Dia 5: sushis

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Dia 5: sushis

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Dia 5: sushis

Na noite anterior, quando Naruto havia estragado todas as suas chances de impressionar seu vizinho com suas habilidades de dono de casa, a reviravolta que levou aquela tentativa fracassada de afinidade acarretou em um desfecho inesperadamente interessante, uma vez que Sasuke Uchiha — mesmo depois de todas as trapalhadas de um Naruto Uzumaki — havia permitido alguma aproximação.

Honestamente, Naruto ainda lembrava de como eles se sentaram na varanda e observaram as hortênsias roxas no meio da noite. Naquela ocasião, a voz de Sasuke era mais agradável do que ele imaginava, contornando toda aspereza de sua personalidade mal humorada com algumas gotinhas de adoçantes e um café bem passado. Análogo a isso, Naruto também gostava de como seus planos deram perfeitamente errados, pois tudo foi por água abaixo e várias coisinhas vergonhosas e extremamente constrangedoras foram acometidas para que algo melhor pudesse acontecer no final; como quando Sasuke se abriu minimamente. 

Deste modo, mesmo que as coisas corressem conforme o planejamento inicial, talvez a totalidade daqueles eventos nem mesmo tivessem superado o sucesso daquela primeira tentativa.

No entanto, posto que houvesse certo trunfo em ter dado um pequeno passo em direção a conquista daquele rapaz enigmático, Naruto ainda sentia que não era o bastante. E muito embora ele não desejasse se precipitar e, vulgarmente, apressar as coisas com seu vizinho desconhecido, a simples ideia de ir mais devagar lhe causava aflição, uma vez que mal via a hora de poder finalmente conhecê-lo.

Então, com isso em mente, assim que o loiro chegou do estágio, Naruto apenas removeu os sapatos na entrada da casa e não trocou as roupas antes de correr para a varandinha do seu andar, buscando o Uchiha com os olhos até que finalmente o encontrasse lá embaixo: bonito e reservado.

Sasuke estava lendo um livro no quintal, sentado de modo preguiçoso numa toalha de praia sobre a grama quando levantou as sobrancelhas presunçosamente ao encontrar os olhos azuis, torcendo os lábios de modo descontente e mantendo aquela expressão impaciente que dizia “o que é?”.

O loiro sorriu para ele, afrouxando a gravata, e lhe mostrou a sacolinha da loja de conveniências que tinha nas mãos, num convite silencioso.

×××

— Você gosta de sushi? — O Uzumaki indagou amigavelmente, depois de acomodar o traseiro em uma das almofadas de crochê em frente a mesinha de centro da sala de estar.

— Eu sou japonês nativo, você realmente quer uma resposta?

O loiro sorriu com alívio.

— Então, por favor, coma bastante! — Naruto incentivou — Eu passei numa lojinha aqui do lado e lembrei de você. Como eu não sabia se já tinha jantado, e nem o que gostava de jantar, apostei na escolha mais óbvia.

O Uzumaki removeu a tampa plástica do embrulho acoplado a pequena porção de niguiri, futomaki e uramaki.

— Você consome industrializados? — O loiro indagou — Eu sei que não se compara com a boa e velha comida caseira, claro! E sei que também não é saudável... Mas comer esses venenos industriais de vez em quando também é gostoso! — Naruto continuou tagarelando de forma entusiasmada e então abriu uma lata de cerveja, pensando que o álcool era uma ótima forma de criar um vínculo e, ao mesmo tempo, descontrair.

O mais velho encarou o rosto bem intencionado do rapaz de cílios loiros, aceitando sua oferta e erguendo o copo em sua direção, retribuindo uma reverência gentil antes de depositar a bebida na mesa e depois acompanhar Naruto naquela refeição.

Enquanto comiam, acomodados em um silêncio casual, a rádio de pilha amarelinha que ficava no batente tocava uma canção agradável e o Uzumaki não pôde evitar caçar nas feições do Uchiha qualquer vestígio de alegria, pois Sasuke não era o tipo de cara que comenta sobre aquilo que está comendo. Todavia, Naruto era o tipo que gostava de ouvir as pessoas falarem sobre o prato — mesmo que a comida nem tenha sido preparada por ele, em primeiro lugar…

Entretanto, embora quisesse perguntar se o futomaki estava gostoso, o brilho visível naquelas bochechas gordinhas dispensavam qualquer indagação, fazendo o Uzumaki se lembrar de todas as vezes que a senhora Kushina lhe ensinara que boas pessoas nunca desperdiçam comida gostosa.

O loiro aquiesceu, terminando a lata de cerveja e um sentimento muito puro de afeição lhe atingiu, flagrando o momento certo em que o par de hashis prateadas arrastando o último niguiri em direção a sua tigela.

— Pra mim?

Naruto sorriu e o moreno não esboçou nenhuma reação, levantando do chão e levando todos os pratos vazios para a pia enquanto Naruto terminava de comer, descartava o lixo lá fora e voltava até a cozinha para lhe ajudar.

O Uzumaki esfregou as mãozinhas oleosas nos shorts e se acomodou ao lado de Sasuke para pegar as tigelas úmidas, enxugá-las com o pano de prato, e guardá-las no armário: tão natural que parecia parte de uma rotina de longos anos.

— Por que fica me observando? — Sasuke rompeu o silêncio após um tempo, desistindo de ignorar o Uzumaki. 

Sasuke finalizou as últimas lavagens e colocou uma mecha rebelde atrás da orelha, mas a íris de Naruto nunca deixou seu rosto.

— Gosto de você

Naruto murmurou docemente.

— Desgoste.

— Não tô afim. 

Sasuke fez uma careta.

— Te acho gentil.

— Mas não sou.

— É.

— Não sou.

— Você é — Naruto insistiu e Sasuke finalmente parou o que estava fazendo para observar o rapazinho baixa estaura e íris delicadas, lhe direcionando um olhar sério e empurrando o último prato em direção ao peito do Uzumaki.

— Eu não sou — Disse secamente, com um olhar de advertência. — E caso insista nisso, você não vai demorar a entender o porquê.

O aviso de Sasuke era bem claro: “não se aproxime de mim”Todavia, Naruto Uzumaki nunca desiste facilmente.

— Você é muito gentil, Sasuke. E não posso evitar gostar de você.

———

Quantidade de palavras: 998

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