OO4 - 等所も

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 Deitada naquela cama fria de minha casa, onde rolei por seis a sete vezes, tentando encontrar quaisquer resquícios de sono ou algo do tipo, porém falhei miseravelmente. Era aproximadamente cinco da manhã, quando levantei-me e me arrumei, indo diretamente para o abrigo de Odasaku, onde ele acolhia as crianças órfãs; todo dia, eu fazia questão de comprar o café da manhã das crianças. Era algo que me alegrava profundamente.

Ao chegar com uma sacola de pão nos braços, fui recebida por Odasaku, que ajudava-me a guardar os itens que eu trouxe para o - quase banquete - café da manhã.

- Se lembra daquela criança que você resgatou na periferia junto com a irmã? - Odasaku disse.

- Ryūnosuke Akutagawa, e sua irmã Gin Akutagawa... Lembro sim, como não me esquecer, ele agrediu Dazai, fazendo-o quebrar três casas seguidos.

- Ele é uma criança fria, não sei se vou conseguir lidar com ele, "Bride"... Akutagawa tende a ser violento.

- Não se preocupe, Odasaku... Darei um jeito nisso.

Quando virei-me, dei de cara com o jovem Akutagawa, me fazendo pular de susto. Odasaku sorriu ao ver minha reação, segurando internamente sua risada.

- Akutagawa, você me assustou, pensei que estivesse dormindo ainda com as outras crianças. - Disse num sorriso forçado, porém reconfortante.

- Por que não tem medo de mim? - O pequeno perguntou.

- Como é? - O olhei confusa, aproximando-me mais do mesmo.

- Você não teve medo de mim quando se aproximou... Só você e a Gin fizeram isso... - Akutagawa respondeu, fazendo-me olhar para Odasaku... Que já tinha desaparecido do recinto.

"Maldito!"

- Eu não costumo ter medos, Akutagawa. - Menti, mas a verdade é que; nem mesma eu sei do que tenho medo.

Ele resmungou em concordância, sentando-se na minha frente, Akutagawa me olhava... Era como se aquele jovem pudesse ver minha alma...

- Como você se chama? - Ele perguntou.
- Eu não costumo falar meu nome... Mas vou confiar isso em você, Akutagawa...

Aproximei do rosto dele, encostando gentilmente meu nariz na bochecha dele, sussurrando meu nome em seu ouvido.

- Seu nome é bonito... - O garoto disse sincero e direto, num tom de voz áspero e ligeiro.

Recortei uma fatia de pão e adicionei geleia... Akutagawa era o jovem mais próximo á mim...

Mesmo com pouca idade, Dazai o treinava... Mas, algo no treinamento de Dazai dizia que não era somente treinamento... Osamu repudiava aquela criança... Ofendia e humilhava... Ainda sim, fui muito contra-gosto a presenciar tais treinamentos, onde meus suspiros eram frequentemente frustrados e irritados. Chuuya era o único que notava o quanto eu me importava com Akutagawa, ainda sim, me reconfortou.

- Não sabia que a Noiva Fantasma tinha apego pelo garoto. - Chuuya comentou se sentando ao meu lado.

- E não tenho. - Torci o nariz, olhando Osamu e Akutagawa.
- Mentira. - Chuuya disse me fazendo o olhar - Quando você mente, você torce o nariz. Eu te conheço bem o suficiente.

Permaneci calada, vendo pela primeira vez, Akutagawa ter sangue nos olhos... Pela primeira vez pude ver o jovem em um profundo ódio.

- Isso, me odeie, odeie-me a ponto de me matar!! - Osamu anunciou.

- "Bride"... Não se preocupe com Akutagawa... Ele será um homem forte. - Chuuya me reconfortou.
- Não estou preocupada.

Logo após, saí do campo de treinamento, indo diretamente ao meu escritório, entrando em contato com Dominik, o negociante russo.

- Com quem eu falo? - Disse em russo ao notar uma voz diferente.

- Quanto tempo, irmãzinha. - O homem disse em russo, me deixando em completo choque... Após isso comecei a rir...

- Certo, "camarada"... Entregue o telefone para Dominik. - Ordenei em um tom de voz doce.

- É uma pena ******, você mudou até seu nome... - O homem disse meu nome, me fazendo derrubar a caneta.

- Quem é você?! - Esbravejei, sentindo-me observada.
- Não importa. - Disse o homem, em russo.
- Como sabe meu nome? - Respondi ríspida.

- Minha rainha, sei muito sobre você. - Comentou com um leve sarcasmo.

- Você não me disse seu nome.
- Meu nome?... É F- - Fiquei quieta... Ao ver que a ligação havia caído...

"Malditos russos."

Levantei-me atordoada... Abrindo uma garrafa de Whisky que havia em meu escritório, recebendo batidas na porta, ordenei que entrasse, então vi o rosto de Chuuya.

Ele me analisou por alguns segundos, então serviu um copo de Whisky para ele também.

- Está tudo bem? - Perguntou preocupado
- Defina "bem". - Respondi um pouco rude.

Chuuya permaneceu quieto, vendo que o telefone estava fora do gancho, o ruivo era muito observador. Presumiu ser algum problema na Rússia, o que era verdade.

- Eu preciso voltar para a Rússia. - Comentei, recebendo um olhar amedrontado de Chuuya.

- O que? Mal chegou em Yokohama e já vai sair?
- Ele sabe sobre mim... - Comentei.

O ruivo suspirou pesado.

- Escute "Bride", seja lá quem for essa pessoa, não pode ir agora... - Chuuya comentou.

- O que? E por qual razão? - Perguntei curiosa.

- Você acabou de chegar em Yokohama, e já vai embora denovo?... Eu só... - Chuuya parecia reflexivo, procurando palavras pra se expressar.

- Ele disse meu nome.

Chuuya quase cuspiu o Whisky que bebia, mas não fez ao invés disso, se engasgou com a bebida, tossindo fortemente. O Ruivo me olhou incrédulo, sua expressão era de preocupação e interesse.

- Como?!
- É o que eu quero descobrir...




Mais tarde no mesmo dia, já era tarde, ainda sim visitei o abrigo de Odasaku.

- Isso é estranho... - Disse o homem, claramente preocupado.

- Ainda não sei como, mas se nem a máfia tem informações minhas, como podem terem pego algo meu?... Eu só... Não entendo. - Comentei, fazendo Odasaku concordar.

Ficamos conversando por quase duas horas, até que Akutagawa vem em meu encontro, as crianças estavam dentro de uma vã, Odasaku se aproximou, e então notou algo embaixo do veículo, se desesperando instantaneamente... As crianças começaram a chorar dentro daquele veículo, estavam trancadas dentro.

Gritei por Odasaku, cada milésimo, a bomba apitava cada vez mais, até que chegou ao seu limite e explodiu... Pude puxar Odasaku para perto de mim... Mas ao ver o estrago, não pude deixar de me sentir culpada... Odasaku gritou, chorou por aquelas pobre almas que agora foram levadas...

Encontrei-me em prantos, abraçando Odasaku... Olhando ao arredor, procurando alguma pista do suspeito... Porém, nada...

Não pude deixar de ter minha mente me culpando por não ter protegido aquelas crianças...

"Se Akutagawa estivesse... Ele teria os protegido?... Ou teria sido levado?"

𝐏𝐇𝐀𝐍𝐓𝐎𝐌 𝐁𝐑𝐈𝐃𝐄 • Osamu D.Onde histórias criam vida. Descubra agora