Prazer, Axel

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- NÃO IMPORTA, CARALHO. COMO ALGUÉM ENTRA NO APARTAMENTO DELA SEM VOCÊS VEREM? - berro o suficiente para sentir a garganta arder, mas que se foda. Entraram na casa dela - DESCOBRE QUEM ENTROU E CERTIFIQUEM-SE DE QUE MAIS NINGUÉM SE APROXIME DE LÁ SEM QUE EU SAIBA.

Massageio as têmporas tentando me acalmar, os dois homens a minha frente olham para o chão, sei que a culpa não é deles, mas só de pensar que algo poderia ter acontecido a ela.

- Saiam da minha frente e se mais algo do tipo acontecer, arranco a cabeça de vocês

Seguranças: Sim, senhor - eles afirmam, se retirando

Nathan: Mais uma coisa, se notarem movimentações de uma mulher de meia idade, cabelos escuros, capturem e tragam pra mim - eles confirmam com a cabeça - agora, se for um homem ruivo, matem!

Jaque e Marco são dois antigos parceiros, os conheci na cadeia. Quem diria que eles seriam úteis, mas os encontrei anos depois trabalhando numa empresa de segurança. São irmãos e após conseguirem com muita dificuldade a oportunidade, Marco foi demitido após espancar um homem que se aproximou do seu alvo de proteção. Para a empresa aquilo foi um escândalo, para mim, é vantajoso. Ninguém vai tocar num fiapo de cabelo daquela loira e se tentar a sorte, vai morrer, se não pelas mão deles, pelas minhas. Eles eram os únicos que não tinham nada a perder, e uma pessoa com nada a perder é bem perigosa. Eu precisava de alguém que estivesse disposto a fazer qualquer coisa, e encontrei isso neles.

Eles saem rapidamente da sala e tento manter a calma, mas só de pensar em quem possa ter entrado na casa dela, só de pensar que poderiam tê-la machucado...

- PORRAAAA! - o grito não consegue externar toda a minha raiva, a raiva que esconde o medo, o medo de tudo que poderia vir a acontecer com ela caso eu não fosse o mais precavido possível.

Ligo para Fillips na esperança de que ele tenha mais notícias da Erika, mas sempre me impressiono com a incompetência da polícia. O contato do Bronx, por outro lado, tem notícias de ambos, quer me encontrar em 15 minutos num café. Pego o sobretudo e passo pela porta, mas já dentro do elevador me dou conta do que precisava fazer. Os móveis do quarto do pivete. Merda, se esquecer disso, Johna me mata.

Desço até o jurídico, passando pelo corredor, mas ao chegar na porta da sala travo no lugar, vejo ela concentrada mexendo em alguns papéis, seus cabelos estão tão soltos e selvagens como eu ainda não havia visto. Sua blusa social está com os primeiros botões abertos, as mangas estão até a altura dos cotovelos e ela está descalça, não me lembrava dela ser tão pequena.

Quando nota minha presença, ela tensiona, começa o que parece uma tentativa frustrada de se arrumar.

Julieta: Eu não sabia que o senhor ainda estava aqui, eu já estava de saída

- Preciso que cuide de uma coisa para mim, amanhã. Vou te mandar uma lista e preciso que compre umas coisas para mobiliar um quarto. É para um menino.

Julieta: Seu filho? - elevo a sobrancelha, não sei se deu conta do que perguntou, mas logo a ficha cai

- Não sei como isso seria da sua conta, senhorita Marshall, só faça o que eu mandei

Julieta: Sim, senhor, me desculpe, mas isso só será possível assim que chegar da viagem

- Como? Não, preciso que faça isso amanhã

Julieta: Vou viajar para casa, senhor. E se falamos sobre necessidade, eu preciso de terapia, mas nem tudo acontece da forma que queremos - ela fala a última parte em tom provocativo, como se me desafiasse

- Está com algum problema comigo, senhorita?

Julieta: Problema nenhum, senhor Mallet. E o senhor, algum problema comigo?

Tudo ou nadaOnde histórias criam vida. Descubra agora