Capítulo 15.

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Hermione ficou na porta por mais dez minutos depois que Malfoy saiu, esperando tolamente que ele voltasse. Ele não voltou. Ela voltou para a sala de estar, pegou as duas garrafas vazias - uma para cada um deles - e jogou-as no lixo, enquanto colocava a garrafa ainda cheia de volta no lugar de onde Malfoy a havia tirado. Mipsy se ofereceu para fazer tudo sozinha ou pelo menos ajudar, mas Hermione queria fazer isso sozinha - isso ajudava a limpar sua mente e não a deixava entrar em pânico.

Ela foi para o quarto, sabendo perfeitamente que não iria dormir, não quando Malfoy estava com Voldemort, à mercê de Voldemort, mas ainda assim queria vestir roupas limpas enquanto esperava por ele. Tirou a blusa que estava rasgada e que ela consertou com um simples amuleto de costura, e vestiu uma camiseta simples que usara da última vez quando estava no sofá com a mãe em frente à TV. Ela sentia falta daqueles momentos, e a camiseta lhe trazia algum conforto. Ela voltou para a sala de estar onde eles estavam bebendo e sentou-se no chão em frente à lareira para esperar por ele.

Algum tempo depois, Hermione adormeceu. Ela abriu os olhos e viu que o tempo estava nublado lá fora, mas ela ainda podia dizer que era meio-dia. Ela chamou por Malfoy, mas Mipsy disse que ele ainda não havia voltado. O medo tomou conta de Hermione, mas ela tentou dizer a si mesma que Voldemort provavelmente havia dado a Malfoy algum trabalho para fazer, por isso ele não estava voltando. Ela esperou ansiosamente o dia inteiro. Mipsy lhe ofereceu comida e bebida, mas Hermione recusou tudo - ela não seria capaz de engolir nada até que Malfoy estivesse em casa.

Já era noite novamente e Hermione girava em círculos ansiosos pela sala de estar, roendo as unhas e a pele ao redor delas até que seus dedos sangrassem. Naquele momento, ela ouviu um som de queda, como se alguém tivesse batido em alguma coisa no saguão, o que a deixou desconfiada, pois Malfoy nunca fazia nenhum som quando aparatava em casa - ele sabia como sair e voltar silenciosamente como um fantasma.

Hermione correu para o saguão, seu instinto tomando conta. E lá ela o viu, Malfoy, parado no meio do espaço, com a mesma aparência que tinha quando saiu. Hermione relaxou antes que o pavor a invadisse mais uma vez, dessa vez com extrema ferocidade, ao perceber que algo não estava certo. Ele não estava mais como antes. Hermione observou suas vestes pretas, sua máscara, e tudo parecia igual, mas seus pés estavam instáveis no chão, seu corpo se inclinava para a esquerda de forma anormal e a varinha que ele segurava em sua mão enluvada tremia.

Com essa mesma mão trêmula, Malfoy tirou a máscara e Hermione viu seu rosto - cinza, suado, as sombras azuladas sob os olhos ainda mais profundas. Seu rosto não expressava nenhuma emoção, como se ele ainda estivesse na presença de Voldemort, tentando esconder dele todos os seus pensamentos e sentimentos, mostrando apenas sua fachada de sangue frio e insensível.

Hermione foi até ele, segurando-o pelos ombros com suavidade. — O que aconteceu com você? — perguntou ela, sua voz vulnerável como uma ferida aberta.

Malfoy sibilou e gemeu ao tentar se endireitar quando ela o segurou com mais força, sentindo seus músculos tremerem sob os dedos dela. — Eu estou bem, Granger — ele cerrou os dentes. — Pare de se preocupar. — Suas palavras saíram arrastadas, distorcidas pela agonia.

Ele começou a andar, mas quase perdeu o equilíbrio, então Hermione correu para o lado dele e o forçou a se apoiar nela.

— Obviamente, você não está bem — disse Hermione enquanto o levava para um dos aposentos no andar térreo, pois duvidava que ele fosse capaz de subir as escadas nessas condições. Ela teve que sentá-lo à força em uma poltrona enquanto ele tentava lutar contra ela, mas estava fraco demais para fazer qualquer coisa, apenas fazendo uma careta quando ela o sentou. — Diga-me o que aconteceu — ela exigiu. — Onde você se machucou?

Dragon's Heartstrings | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora