OO9 - 悪魔

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 Fyodor olhava-me com certa curiosidade... Enquanto notava as mudanças em meus cabelos, e certamente, em meus olhos.

— Nikolai te irritou tanto a ponto de você descontar no cabelo? - Ele perguntou sarcástico.

Permaneci quieta... Abaixando meu olhar, notando sangue em minhas mãos, estava tão concentrada em odiá-lo, que nem reparei no rasgo que fiz acidentalmente.

— Devia tomar mais cuidado ao quebrar algo... - Ele disse se aproximando, tocando em minhas mãos ensanguentadas.
— Não me toque. - Disse o empurrando, pegando a toalha mais próxima, e saindo daquele banheiro sufocante.

Fyodor ficou ali por alguns instantes... Não adianta o que eu fizesse... Eu jamais sairia daquele cativeiro... Havia câmeras em cada canto deste maldito quarto...

— Você, senhorita Yozoru, quebrou uma regra. - Ele disse olhando no fundo da minha alma.

— Proposital, já tentou me dar privacidade?

Ele riu em sarcasmo, eu odiava esse homem com todas as minhas forças.

— Você só fica calma quando Nikolai está por perto... O que foi? Não vai agradecer-me por ter salvado você das mãos daqueles homens que te torturaram por uma semana e meia seguidos?! - Fyodor concentrou-se em seu humor, frio e extremamente intimidador.

Meu silêncio o fez sorrir... Se eu pudesse matá-lo...

— Você pode correr, Yozoru... Mas não pode se esconder, pelo menos, não para sempre. - Ele disse se aproximando, encostando suas mãos gélidas em minhas bochechas.

Mãos dos quais já vi matarem com apenas um toque...
Mãos das quais me aterrorizava.

— Não se esqueça, querida Yorozu... Eu te salvei... Você deve sua vida á mim. - Ele disse frio, enquanto apertava cada vez mais minhas bochechas, forçando-me olhá-lo. — Seja devota.

O empurrei com a força suficiente para soltá-lo de mim... Não sei quando ou como, mas eu estava chorando... Fyodor em instantes saiu do quarto... Enquanto deixava-me chorando a ponto de soluçar naquele quarto frio e escuro...

Inicialmente, eu dizia: "Irei morrer em um lugar frio, escuro e solitário."... Só não pensei que realmente pudesse ocorrer... Sabe-de lá quanto tempo irei sobreviver nesta situação...

Porém... Planos não me faltam...

No dia seguinte, sentei-me na ponta daquela longa mesa, enquanto Fyodor sentou-se na outra ponta.

— Dormiu bem, minha rainha? - Fyodor iniciou.
— Não me chame assim. E sim, bem o suficiente. - Disse sem olhá-lo, focada em cortar aquela maçã.

— Estive pensando no que disse ontem para mim... Realmente, eu devia ser grata por ter me salvado, Fyodor... Desde então, tenho sido rude, fria e distante... - Levantei meu olhar, notando as orbes violetas olharem minha alma. - Me desculpe.

— O que te fez pensar isso? - Perguntou interessado.
— Muitas coisas... Principalmente a maneira que agi ontem... Por puro impulso.
— Entendido.

Senti-me agoniada, notando-o beber um whisky, cujo qual também foi me servido... Porém, apenas mordia minha maçã... Era a única coisa que eu comia...

"Rato imundo com complexo de Jesus... Já sei como agradá-lo."

— Estive pensando, Fyodor... Onde conheceu Nikolai?
— Longa história...
— Ele é uma pessoa divertida... Assassino também?
— Á sangue-frio.

Meus diálogos com ele não poderiam ser nítidos demais, e também não podiam ser muito frequentes... Talvez assim, ele pudesse notar que minhas intenções em agradá-lo somente pra tirar proveito dele, poderiam ir para o ralo.

— Iremos pra Yokohama amanhã. - Fyodor anunciou. — Eu ia te contar amanhã mesmo, mas não confio 100% em você.

— O sentimento é recíproco. - Proferi, recebendo uma risada nasalada do mesmo.

Esperei ansiosamente as horas passarem, mas pareciam uma eternidade... Quando amanheceu, não notei que eu havia passado a noite em claro... Rolando de um lado pro outro...

Não levei mala alguma, somente o cartão preto que eu tanto escondia, afinal, ali estava minhas riquezas... E a prova que eu ainda permanecia na Máfia Portuária...



























— Não sabemos nem se ela está viva, Chuuya. - Mori disse áspero, me fazendo o olhar em negação.

— Lógico que ela está! A "Bride" é uma mulher forte! - Disse, fazendo o homem mais velho suspirar...
— Escute, você precisa superar seu amor de infância, Chuuya... Mesmo que você sonhe com ela todas as noites, já faz quatro anos... Sem nenhum sinal de vida dela... Você mesmo viu, que nem para a Rússia ela realmente foi. - Mori disse em seguida.

— Ela não pode ter sumido... Sem deixar rastros... É impossível, isso é...
— Mas ela conseguiu, Chuuya... Sinto muito, mas nossa Valete está morta. - Mori disse, me fazendo olhar para o chão.

Saí silenciosamente, indo para onde foi feita uma lápide para ela... Onde deixei sua flor favorita, Lírio Aranha-Vermelho... Sentei-me, encostando na lápide da mulher que tanto amei... Minhas lágrimas eram silenciosas, mas extremamente sofridas... Como um grito silencioso.

Olhava a foto em que estavam todos reunidos, cada um, tinha uma cópia dessa foto, incluindo Odasaku...

"Vendo você sorrir assim, parece que você está em paz..."

"— Hoje eu estou, amanhã talvez não."
"— Conhece o restaurante Nagoya? Se quiser, podemos ir lá."
"— E ficar devendo quase 40 mil ienes? Não, obrigada."
"— Hahaha! Dessa vez, eu pago para a senhorita Valete."

Chorei mais ainda, ao relembrar dos diálogos que tive com ela... Com os jantares e com a doce voz dela... A noite caiu como uma pena, recebi uma ligação de Kouyou, me fazendo retornar desesperadamente para o prédio da máfia.

Quando entrei, deparei-me com uma mulher de aproximadamente vinte um, ou vinte e dois anos... Minha idade, seus cabelos eram grisalhos mas com algumas mechas pretas, enquanto sua pele era extremamente pálida...

— Quem é essa? - Perguntei, forçando meu cérebro a trabalhar a semelhança...
— Yozoru Nakajima... Aparentemente, irmã mais velha do homem que Akutagawa tentou matar hoje cedo. - Kouyou disse.
— Quanta coincidência... Por que ela estava aqui? Como encontraram ela?

— Ela estava deitada no tapete da entrada, procurando pelo Akutagawa. - Kouyou olhou para Akutagawa.

Cujo qual parecia conhecer ela de alguma forma... A mulher estava rodeada dos mais membros importantes daquela máfia... Mori, Kouyou, Chuuya e Akutagawa.

Akutagawa olhava intensamente para o rosto dela, vezes ou outras, tocava seu polegar na bochecha dela...

Chuuya o olhou curioso, afinal, nunca viu Akutagawa ter um comportamento menos hostil perto de alguém...

"Nós conhecemos você."

𝐏𝐇𝐀𝐍𝐓𝐎𝐌 𝐁𝐑𝐈𝐃𝐄 • Osamu D.Onde histórias criam vida. Descubra agora