Capítulo 29.

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Hermione não se lembrava de como eles haviam voltado para casa. Tudo o que ela podia dizer com certeza era a firmeza do corpo dele sobre o dela, a sensação de sua presença ao lado dela, e o resto não importava, tudo o que importava para ela era que ele estava lá, são e salvo, e livre.

Eles eram livres.

Voldemort estava morto.

Isso ainda não parecia real.

Hermione não queria pensar nisso. O fato de estar viva e de ter Draco ao seu lado era um milagre por si só, e ela sentia a necessidade de ser grata por isso, mesmo com um cérebro que não queria nada além de desligar.

Ela só voltou à consciência quando Draco, de alguma forma, a levou para o banheiro sem que ela soubesse, e o som da água enchendo a enorme banheira a fez piscar de volta à realidade. Os braços relaxantes de Draco a acariciavam, verificando suavemente se havia algum ferimento. Ao perceber que ela estava fora de si, ele colocou a mão em sua bochecha, fazendo com que ela se concentrasse nele.

— Ei — ele sussurrou. — Você está bem? Está machucada?

Hermione o encarou por um longo momento, sem entender suas palavras.

— Não — respondeu ela por fim. — Acho que estou em choque. — Esse diagnóstico era verdadeiro, mas, assim como as próprias palavras, parecia muito distante de Hermione.

Draco assentiu, como se fosse de se esperar um estado de choque depois de uma experiência como aquela. E talvez fosse mesmo.

— Vou ajudá-la a tirar suas roupas e você vai se lavar, está bem?

Hermione agarrou os antebraços dele instintivamente. — Você vai se lavar também?

Ele a observou por alguns segundos e depois assentiu. Ele estava coberto de cinzas e sua pele pálida agora parecia cinzenta; Hermione sabia que ela parecia igualmente desgrenhada.

Draco tirou suas roupas lentamente e a ajudou a entrar na banheira com firmeza - ele era totalmente o oposto de sua estrutura trêmula. Ela não sabia por que estava tremendo, por que não conseguia falar mais do que algumas palavras, por que tudo isso era tão difícil de entender - mas o choque fazia com que tudo perdesse o sentido.

Draco se apressou em se despir e entrou na banheira ao lado de Hermione, que se enroscou em seus braços no momento em que sentiu o calor do corpo dele - e ele a abraçou com força, com amor, com ternura, enquanto ela se aconchegava em seu peito.

Ele lavou o corpo dela com um sabonete de cheiro agradável, sem nunca deixar que suas mãos se desviassem para outros territórios. Hermione ficou feliz por ele estar agindo, pois sabia que era inadequada no momento. Ele não lhe perguntou nada porque ela não seria capaz de responder, e as pequenas palavras que ele disse foram suaves, simples, vulneráveis, como se estivesse se dirigindo a uma criança. As coisas pelas quais ela passou nos últimos dias trouxeram Hermione de volta à tabula rasa - um vazio completo que era entorpecente e ao mesmo tempo aliviante.

Quando ambos estavam limpos, Draco a secou com uma toalha e, pegando a mão dela, levou-a para a cama, colocou sua camiseta mais macia sobre ela e a incentivou a dormir, o que Hermione concordou em fazer somente com ele ao seu lado.

Ela caiu no sono tão pesadamente quanto um navio é colocado no oceano pela primeira vez desde que foi construído. Ela se contorcia e chutava durante o sono, lutando contra a sonolência, apesar de estar exausta. Sonhou com fogo, com o veneno de Nagini correndo em suas veias, com os olhos vermelhos de Voldemort.

Ela acordou gritando, mas Draco estava lá para acalmá-la.

— Shh, está tudo bem, você está segura, eu estou bem aqui — disse ele, acalmando-a e beijando sua testa. Quando ela adormeceu novamente, o sono foi leve e suave, e ela não teve nenhum pesadelo.

Dragon's Heartstrings | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora