𝚅𝙸𝙸. 𝙵𝚒𝚛𝚜𝚝 𝙳𝚊𝚝𝚎?

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୧ ‧₊˚🩸⋅♡

"De repente,
não mais que de repente,
meu coração disparou,
meus sentimentos se inflamaram,
e ali, diante de ti,
meus olhos encontraram a luz
que nunca souberam que precisavam."

Pablo Neruda

Pablo Neruda

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NARRADOR ON

A manhã de segunda-feira desabrochou em Forks com uma pressa impetuosa, trazendo consigo uma sinfonia de ventos robustos e nuvens pesadas grávidas de chuva iminente. O ar outonal se insinuava gradualmente pelas semanas, pincelando as ruas e calçadas com uma paleta de folhas rubras e alaranjadas, que rodopiavam em uma dança frenética ao capricho dos ventos. Enquanto a pequena cidade despertava sob o manto cinzento do sol oculto, Luana se aninhava entre os abraços dos cobertores espessos de sua cama, os dedos ágeis deslizando sobre a tela do celular. Seus ouvidos, aguçados como sentinelas, captavam cada sussurro ínfimo na quietude da casa, permeada apenas pelo tiquetaque monótono do relógio cuco adormecido na parede do corredor.

Era quase como se o tempo tivesse congelado desde que Luana regressara à sua antiga morada, atendendo ao chamado de seu pai na sexta-feira anterior. Muitos aspectos ainda flutuavam num limbo incerto, como a relação turbulenta com o genitor, sempre teimosamente tentando encontrar uma forma de reaproximação. Enquanto Luana se aninhava mais profundamente entre os lençóis de algodão macio, uma aura de melancolia pairava no ar, como uma névoa etérea que envolvia seus pensamentos. Seus dedos delicados deslizaram sobre a tela trincada do celular, em busca do contato de Amber entre os numerosos registros, antes de redigir uma mensagem breve para sua confidente mais próxima.

Um suspiro escapou dos lábios de Luana, enquanto ela escondia o aparelho sob o travesseiro e se voltava, pressionando as mãos contra o rosto. Lentamente, ela afastou os cobertores de seu corpo, seus dedos tocando o chão gélido, fazendo-a estremecer com o choque térmico repentino. O aroma suave de chuva permeou o quarto escuro, o som amortecido das gotas batendo na janela fechada ecoando suavemente em seus ouvidos.

Com uma movimentação hesitante, ela ergueu-se completamente da cama e deslocou-se, ainda descalça, em direção à janela, abrindo as cortinas com cuidado. Apoiou-se no parapeito, contemplando as gotas que escorriam pelos vidros como uma corrida imaginária, traçando pequenas trilhas em seu percurso. Um bocejo escapou involuntariamente de seus lábios, enquanto ela apertava os olhos e balançava a cabeça em uma tentativa de dissipar a sonolência que ainda a envolvia. Luana afastou-se da janela, esticando-se e erguendo os braços para o alto, soltando um murmúrio ao ouvir os sons de seus ossos estalando a cada movimento.

Os dedos da garota esfregaram seus olhos sonolentos enquanto ela percorria o pequeno cômodo, tropeçando em alguns calçados dispersos pelo chão. Diante do guarda-roupa desarrumado, ela examinou as prateleiras em busca de uma combinação de roupas para o dia na escola, decidindo-se por uma calça cargo preta e uma camiseta de mangas compridas da mesma cor. Luana fitou sua imagem no espelho de corpo inteiro, apesar da luz fraca, ainda conseguia distinguir as marcas residuais da surra que sofrera semanas antes.

𝐌𝐨𝐧𝐬𝐭𝐞𝐫 ━━ 𝙹𝚊𝚜𝚙𝚎𝚛 𝙷𝚊𝚕𝚎Onde histórias criam vida. Descubra agora