Dia 6: frio

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Dia 6: frio

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Dia 6: frio

Desde que Naruto havia se estabelecido na casa, há exatos cinco dias, não havia nem mesmo um momento em que Sasuke Uchiha havia quebrado a sua rotina: ele tomava seu café preto de frente para o seu notebook de trabalho às 7; conversava com as plantinhas da senhora Chiyo enquanto cuidava delas ainda de manhã; e transitava pelo banheiro ou pela biblioteca algumas poucas vezes ao decorrer do período da tarde e da noite. Rigidamente pontual.

Naquele sábado, porém, era perceptível que nada daquilo havia acontecido e Naruto não deixou de sentir sua falta quando sentou na namoradeira da varanda e observou o quintalzinho completamente vazio, sem a figura intimidante do seu vizinho gostoso contrastando com a delicadeza das hortênsias roxas toda vez que ele as regava com amor.

Se tratando de um final de semana, Naruto imaginava que era possível que ele não estivesse em casa: tendo saído para curtir com os amigos, visitar os pais ou ir a um possível date com sua namorada. Por outro lado, Sasuke também era tão difícil de ler que Naruto dificilmente conseguia visualizá-lo realizando qualquer uma dessas atividades convencionais...

Pensando nisso, o loiro moveu os globos oculares pelo jardim e prensou os lábios um no outro, ligeiramente tentado pela ideia de descobrir se ele estava realmente em casa, pensando em bater na sua porta com a desculpa de perguntar se ele queria pedir alguma coisa para o jantar. Entretanto, também não demorou a descartar essa ideia, notando que esse tipo de abordagem ainda parecia descaradamente evasiva. Íntima demais.

O Uzumaki balançou a cabeça e deixou aqueles pensamentos de lado, resolvendo focar nas matérias pendentes da faculdade e estudar o conteúdo das avaliações durante todo o tempo livre.

×××

No fim, Naruto demorou mais tempo do que gostaria para finalizar suas atividades. Antes que se desse conta, já havia anoitecido, com a chuva repentina despencando como uma cascata lá fora. As baixas temperaturas deixavam Naruto com mau humor e mãos frias. Ele as odiava, embora tivessem acontecido com mais frequência do que gostaria.

O loiro empurrou o notebook do seu colo, enterrou os dedos nas pantufas e fechou as janelas, estreitando os olhos para o borrão do outro lado do vidro e então correndo até o lado de fora com um palpite esperançoso. Desceu as escadas apressadamente — mas com cuidado para não escorregar nos degraus úmidos — e ergueu os olhos até a porta do térreo.

Naruto reconheceu a silhueta esguia por trás do moletom e aquiesceu, sentindo o desejo sobrepor seu bom senso então invocando-o antes mesmo que fosse capaz de pensar.

— Sasuke.

O rapaz de cabelos escuros por trás do capuz prendeu o fôlego, impedido de entrar em casa.

Depois que Sasuke fez o possível para evitá-lo durante um dia inteiro, ele tinha esperança de que seu vizinho excêntrico deixasse de ser um incômodo. No entanto, o Uchiha não tinha ideia do que poderia ser tão urgente a ponto de Naruto chamá-lo agora, há uma distância de um pouco mais de dois metros.

A contragosto, o Uchiha largou a maçaneta da porta, girando os tornozelos em direção daquela vozinha irritante, e sentiu o arrepio desagradável na espinha enquanto olhava para ele com uma expressão de "o que é?". No entanto, no momento em que seus olhos escuros foram de encontro ao lampejo de necessidade nos olhos azuis, seu semblante cruel rapidamente se dissipou.

Naruto sustentou os olhos de Sasuke nos seus. Talvez não soubesse bem o que estava fazendo, mas ainda parecia aliviado. Os olhinhos sorridentes e as maçãs enrubescidas.

Estava contente por vê-lo.

— Durma bem.

Ele murmurou timidamente. Despretensioso.

Sasuke piscou os cílios e ficou atordoado por alguns milésimos segundos.

Naruto apareceu ali só para lhe dizer isso?

O moreno travou o maxilar, indignado, e bateu a porta logo em seguida.

Naruto encolheu os ombros, sem saber o que havia causado essa reação, e ficou olhando para frente com cara de bobo por mais uns cinco ou seis minutos, depois esmorecendo e dando as costas de modo tristonho.

Antes que Naruto pudesse ir embora, ligeiramente desapontado, a porta voltou a abrir novamente, revelando um moreno de olhinhos perdidos e conflitosos.

Era a primeira vez que Naruto via Sasuke desorientado.

Meias.

— O que?

— Está esfriando... — Sasuke murmurou para fora, forçando um semblante arrogante, mas escondido no batente da porta como uma criancinha perdida — Não esqueça de vestir suas meias.

O Uzumaki exprimiu um ruído abafado, ficando igualmente confuso, e um lampejo de curiosidade fê-lo levantar os olhos com relutância.

— Está preocupado comigo, Sasuke?

— Imaginei que sentiria frio à noite.

Resmungou.

O sorrisinho quase imperceptível triunfou gloriosamente nos lábios de Naruto e depois cresceu.

Está preocupado comigo.

———

Quantidade de palavras: 782

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