୧ ‧₊˚🩸⋅♡
"Alguma coisa está fora da ordem,
Fora da nova ordem mundial,
Eu me descobri em confidência,
Mas só aos meus iguais a confesso."Carlos Drummond
TW: violência contra menores.
NARRADOR ON
Luana resmungou, seu corpo afundando ainda mais nos cobertores quentes que a envolviam, enquanto o som insistente do celular ecoava embaixo do travesseiro. O barulho, misturado ao som distante de trovões reverberando pela casa, só aumentava seu desejo de continuar no refúgio macio e aconchegante da cama. O ar lá fora parecia pesado, como se a tempestade estivesse prestes a desabar, e ela se encolheu mais, buscando calor. Com os olhos fechados, a mão deslizou pelo travesseiro até encontrar o aparelho, desligando o toque sem sequer olhar a tela.
― Merda... ― Murmurou, com a voz rouca e cansada.
Ela piscou, os olhos se ajustando à escuridão do quarto. O nome que aparecia na tela a fez bufar: Damian. Nem lembrava que ele ainda tinha o seu número, mas sabia o motivo da ligação. Com certeza, estava mais uma vez pedindo para que ela abrisse a porta, depois de passar a noite fora. Sempre a mesma história.
Com um suspiro pesado, Luana afastou os cobertores e pôs os pés no chão frio. O contraste entre o chão gelado e o calor das pantufas lhe deu um breve arrepio. As cortinas escuras balançavam levemente com o vento que soprava do lado de fora, e ela podia ouvir o tamborilar suave da chuva caindo no telhado. Saindo do quarto, o corredor à sua frente parecia ainda mais escuro, cortado apenas pelos relâmpagos que iluminavam a casa de forma irregular.
Descendo as escadas devagar, cada degrau rangia suavemente sob seu peso. Seus olhos sonolentos logo captaram o vulto de Damian do outro lado da porta. Mesmo sem ver detalhes, a postura dele era reconhecível, carregada pela impaciência. Ela suspirou novamente, girando a chave na fechadura.
Assim que a porta se abriu, Damian entrou com um empurrão brusco, trazendo consigo o cheiro pungente de álcool. Ele cambaleava, a raiva já visível em seus olhos azuis, que pareciam brilhar à luz fraca do corredor.
― Precisava trancar essa merda de porta!? ― Sua voz saiu rouca e entrecortada, embargada pela bebida. ― Que saco, Luana! Você nunca faz nada certo!
A cada palavra, o hálito alcoólico e azedo dele atingia seu rosto, causando uma onda de náusea. Luana manteve os olhos baixos, tentando evitar o olhar penetrante e furioso de seu pai. Não queria discutir. Seu único desejo era que ele fosse direto para a cama e a deixasse em paz. Ainda mais naquele momento, em que a madrugada parecia arrastar-se em um silêncio pesado. O relógio no canto da tela do celular marcava 5h45, e a escuridão lá fora ainda dominava o mundo, com a tempestade suavemente diminuindo, mas sem dar trégua.
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𝐌𝐨𝐧𝐬𝐭𝐞𝐫 ━━ 𝙹𝚊𝚜𝚙𝚎𝚛 𝙷𝚊𝚕𝚎
FanfictionNa pacata Forks, Luana enfrenta os horrores de um lar abusivo após a perda devastadora de sua mãe na infância. Enquanto isso, Jasper, imerso em um passado sombrio e repleto de segredos sangrentos, luta entre a busca pela redenção e a natureza predat...