Capítulo 9.

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— Você gostaria de comer alguma coisa?

— Não, Mipsy, obrigado, não estou com fome.

— Talvez você queira sair da cama e tomar um banho?

— Não, Mipsy, estou bem assim.

Um momento de silêncio. — O Mestre foi embora junto com o Sr. Zabini, então a Mansão é toda para você, senhorita.

— Isso é ótimo, Mipsy, mas não estou com disposição.

A elfa ficou parada ao lado da cama de Hermione por alguns minutos, pensando no que mais dizer a Hermione, que estava deitada em sua cama por uma noite inteira e um dia inteiro, recusando-se a se levantar. Tudo o que Hermione lembrava da noite de tortura, depois que ela terminou, era como alguém agarrou seu corpo imobilizado e o jogou por cima do ombro. Ela não conseguia se mexer, não conseguia gritar, mas sabia que quem a carregava não era o High Reeve - o corpo desse homem parecia diferente. Somente quando ele a deitou em sua cama é que ela viu seu rosto, metade dele envolto em sombras - o rosto de Blaise Zabini, carrancudo e sério. Ele a fez beber um frasco de caldo de insônia que Mipsy havia trazido, e ela viu os lábios dele se moverem, mas não ouviu uma única palavra que ele lhe disse.

A última coisa que Hermione pensou antes de se afogar no sono foi em Zabini. Ele também costumava ser amigo de Pansy, ela os viu juntos mais de uma vez, então como ele pôde ficar ao lado dela e não fazer nada enquanto ela estava sendo torturada e, por fim, morta?

Ela não conseguia entender. Mas caiu no sono.

Quando acordou, Zabini tinha ido embora.

Desde então, Hermione não fez nada, apenas ficou olhando para a parede, ou para a janela, ou para o teto quando se virava. Nas primeiras dez horas, Mipsy não saiu do seu lado, mas Hermione recusou tudo o que ela lhe ofereceu, então, depois de muitos suspiros, a elfa finalmente a deixou em paz.

Se Mipsy estava dizendo a verdade e o High Reeve estava fora, Hermione não tinha muito tempo disponível e precisava se apressar. Ela pulou rapidamente da cama e vestiu a primeira coisa que conseguiu pegar. Passou mais dez minutos procurando Bichento, cantando baixinho o nome dele, mesmo quando tudo o que ela queria era gritar de terror. Ela encontrou o gato, pegou-o nos braços e saiu direto da mansão sem levar mais nada com ela, sem voltar atrás uma única vez.

Ela passou correndo pela porta, desceu as escadas e tentou aparatar pela primeira vez da mesma forma que o High Reeve a havia aparatado quando a trouxe para cá há mais de um mês. Hermione estava pensando em Hogwarts e sentiu um puxão familiar na parte inferior do corpo, mas nem um momento depois, uma dor horrível e sanguinolenta atravessou sua mão esquerda. Ela gritou, caindo no chão, tentando não machucar Crookshanks no caminho. Olhou em volta, gemendo de dor, e percebeu com pavor que havia avançado apenas alguns passos. Ela ainda estava perto dos portões da Mansão Malfoy.

Hermione gemeu, levantou-se e tentou aparatar novamente. Dessa vez, a dor não atingiu apenas a mão, mas todo o lado esquerdo do corpo, forçando-a a gritar de agonia. Crookshanks, aterrorizado, uivou em seus braços quando ela caiu no chão novamente, batendo a cabeça. Hermione abriu os olhos - ela não tinha ido muito mais longe do que quando começou.

Primeiro, ela olhou para a mão esquerda, onde estava o anel. Todo o seu braço estava agora muito machucado, lembrando uma maçã enegrecida. Ela quase não sentia nada.

Hermione se levantou e olhou para os portões, ignorando a dor.

— Mipsy —, disse ela.

Pop. — Sim, senhorita?

— Abra os portões para mim — exigiu Hermione calmamente.

Ela viu os grandes olhos de Mipsy se arregalarem. — Mas eu não posso fazer isso, senhorita... Não tenho permissão para isso...

Dragon's Heartstrings | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora