Ao ler as palavras escritas no diário de Azira, senti um aperto no peito. Era evidente que ela estava passando por um momento de grande confusão e angústia. As palavras escritas ali revelavam uma batalha interna, uma luta contra forças que ela mal compreendia. A referência a depressão e à esquizofrenia lançou uma nova luz sobre a situação dela. Era uma carga pesada para uma jovem carregar sozinha, lidar com essas condições de saúde mental enquanto tentava entender o mundo ao seu redor. A sensação de solidão e incompreensão que ela expressava em suas palavras era palpável e foi uma nova descoberta para Kawani.
Eu me vi diante de uma encruzilhada. Por um lado, eu queria ajudar Kawani a entender o que estava acontecendo e encontrar alguma forma de conforto e estabilidade. Por outro lado, sabia que minhas próprias necessidades e prioridades ainda estavam presentes, e que precisava encontrar uma maneira de retornar ao meu corpo. Enquanto segurava o diário em minhas mãos, senti compaixão quando assistia a reacção da pimpolha ao conhecer mais a mãe através do seu pequeno diário.
"Eu não era louca, o meu pai sempre disse que tinha um humor fora do comum e que devia levar esse diário a sério, então deixe-me contar uma coisa, querido diário, hoje eu vi um homem na universidade, ele se aproximou e conversou comigo, mas a Alda me olhou estranho e foi chamar a professora e me perguntavam quem com quem conversava e mostrei a elas o homem, mas elas disseram que não havia ninguém lá, excepto nós."
Enquanto lia as palavras irônicas e perspicazes de Azira em seu diário, não pude deixar de me surpreender com a personalidade vibrante que aquela mulher possuía. Parecia que ela tinha uma maneira única de enxergar o mundo, uma qualidade que ela passou para sua filha, mas parecia que Kawani não havia percebido ainda e por isso, parecia apática.
Estávamos no terraço da escola, enquanto Kawani e eu explorávamos o conteúdo do diário, a atmosfera ao nosso redor era de silêncio e isolamento. A indiferença dos colegas de Kawani era perturbadora, quase como se ela estivesse invisível para eles. Foi difícil entender como alguém podia ser tão ignorado, mesmo em um ambiente escolar.
As palavras escritas no diário davam um novo contexto para a experiência de Kawani. Se sua mãe também enfrentou situações semelhantes, então, talvez houvesse uma explicação para as alucinações e a sensação de isolamento que ela estava enfrentando. Ponderava sobre esses pensamentos e minha determinação em conhecer Kawani só aumentava.
O tempo não nos ajudou a continuar a desvendar as escritas de Azira, Kawani precisava voltar para a casa e diferente de outros dias, o seu retorno foi difícil e eram seis da tarde quando conseguiu chegar em casa, mas para o seu infortúnio, Oliver não havia gostado e foi só vê-la passar pela porta da loja para que o homem agisse com agressividade.
— São horas de chegar? — perguntou Oliver se erguendo.
— Desculpa, o autocarro atrasou...— a pimpolha tentou justificar.
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Os Olhos De Kawani
RomanceEm um mundo onde os limites entre realidade e fantasia se desvanecem, Osni, um homem anglo-asiatico imerso em sua propria arrogancia e prepotencia, e abruptamente lançado em um turbilho de eventos imprevisiveis.Apos um acidente de carro devastador...