eroda 2.0

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Louis'POV

Noite passada, Harry tinha demorado para chegar.

Devia ser umas três horas da manhã, e só senti o corpo dele se juntando ao meu, suas pernas se entrelaçando nas minhas e seu rosto se afundando no meu pescoço. Eu tentei chamar por ele, mas quando viu que eu estava prestes a abrir minha boca, ele só sussurrou um "shhh" e me apertou de baixo do lençol.

Dormimos juntos.

Mas, acordamos separados.

Vejo que pode ser meio entediante ficar dez dias aqui sem fazer nada, pelo menos fazendo nada quando Harry tem que sair para resolver sei lá o que. Só fiz o básico do básico, já que ontem tinha deixado a casa num brinco só, e então, varri o chão e tirei o pó dos móveis.

Fico feliz em dizer que consegui comer sem sentir um enjoo ou sentir algo nojento na minha barriga. Harry preparou tortilha antes de sair, e deixou algumas para mim.

Fiquei o dia todo andando pela casa, assistindo besteirol na TV e escutando música. Escrevi um pouco também. Estava tão tedioso que de última hora, me dou o luxo de entrar na piscina.

Pensei nem em duas vezes antes de correr e me jogar na piscina. Água fria, matando todo o calor que sinto quando estou em Eroda. Ela não é tão funda, consigo andar tranquilamente sem quase sentir que estou me afogando.

Molho meu cabelo e puxo para trás, me livrando de fios rebeldes que insistem em cair para frente. Eu me sinto muito bem aos fechar os olhos sobre meus braços no azulejo, só ouvindo o som do mar próximo e as folhas das copas das árvores. Nem barulho de carro é capaz de ouvir daqui. Literalmente, só pode ouvir sons da natureza.

Chego a ficar com sono. A brisa é quente, somente a água da piscina consegue me refrescar. Meus braços em baixo já estão aquecidos, de tão forte que foi o sol hoje que conseguiu queimar até a grama viva do jardim. Falando em jardim, quero ir naquele campo de novo. É muito lindo e ao mesmo tempo angustiante. Um lugar tão aberto, tão grande, que parece carregar infinitas possibilidades.

Quero me sentir infinito.

É tão bom esses momentos. Eu gosto de estar sozinho. As vezes, nem sempre a família pode ser seu refúgio. Ou alguém que você goste. Ou seus amigos. Pode ser também você mesmo, sabe? Você tem total direito de ficar sozinho e pensar em tudo na sua vida, organizar ideias, e então, pode desabafar consigo mesmo.

Podemos ser nossos próprios amigos.

Eu não sei se acredito nessa parada de amor próprio. Se é difícil "aceitar" os defeitos de outra pessoa, imagina os seus? Sinceramente, isso na minha cabeça, não existe.

Acho que nós aprendemos a lidar com os defeitos de outras pessoas, mas nunca aceitamos. Como posso aceitar um defeito alheio, se o meu próprio, não sei aceitar? Isso não faz sentido. Por isso que, quando eu estiver em um relacionamento, deixarei claro que meu maior defeito é ser orgulhoso, e que se a outra pessoa for também, parabéns, estamos fodidos.

Brincadeiras a parte... Eu sou orgulhoso, mas até certo ponto. Se a pessoa for mesmo uma coisa na minha vida, uma existência significante, eu vou atrás mesmo para esclarecer seja lá o que for. Agora, se for qualquer uma, que só passou pela minha vida, faça-me o favor. Que morda as costas e se vire.

— Cheguei na hora certa.

Abro meus olhos assustados ao ouvir o rouquidão da voz dele.

— Oi, né?

— Oi — ele sorri de longe, gostando de me ver na piscina. — Você parece aqueles peixinhos que vão pra superfície só pra tomar um ar.

Reviro os olhos, achando graça.

That Summer In Eroda | l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora