava comprometida pela neblina, dificultando minha condução naquela noite.

O peso da noite se tornava opressivo e uma sensação de inquietação se instalava em meu peito, como se o ar ao meu redor estivesse carregado de presságios sombrios. Cada sombra parecia ocultar um segredo e cada rua deserta evocava uma sensação de perigo latente. Apressei o carro, ansiando por alcançar o abrigo reconfortante do meu lar, onde esperava encontrar segurança e paz.

O caminho para casa deveria levar apenas alguns minutos, mas com a chuva intensa, era difícil dirigir em uma velocidade normal. Tinha que ser cauteloso, pois as estradas estavam escorregadias. Eu poderia fazer muitas coisas, menos colocar minha vida em risco. Era um pedido especial da minha mãe, e eu sempre a obedecia. Não poderia agir de forma diferente naquele dia.

A voz suave da minha mãe ecoava em minha mente como um sussurro de advertência, lembrando-me de seus conselhos sábios sobre a importância de conduzir com cautela. Senti o calafrio percorrer minha espinha quando me dei conta de que estava dirigindo mais rápido do que deveria. Uma sensação de culpa se misturou à minha ansiedade e tomei a decisão de reduzir a velocidade, consciente de que a segurança era mais importante do que qualquer pressa.

Com um suspiro de alívio, abrandei o pé do acelerador, permitindo que ocarro diminuísse gradualmente a velocidade. Cada quilômetro percorrido a umavelocidade mais moderada, acalmava minha mente agitada, dissipando a ansiedadeque me consumia. Segui adiante, determinado a chegar em casa são e salvo,prometendo a mim mesmo nunca mais negligenciar os conselhos daquela que semprese preocupou comigo, mais do que qualquer pessoa no mundo.

 Segui adiante, determinado a chegar em casa são e salvo,prometendo a mim mesmo nunca mais negligenciar os conselhos daquela que semprese preocupou comigo, mais do que qualquer pessoa no mundo

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Um carro passou por mim em alta velocidade, o que não era recomendado em condições chuvosas, quase me fazendo frear bruscamente devido à sua entrada repentina. Poucos carros trafegavam pela estrada, e eu poderia chegar em casa a qualquer momento. No entanto, a forte chuva me obrigava a manter uma velocidade segura, apesar do desejo de chegar mais rápido.

Respirei fundo, tentando controlar a ansiedade, enquanto observava o carro que passara por mim. Quando me acalmei, decidi continuar minha viagem de volta para casa. Estava próximo à cidade agora, e o medo que sentira começava a desaparecer lentamente. O som dos carros e o tráfego intenso indicavam que estava me aproximando do centro urbano.

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