Em uma quarta-feira qualquer de uma noite de desagrados, Raquel decidiu ir em um bar após o trabalho, onde conheceu um homem charmoso e se envolveu com ele em um banheiro. Meses depois, ela, como juíza, recebeu o caso de um agiota, sem saber que ele...
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Sua voz me gritando chega antes mesmo dos seus cabelos loiros esvoaçantes em meu quarto. Sua figura aparece no banheiro, seus olhos passam por toda a minha estrutura corporal e seus braços cruzam.
— Você que entrou aqui, o espaço é meu – me defendo, largando o barbeador.
— Não estou incrédula com o fato que você está de toalha na minha frente, estou incrédula com o fato que você ainda não está arrumado, Briar Koa.
— Eu estou chegando lá. — Encaro-a pelo reflexo do espelho. — Você está linda.
Raquel está usando uma calça preta, uma camisa de mangas longas transparente e um top preto por baixo, nos pés um salto preto. Seu cabelo loiro está preso em um rabo de cavalo baixo, seus lábios estão pintados de vermelho e o colar que eu lhe dei brilha em seu pescoço.
— Não posso dizer o mesmo de você que ainda não se vestiu. — Seus passos se movem em minha direção. — O que é isso? — Ela aponta para a minha cabeça.
— O que? Durag? — Aponto para a touca em minha cabeça. — Para fazer waves.
— Entendi. Falta muito para você acabar?
— Você acha que minha barba está apresentável? — Encaro-a ao meu lado.
— Não.
— Então tem sua resposta.
— Ok, deixa eu te ajudar. — Ela pega o barbeador.
Comprimo os lábios.
— Eu tenho um irmão, eu já o ajudei.
— Tudo bem — Dou um passo para trás, vendo-a se colocar na minha frente. —, mas lembre-se que eu sairei ao seu lado.
— Eu não vou te deixar feio. — Um sorriso aparece em seu rosto. — Isso seria impossível.
— Ah, você me acha bonito? — Coloco minhas mãos na pia atrás dela, prendendo-a.
— Dá pro gasto. — Ela dá de ombros.
— Dou pro gasto? — Abro um sorriso ladino. — Isso é um progresso, meritíssima.
— Você é tão presunçoso. — Seus dedos agarram meu queixo e ela puxa meu rosto, seus olhos se prendem nos meus lábios. — Fique quietinho, Briar — ela sussurra.
Ela liga o barbeador e começa a passá-lo primeiro em meu pescoço. Eu a observo, ela está tão concentrada, mal percebe que sua outra mão está fazendo carinho na minha bochecha com o polegar. Seus olhos vacilam para os meus quando ela passa o barbeador em outro lugar, um sorriso aparece em seu rosto, automaticamente me faz sorriso.
Eu nunca parei para pensar que o ato de alguém te ajudar a barbear pode ser tão íntimo, afinal duas pessoas estarem tantos minutos próximas e correndo o grande risco de se olharem nos olhos, que sempre confessam tudo antes da boca, pode demonstrar tanta coisa. É isso, os olhos realmente não mentem, e os meus principalmente, porque eles não saem da juíza e todos os seus traços.
