Na pacata Forks, Luana enfrenta os horrores de um lar abusivo após a perda devastadora de sua mãe na infância. Enquanto isso, Jasper, imerso em um passado sombrio e repleto de segredos sangrentos, luta entre a busca pela redenção e a natureza predat...
"Ah, quem és tu que assim vens sem ser esperado? E eu que me julgava já tão triste e cansado, Sinto que vivo ainda e que posso viver! Tu vens, não sei de onde; e eu, sem saber porquê, Por ti, que ignorava, sinto que hei de amar-te, E dizer o teu nome é o que mais me apraz. Tua voz é tão meiga e teu olhar tão doce Que eu sinto requebrar-se a minha alma tão velha..."
Florbela Espanca
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NARRADOR ON
Luana recostou-se suavemente contra o parapeito da janela entreaberta, deixando o frescor matinal acariciar seu rosto. Seus dedos deslizaram pelas bordas de madeira, enquanto ela observava o mundo lá fora naquela manhã gélida de sexta-feira. O aroma terroso e úmido do outono permeava o ar, misturando-se com o perfume distante das últimas flores da estação.
Folhas secas, tingidas em tons de laranja e vermelho, adornavam o quintal como confetes de uma festa sazonal. No horizonte distante, nuvens pesadas se moviam com determinação, anunciando a iminência da chuva. O vento sussurrava melodias outonais, fazendo com que as folhas dançassem em um balé efêmero antes de repousarem delicadamente no solo.
Os raios pálidos do sol, filtrados através das nuvens, criavam padrões de luz e sombra no chão, transformando o quarto em um espetáculo de contrastes. O frio da manhã penetrava através da janela entreaberta, envolvendo Luana em um abraço gelado que contrastava com a calidez de seus pensamentos tumultuados.
Seus olhos azuis percorreram a rua lá embaixo, onde alguns carros passavam, seus motores ronronando como gatos preguiçosos. O aroma de café fresco flutuava pelo ar, misturando-se com o cheiro de terra molhada e folhas úmidas. Adolescentes caminhavam pelas calçadas cobertas de folhas, prontos para enfrentar mais um dia na escola.
Luana se afastou da janela ao ouvir batidas na porta de seu quarto, quebrando momentaneamente sua reverie. Após fechar o vidro, ela caminhou até a entrada do cômodo, abrindo a porta lentamente para revelar Amber parada do outro lado, radiante como sempre.
― Bom dia, raio de sol. ― Amber cumprimentou-a com alegria, seu sorriso iluminando o ambiente. ― Já são sete e vinte, você quer ir já? Eu preciso ir na secretaria antes da aula.
Luana sorriu suavemente para Amber, seus olhos refletindo a gratidão pela presença constante da amiga. Três dias haviam se passado desde a tragédia na escola, deixando um peso silencioso no coração de Luana. No entanto, a companhia reconfortante de Jasper durante os intervalos de almoço proporcionava um alívio bem-vindo, apesar dos olhares curiosos e julgadores dos colegas ao redor.
Enquanto caminhavam pelo corredor ornamentado, Luana ouvia as palavras de Amber, compartilhando suas próprias inquietações sobre o retorno à escola naquele momento tumultuado. O aroma tentador de café fresco flutuava pelo ar, guiando-as até a acolhedora atmosfera da cozinha. Cada degrau das escadas ecoava sob seus pés, acrescentando uma trilha sonora discreta à sua jornada matinal.
