Na pacata Forks, Luana enfrenta os horrores de um lar abusivo após a perda devastadora de sua mãe na infância. Enquanto isso, Jasper, imerso em um passado sombrio e repleto de segredos sangrentos, luta entre a busca pela redenção e a natureza predat...
"Adeus, coração pequeno, Que eu via quando entrei. Hoje, já não te vejo. Mas sei que estás aí.
(...) Adeus, pedaço de mim, Que ficará comigo. Que amor é uma constante, Que dói sem ter perigo."
Cecília Meireles
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NARRADOR ON
Luana resmungou, afundando-se ainda mais no cobertor macio e acolhedor. O suave som do despertador ecoou pelo quarto, arrancando-a do sono profundo. Seus olhos piscaram algumas vezes, tentando vencer a visão turva enquanto examinava o cômodo à meia luz. Ela buscou seu telefone, meio enterrado entre os lençóis, e silenciou o alarme assim que o encontrou.
― Ah, droga. ― Ela resmungou, observando a hora exibida na tela do aparelho.
Um gemido insatisfeito escapou de seus lábios enquanto ela se encolhia no travesseiro. Um ruído súbito contra a janela a fez saltar da cama. Luana tateou pelo quarto escuro em busca de orientação. Com cuidado, seus dedos encontraram a cortina de seda, afastando-a.
A luz difusa revelou o dia nublado, banhando o quarto com um brilho suave. Um pequeno pássaro repousava no parapeito da janela, lançando-lhe um breve olhar. Luana sorriu, abrindo a janela e assustando gentilmente a pequena criatura. Passos no corredor capturaram sua atenção, seguidos de batidas firmes na porta.
Ela gemeu, batendo de leve a cabeça na janela aberta ao recuar, antes de se dirigir à porta do quarto. Ao abrir, deparou-se com uma Amber radiante e despenteada. Tursney trajava um pijama verde estampado com flores brancas, e seu cabelo estava preso num coque bagunçado, algumas mechas soltas emoldurando seu rosto sonolento.
― Bom dia, Luh. ― Amber saudou alegremente, estendendo um prato de ovos mexidos e bacon para Luana. ― Preparei o café da manhã para nós. Você precisa comer e se aprontar; pensei em sair às oito. O que acha? Ah, acredito que Amethy também possa se juntar a nós, mas não tenho certeza ainda, e... estou falando demais, não é?
― Não tanto assim. ― Luana sorriu, esfregando os olhos cansados.
Amber fez um bico divertido, empurrando o prato para a amiga. Luana agradeceu em um sussurro, observando a amiga correr de volta para o quarto e trancar a porta atrás de si. Voltando para dentro de seu dormitório, Luana suavemente fechou a porta, trazendo consigo o cheiro sutil de um difusor de baunilha que adornava o quarto. O aroma acolhedor mesclava-se com o frescor presente no prato de ovos com bacon, enquanto ela depositava o prato sobre a escrivaninha de madeira escura. O espaço, adornado por um tapete felpudo de tons neutros, emanava uma sensação acolhedora e caseira.
Quase quatro dias haviam se passado desde o episódio de fúria de Damian, forçando Luana a encontrar refúgio na casa de Amber. As marcas das agressões ainda persistiam em sua pele delicada, lembranças indeléveis de um tormento constante. A garota se aproximou da pequena mala de roupas, esquecida no canto do quarto, cujo tecido macio contrastava com a rigidez do mobiliário.
