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 Atordoada, fazendo a conta matemática em minha cabeça, enquanto passava em cada sessão de tortura... Era um pior que o outro... Sentia sangue escorrer em meus lábios, mãos e principalmente... Pernas, onde sentia aos poucos alguém fazer pequenos cortes e cutucar com sal... A venda em meu rosto estava completamente molhado de lágrimas que escorria em meu rosto...

Eu salivava em busca de sanidade... Vezes ou outra, sentia-me sem consciência, como se algo tomasse conta do meu corpo... E nesses momentos, eu ouvia "Está rindo por que?!" E então a tortura se intensificava cada vez mais...

Meus pés descalços, completamente molhados pela bacia de água que havia ali, em voltagens baixas, jogavam certas ferramentas que permitia-me sentir uma onda de choque incessante e horrorosa... Socos, tapas... Cortes e sangue em meu rosto, saliva misturada com o líquido vermelho de sabor metálico... Eu já não sabia se eu estava prestes a morrer ou não...

Não sei por quanto tempo fiquei aqui, neste lugar sujo e torturante... Prendiam minha cabeça, me fazendo "olhar" para cima... E então gotas de água iniciaram a cair em minha testa... De início era suportável, até a sextagesima quinta gota cair... E mesmo passando por cada tortura, permaneci quieta.

- Ela não respondeu nem a primeira pergunta, acha que ela vai falar? - Um homem disse, sua voz era mais jovial...

O homem esbravejou, e mais uma vez, depositou sua raiva, ódio e força em meu estômago, com um soco certeiro, me fazendo curvar em busca de fôlego... E pela primeira vez... Rezei para que alguém ouvisse meus pensamentos, minhas preces e meus sentimentos... Corroídos e agora, cada vez mais estilhaçados.

- Sete mil menos noventa e oito. - O homem ordenou... Procurando saber se eu estava lúcida.

- Seis mil novecentos e dois... - Disse o respondendo no mesmo instante.

- Dividido por quatro.

- Mil... Setecentos e vinte e cinto...

O homem permaneceu quieto, deixando-me mais agoniada... Então apenas senti outro soco em meu estômago.

"Surpreendo-me de não ter vomitado."

Comentei em meus pensamentos, em busca de mais fôlego, logo ouvi passos se aproximar... Colocando a mão em meu ombro.

- Isso não é jeito de tratar uma dama. - Um homem disse.

"Merda, eu reconheço sua voz."

- Vocês são extremamente repugnantes. - O mesmo homem disse.

Ninguém ousou responder, logo senti o homem retirar minha venda, me fazendo olhar diretamente em suas orbes violetas... Ele possui cabelos negros e ligeiramente longos, seu sotaque russo com o Japonês, entregou...

"Foi você quem atendeu o telefone..."

Meus olhos estavam extremamente cansados, apenas senti-me cair contra o ombro do rapaz... Ele segurou meu rosto e me encostou levemente contra a cadeira, limpando com um lenço meu sangue e saliva, colocando meus sapatos e ajudando-me a levantar... Ao arredor, pude notar todos curvando-se para este rapaz...

- Fyodor Dostoyevsky... - Ele se apresentou. - Eu sei quem você é... Yozoru.

- Heh...

Então desmaiei em seu colo... Seja lá quanto tempo eu estava naquele lugar... Parecia uma eternidade...

- Sim, a rainha está comigo.
- É esta garota?... Pensava que era uma...
- Uma mulher? Acredite, ela é barra-pesada.
- Huh? Como assim?
- Aguentou uma semana e meia em sessões de torturas.

Despertei, notando o quarto enorme e luxuoso... Certamente, aquilo não era minha casa... O clima estava extremamente frio, como se eu tivesse pulado em piscina em meio ao inverno.

- A senhorita acordou...
- Onde estou?
- Não reconhece Moscou?
- O que?...

Me senti desestabilizada... Por quanto tempo fiquei desacordada?...

- Já sei o que vai perguntar... Você estava em um coma por quase um mês e meio, suas costelas estavam fraturadas, os cortes nas suas pernas também foram tratados, logo você ficará nova em folha.

- Eu preciso voltar pra Yokoham-
- Negativo. Você não vai voltar pra Yokohama. - Fyodor disse frio. - Arrisque-se... Volte e eu mato Akutagawa e qual era o nome do outro... Ah, o Nakajima.
- Desgraçado...

 Certamente... Fui impedida de voltar para casa, onde agora serei considerada traidora pela máfia, e certamente... Um fantasma pelo meus amigos...
































 Já fazem seis meses desde que a "Bride" foi para a Rússia... Não pude receber nem um adeus... Dazai disse que ela voltaria em uma semana mas, algo me diz que ela não volta mais.

- Que perca enorme... Odasaku morreu, Dazai se retirou da máfia e a "Bride" está desaparecida... - Comentei frustrado, abrindo meu vinho caro.

Sinto falta dela, da garota mais misteriosa que pude conhecer na máfia, a levei para vários restaurantes inúmeras vezes, mas nunca tive coragem de me confessar... E agora, não sei nem se ela está viva.

- Descontando mágoas, Chuuya? - Kouyou se aproximou de mim, pegando um Sakê da minha adega, logo após de adentrar em meu escritório.

- Adivinha.

- Sabe, conheci pouco a Senhorita Bride, mas tive um enorme vínculo com ela... - Kouyou disse brindando seu sakê com o meu vinho.

- Acredite, também a conheci pouco, mas o suficiente pra gostar dela. - Comentei, fazendo Kouyou revirar os olhos.

- Odeio esse sentimento aí... Somente aqueles que você ama, tem o poder de quebrar seu coração. - Kouyou proferiu, me fazendo olhar ela. - É o que dizem.

- Sinceramente, minha felicidade aumentou desde que Dazai saiu da máfia, odiava olhar aquela carranca dele todos os dias... Principalmente quando ele estava com a "Bride." - Comentei, fazendo Kouyou rir.

- Isso se chama ciúmes, sabia? - Respondeu em risadas baixas.

Kouyou foi uma boa companhia para as noites frias e quietas dentro do prédio da máfia, onde estava movimentado graças a nossa Coringa... Nossa Valete... Minha "Bride"...

Desvencilhei-me desses pensamentos, vendo a carta vermelha em cima de minha mesa, desde que a recebi, não tive coragem de abrir... Eu sabia que era sobre um aviso para considerar "Bride" e Dazai traidores...

Infelizmente, essas cartas não são muito frequentes, mas o suficiente para fazer qualquer homem se sentir abalado, inclusive a mim.

- Tem esperanças dela voltar? - Kouyou perguntou logo após de virar seu sakê.

- Sim, mas não tenho voz para fazer o chefe não considerar ela traidora... Principalmente agora que virei executivo... Queria que ela estivesse aqui quando fui promovido.

Kouyou sorriu e me abraçou, eu a considerava uma irmã muito carinhosa.

𝐏𝐇𝐀𝐍𝐓𝐎𝐌 𝐁𝐑𝐈𝐃𝐄 • Osamu D.Onde histórias criam vida. Descubra agora