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Na concepção coletiva, a morte é visualizada como uma presença masculina, caçador implacável. No entanto, nessa percepção compartilhada, reside um equívoco. A morte não é um homem, mas sim uma mulher, tecendo os destinos com uma delicadeza ímpar.

Sua abordagem é silenciosa, uma dança sutil nas sombras. Embora muitos presumam a figura do ceifador como masculina, é na verdade uma dama, a arquiteta de nossos destinos finais.

Seu toque, suave como folhas que caem, atravessa o véu do desconhecido. A mortalidade é por ela delineada na trama do tempo, um papel eternamente desempenhado com uma mistura de graça e poder.

Quebremos a ilusão, desfaçamos o véu que esconde a verdade. A morte, uma mulher, desempenha seu papel no palco do mistério, guiando-nos através da dança infindável entre a vida e o desconhecido. Seu nome é Morana.

A paz de Morana foi perturbada por quatro garotos que ousaram brincar com seu espírito está noite. Sua serenidade quebrada, como um eco distante do trovão, revelando uma fúria contida. Os risos infantis tornaram-se notas desafinadas, provocando um descontentamento que paira sobre seu ser.

Os garotos, inadvertidamente, despertaram a ira da dama enigmática. Seu espírito, normalmente tranquilo, agora agitado como um mar tempestuoso. Cada riso, uma gota de irritação que fermenta em seu interior, recordando aos imprudentes brincantes que o encanto de Morana é permeado por uma reserva de força inesperada.

O servo de Morana, ciente da ira que se acende, ousa aconselhar.

— Senhora, não vá ao mundo dos mortais por causa desses quatro garotos. Sua presença transcende a frivolidade humana, e a vingança pode obscurecer sua essência. Deixe que o tempo desvende seu próprio destino, enquanto sua grandeza permanece inalterada. — diz ele, com medo que Morana fizesse algo.

Os olhos esverdeados de Morana, normalmente serenos, agora se obscureciam de raiva sob o capuz. As palavras do servo ressoavam em sua mente, uma advertência sensata que competia com a fúria que pulsava em seu ser.

No entanto, o fato dos garotos brincarem com a morte enquanto vidas se perdiam constantemente acendeu uma ira que não podia ser contida. A dualidade de Morana, entre a compreensão e a indignação, tornou-se evidente enquanto ela, contra a sábia sugestão do servo, considerava enfrentar os intrépidos brincantes e ensinar-lhes uma lição sobre o peso de suas ações.

Com olhos agora tingidos de determinação, Morana responde ao seu servo.

— Por mais sábio que seja o seu conselho Vincent, vou ao mundo dos mortais. Estão brincando com o meu nome, e é hora de ensiná-los o peso de carregar este nome. Irei deixá-los brincar com meu nome está noite, mas entenderão que na dança comigo, há um preço a ser pago. — E, com essa promessa, Morana se vira deixando o servo em choque com medo do que ela poderá fazer com os garotos.

Vincent grita, implorando piedade aos garotos, mas o sorriso de Morana revela uma decisão inabalável. Sua mente, agora inquietante, pondera sobre qual dos garotos será o primeiro a enfrentar as consequências. A promessa de justiça, tingida com a sombra de seu sorriso, prenuncia um encontro inevitável com a mortalidade que eles, de maneira imprudente, buscaram desafiar.

...

Na sala de estar, os quatro garotos riem, mergulhados em sua brincadeira, alheios à sombra que se aproxima. A morte, para eles, é apenas uma fantasia distante, uma ideia que não toma forma real.

Enquanto suas risadas preenchem o ambiente, Morana observa, cada vez mais próxima, seu sorriso persistindo como um presságio silencioso. A dança entre a inocência e a inevitabilidade se desenrola, e a sala de estar torna-se o palco onde o jogo dos garotos com a morte alcançará um desfecho inesperado.

A morte (1º Livro da Triologia Renascer)Onde histórias criam vida. Descubra agora