Inocência do coração

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Esqueci-me de como era estar com borboletas na barriga, de ter uma ânsia por ouvir e olhar para alguém. Digamos que esse sentimento, embora novo não seja, esteja a ser tratado como tal. É recente, foi instantâneo e ainda por cima fora do meu controle.

Conhecendo-me, entro em negação com esta mixórdia toda porque é demais. Parece que abri uma porta para um sentimento já há um tempo à espera, que era so preciso ser a altura certa para se revelar e, quando chegou, foi intenso.
Não sei se o gatilho foi o som da sua voz, a sua paciência, a sua compreensão pela minha mente confusa ou se simplesmente a sua existência causou tudo isto.
Talvez tenha sido o seu humor, a sua energia extrovertidamente (será que que isto é sequer uma palavra?) intensa contrastante com a minha intensidade interior. Talvez tenha sido o seu carinho e atenção às palavras que me fez sentir ouvida que fez o truque...
De momento, não sei o que foi que libertou esta sensação já familiar porém desconhecida, e se calhar eu não consigo justificar mesmo porque é que apareceu. Só chegou, sentou-se no sofá dos pensamentos e lá se alojou, todo confortável, ao parecer que tinha acabado de chegar a casa de uma viagem longínqua cujo destino permanece desconhecido. Mas está cá. Indiscretamente discreto, marca a sua presença e asserta a sua dominância no meu sistema nervoso ao controlar palavras, a minha face e o meu riso.
Obviamente também controla a minha mente senão não estaria a escrever isto às 7 da manhã num comboio.
Sentimentos adolescentes são lixados.

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