Capítulo 16.

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Em algum momento daquela primeira noite, a exaustão começou a tomar conta de Hermione. Ela olhou para a parte superior do corpo exposta de Malfoy e percebeu que era a primeira vez que o via nu. Ao inspecionar mais de perto, ela viu que a pele das costas dele estava marcada não apenas com runas, mas com várias outras cicatrizes - algumas mais profundas, outras mais superficiais, muitas delas causadas por magia negra ou veneno. Hermione se arrepiou, pensando em todo o tormento pelo qual ele havia passado durante aqueles cinco anos. Pensou em como a primeira vez que o viu seminu poderia ter sido naquela noite em que eles estavam prestes a cruzar todos os limites, se Voldemort não o tivesse chamado. Ela teria examinado a pele e os músculos dele não com pena, não com culpa, mas com paixão, com desejo, com uma sede profunda de conhecer todas as suas características físicas. Ela teria tocado suas costas não como uma curandeira para tratar seus ferimentos, mas como uma mulher, acariciando a pele de um homem para alimentar seu desejo.

Agora, tudo isso foi perdido. Ela nunca terá a chance de vê-lo pela primeira vez. Ela sempre se lembrará da noite passada como a vez em que o viu sem roupa.

Depois de se certificar de que Malfoy estava realmente dormindo e não estava mais tenso de dor, ela fechou os olhos por um momento, deitando-se no chão ao lado dele para que pudesse ouvir e sentir se ele acordasse.

Ela acordou algumas horas depois. Ainda estava escuro lá fora, mas o relógio mostrava cinco da manhã, então ela achou que o melhor seria levar Malfoy para sua cama - ele não poderia ficar no chão até se curar completamente. Ela ainda estava com muito medo de levitá-lo completamente, então usou o Wingardium Leviosa apenas para segurá-lo, puxando a maior parte do peso do corpo dele sobre ela. Mipsy correu para ajudar com seu próprio feitiço de levitação e, de alguma forma, elas conseguiram levar Malfoy para o quarto dele. Hermione usou o encanto de amortecimento para colocá-lo em sua cama com mais facilidade. Ele gemeu quando sua frente tocou a roupa de cama, mas não acordou. Hermione o aconchegou, tomando cuidado para não tocar em suas costas destruídas, enquanto Bichento se enrolava ao seu lado, miando baixinho, e Hermione não o afastou. Depois, ela foi limpar a sala de estar de todo o sangue e veneno.

Ela dormiu algumas horas em seu próprio quarto antes de lançar um feitiço Homenum Connectare em um espelho que levou consigo e em uma escova de cabelo que deixou no quarto de Malfoy para ouvir se ele acordava ou sentia dor. Essas poucas horas foram tranquilas, pois Malfoy ainda dormia aparentemente em paz quando ela acordou.

Felizmente, Malfoy acordou com Hermione ao seu lado. Seus olhos se abriram e a primeira coisa que ele fez foi tentar se sentar - Hermione queria impedi-lo, mas ele já estava sentado, olhando ao redor como um animal irritado.

— Ei, ei, está tudo bem — ela falou suavemente, tocando o ombro dele. Ela sabia que ele devia estar se lembrando da horrível tortura que sofreu logo antes de desmaiar. — Está tudo bem, você está seguro. Você-sabe-quem não está aqui.

Malfoy piscou os olhos, com o reconhecimento se manifestando em suas feições. Ele olhou ao redor da sala, a irritação foi trocada por aquela não expressão. Ele tentou se sentar mais confortavelmente, mas não conseguia apoiar as costas no encosto da cabeceira, então teve que se virar para o lado. Hermione inspecionou seu rosto, tentando ver se ele poderia ter sido afetado pelo cruel feitiço de Aversão.

— Como está se sentindo? — perguntou ela.

Malfoy cerrou os dentes. — Bem.

Hermione franziu a testa. — Você diz que está bem quase todas as vezes que eu pergunto, mas sempre acaba sendo o contrário. — Ela estendeu a mão, colocando-a sobre a dele. Felizmente, ele não a retirou. — Diga-me como você realmente se sente. Se estiver sentindo alguma dor, posso lhe trazer uma poção para ajudar. Se as feridas ainda doerem, posso fazer mais encantos de cura...

Dragon's Heartstrings | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora