eroda 0.3

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Louis'POV

Que porra é essa.

Eu tive que tirar meus fones de ouvido pra ver se até o barulho das folhas de Eroda é diferente. Que lugar é esse? Meu Deus. Eu sabia que era lindo e tal, mas não tão lindo assim. As ruas todas limpinhas, nenhum carro na beira da rua, tudo dentro da garagem. Eu sai de uma realidade e vim para outra.

A casa até tirou meu fôlego. "Casa" chega até ser humilde, isso aqui é uma mansão. Toda branca, muitos pilares, muito verde e muito vidro. Antes de querer subir as escadas da entrada, eu prendo minha bicicleta em uma árvore. Limpo meus pés na grama, vai que eu acabo sujando o porcelanato impecável dessa residência?

Na carta, não tinha nada especificando sobre vestes. Então para não ter erro, uma camisa preta de mangas e gola alta é o que eu apostei. Arrumei também o cabelo, deixando um topete sem fios teimosos. Certo, eu só arrumo minha gola do pescoço e aperto a campainha.

A gola está me sufocando...

— Boa tarde. Eu me chamo George e irei acompanhá-lo. Por favor, me siga.

Todo mundo é cara fechada em Eroda? Minha nossa... George tem uma aparência velha, mas nem tanto. Parece até cansado. Ele é tão sem cor quanto essa casa.

Se lá fora estava frio, aqui dentro está congelante — me arrependo amargamente de não ter trazido um casaco. Não sei se esse frio é efeito do porcelanato e as paredes finas, ou somente o ambiente que é assim mesmo. Tem muito branco nesse lugar, parece uma clínica. Não tem uma cor mais aconchegante, como cores mais terrosas. E o chão parece um tabuleiro de xadrez, todo quadriculado. Tem uma escada enorme logo na entrada, do lado direito e esquerdo, e ao olhar para frente, há dois degraus para fazer a diferença de altura entre o haul e a sala de estar.

Na sala de estar temos um pouco de azul. Um pouco mais sem ver cor, eu ficaria assustado. As cortinas que são azuis marinho, um tanto incomum pro meu gosto. Vários quadros de monarcas da Inglaterra. Reis e Rainhas por todo canto. É algum tipo de fetiche ou...

— Sente-se, sr. Tomlinson — George oferece, e só agora que reparei em suas luvas brancas. — Logo mais, você será entrevistado.

— Obrigado.

Eu agradeci, mas... George não parou de me encarar?

Dou mais um sorriso gentil, tentando demonstrar que entendi. Ele continua me encarando. Pois eu encaro de volta. Nessa grande tensão entre nós dois, vou começar a achar que essa entrevista é para outros meios.

— George, já chega.

Uma voz feminina aparece no local, o barulho do salta alto acompanhando sua voz. É a Anne Twist.

— Desculpa, ele é meio assustador... — que mulher linda, meu Deus. Para cumprimentar, eu me levanto e estendo minha mão para um aperto. Ela ignora e me dá um beijo na bochecha. — Como você está? Foi difícil chegar até aqui?

— Estou bem, estou bem. Obrigado. E não foi difícil, foi tranquilo.

— Perfeito. Bom, eu não faço essas entrevistas do tipo que pede seu currículo dos últimos cinco anos — Anne diz, e ao que ela vai falando, as mãos falam junto também. Cheia de pulseiras nos pulsos, fazendo o titilar das jóias se chocando. — Todos os meus empregados são pessoas que confio minha vida. É a primeira vez que tenho que contratar pessoas para trabalhar aqui.

Não tem muito o que eu falar, só assenti com a cabeça.

— Aqui eu passo o verão com a minha família. Passava, na verdade. De vez em quando, eu venho aqui. Quem vem mais mesmo é o meu filho, sabe? Meio que eu deixei a casa pra ele, vamos se dizer. Mas eu gosto de manter a casa bem cuidada e preservada... É de família, então, procuro cuidar bem dela.

That Summer In Eroda | l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora