Dia 1: recepção

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Dia 1: recepção

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Dia 1: recepção

Aos 24 anos, depois de criar coragem o bastante para deixar o interior onde morava e levar suas memórias mais significativas na mala de um carro esfarrapado, Naruto decidiu colocar seu sonho na estrada e percorrer meio mundo até que chegasse em Tokyo, aos trancos e barrancos, mas resoluto de encontrar um apartamento onde pudesse finalmente se livrar da sensação de dependência gerada pela proteção sufocante dos pais e experienciando a própria vida, vivenciando o término da faculdade e iniciando uma criação de adoráveis gatos.

Inesperadamente, o súbito encontro e, posteriormente, a conversa fortuita com uma senhorinha no bairro de Shinjuko deu a Naruto uma nova perspectiva do que fazer, redirecionado seus planos iniciais quando ela agradavelmente o sugeriu que ficasse com sua casa enquanto não encontrava um apartamento para alugar.

Então Naruto, como um bom rapaz, ficou contente em aceitar aquele convite, maravilhado demais sobre o quão oportuna era aquela proposta para desconfiar que pudesse haver algo de errado, sem pensar duas vezes antes de concordar com o termo ridiculamente simples vindo do contrato com a misteriosa senhorinha, onde sua única exigência era que o Uzumaki cuidasse bem do seu gatinho durante um período de trinta dias.

Isto é... Naruto tinha exatamente um mês inteiro para se adaptar e criar uma ligação com o bichano, antes de decidir de forma definitiva se estenderia o contrato por mais tempo ou não. 

Desse modo, aquela era uma proposta tão boa que não parecia real. Todavia, Naruto não estava se importando com nada daquilo quando dirigiu o Fusca rosa choque em direção ao sua nova realidade.

×××

"Bem vindo ao lar" estava escrito no tapetinho de crochê na entrada da casinha de três andares e Naruto suspirou admirado, se aproximando com sua humilde malinha de arrastar.

Sua nova casa era um charmoso edfício azul com teto cor-de-rosa, possuindo um adorável quintal de hortências roxas e um portãozinho amarelo — facilmente confundido com uma casinha de bonecas — localizada em um bairro tranquilo e tediosamente pacato.

— Com licença — O Uzumaki murmurou respeitosamente, após girar a chave no ferrolho, e aspirou fundo antes de finalmente abrir a porta que dava para o segundo andar, revelando primeiramente um cheirinho de limpezapara logo depois notar as cores bonitas em verde, rosa e roxo pastel. Todos os cômodos milimetricamente projetados nessa mesma paleta de cores.

Naruto deu um passo cauteloso, admirado.

Um carpete bege se estendia por todo chão do comodo, indo de encontro a um tapete cercado por brinquedinhos de gatos. Haviam quadros de tamanhos diversos nas paredes e plantinhas de jarros artesanais em quase todos os lugares. Excêntrico, e muito bem cuidado.

Na sala de estar, a mesinha de centro era de madeira sólida, com uma tampa de vidro, dois jarros de flores, velas e inúmeros livros. No canto direito, uma janela imensa preenchia a parede. 

Do outro lado, havia uma varanda de cortina azul royal, com inúmeras almofadinhas depositadas no chão, e uma namoradeira redonda abaixo de luminárias que se desprendiam do teto em formato de pisca-pisca. Por último, porém, mas não menos importante: a vista privilegiada do adorável quintal, do bairro pacífico e da torre de Tokyo.

O Uzumaki aquiesceu, animado, e conheceu o restante da casa, notando que tudo já estava limpo, lindo e organizado, exatamente como era de se esperar da casinha de uma senhorinha caprichosa, solitária e apaixonada por gatos.

Até o fim da noite, ele já havia desfeito as suas malas no quarto, trocado algumas mensagens com seus pais e agora se preparava para ir dormir, partindo rumo ao banheiro para tomar um banho aconchegante e tocando a maçaneta quando notou a porta se destrancar por conta própria, revelando o silhueta elevada de um homem de olhos magneticamente escuros, físico esculpido e... Bem... 

Completamente despido.

Naruto piscou os cílios, chocado, e a expressão no rosto do desconhecido era igualmente horrorizada. Todavia, ele não demorou a trocar o semblante de surpresa para dar lugar a uma carranca desagradável.

— ... Olá? — Naruto cumprimentou após um tempo em silêncio, com uma voz confusa, constrangida e amigável, mas a porta do banheiro ocasionalmente se bateu com força.

Atônito, o loiro deu um pequeno passo para trás, pensando que aquela, definitivamente, não era o tipo de recepção que ele imaginava quando concordou em se mudar para aquela casa.

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