Na pacata Forks, Luana enfrenta os horrores de um lar abusivo após a perda devastadora de sua mãe na infância. Enquanto isso, Jasper, imerso em um passado sombrio e repleto de segredos sangrentos, luta entre a busca pela redenção e a natureza predat...
"Meu amor, meu amado, vê! Repara! Nos meus olhos, as sombras dos meus beijos. Nos meus lábios, os beijos que te dou... Sou o vampiro que te há de morder!"
Florbela Espanca
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NARRADOR ON
Luana sentou-se na beirada da velha cadeira de balanço da varanda, o rangido suave da madeira ecoando na escuridão. A casa ao redor estava mergulhada em silêncio absoluto, e a única companhia era a brisa gélida da madrugada que acariciava seu rosto de forma quase íntima, gelada como dedos frios que deslizavam por sua pele exposta. Ela puxou o cobertor azul mais para cima, tentando se abrigar do frio que parecia se infiltrar até os ossos, mas nem o tecido espesso conseguia conter o arrepio que insistia em percorrer sua espinha.
Seus olhos vagavam pela rua deserta à sua frente. A luz da lua, alta e solitária no céu, pintava o cenário com um brilho prateado que fazia as sombras das árvores parecerem criaturas distorcidas. Arbustos se contorciam ao vento, e os galhos das árvores estalavam de forma sinistra.
Luana não conseguia afastar os pensamentos que rodopiavam sem cessar em sua mente. As horas haviam passado voando enquanto ela se afundava nas histórias de vampiros que lera no computador, deixando-se envolver pelas imagens de seres sobrenaturais que agora infestavam seus pensamentos. Jasper, o personagem sombrio que tanto a intrigava, parecia ter se alojado em sua mente, e cada pequena nuance de sua história se entrelaçava com a realidade ao redor. Era como se ele estivesse ali, com ela, escondido nas sombras que se moviam vagarosamente ao vento.
De repente, um som abafado e furtivo, vindo de algum lugar distante, cortou o silêncio. O coração de Luana deu um salto, e ela virou rapidamente a cabeça na direção do barulho. O farfalhar das folhas num arbusto próximo fez seus sentidos entrarem em alerta.
Passos. Lentos, quase imperceptíveis. Eles ecoavam na quietude, aproximando-se. Seu corpo reagiu antes mesmo que sua mente processasse a ameaça. Ela se levantou de forma instintiva, os pés descalços tocando o chão gelado da varanda. A sensação fria viajou por suas pernas, misturando-se com o medo que agora fazia seu coração bater descompassado.
Sem pensar duas vezes, ela começou a recuar em direção à porta. Cada passo era calculado, cada movimento feito com o máximo de cautela, tentando se manter invisível na noite. O silêncio parecia opressor, tão denso que cada mínima ação parecia amplificada. Quando finalmente suas costas tocaram a porta de madeira, ela começou a empurrá-la com cuidado, mas o som agudo de madeira rangendo quebrou a quietude como um trovão.
Luana congelou. Seu peito subia e descia rapidamente, enquanto o som ecoava pela escuridão como um grito indesejado. A noite pareceu prender a respiração junto com ela. O medo pulsava em suas veias, e seus olhos, agora bem abertos e atentos, varreram a escuridão em busca de qualquer movimento. A presença, seja lá o que fosse, estava perto. Ela podia sentir isso na pele, na forma como o ar ao seu redor parecia ter mudado, mais pesado, mais carregado de tensão.
