Campanha de Natal

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O carro estava calado, Eu e Julieta estávamos no banco traseiro enquanto Johna e Nathan iam na frente. O mau humor do Nate começou cedo e em partes sei que é por causa dela, ele não gosta sequer de estar no mesmo ambiente em que ela. As cicatrizes dele parecem reabrir toda vez que ela se aproxima, mas ao mesmo tempo, ele demonstra zero.

Nathan: Vocês não precisavam vir, eu conseguia entregar os presentes.

Johna: ‘Tá brincando, cara? Somos 8 equipes de 4 pessoas para dar conta de tudo e só a nossa equipe ficou responsável por quase 100 presentes. Você levaria o dia todo para entregar tudo

Nathan: Mas pelo menos não teria que passar o dia com vocês - ele sorri cínico, sem mostrar os dentes

- Sabe, Johna, acho que esse ano deveríamos nos unir e comprar um kit sexo para ele - Julles solta um riso baixo ao meu lado - com um consolo bem grande, bonecas infláveis e essas coisas

Johna: Para quê boneca? Sempre tem eu disponível - todos rimos no carro, pela 1º vez

Nathan: Isso é fato, depois de ver Johna pelado é impossível achar algo maior

Julieta: Você passou! - que merda, Nate pisa com tudo no freio, nos projetando para frente. O caminhão atrás com os presentes quase pega a traseira do carro e Nate xinga alto.

Nathan: Vai buzinar pro caralho, porra - ele grita pela janela com os motoristas que passam buzinando feito loucos

Johna: Ele sequer parece uma figura pública, não é? - ele diz voltado à Julles, que ri.

Saímos do carro, enquanto Nate conversa com o motorista do caminhão. Passaremos em 3 lugares hoje, dois hospitais e um orfanato, por algum motivo Nate sempre fica com os hospitais e no fundo acredito que seja pela tia Marta. Ele era um brutamontes de quase dois metros que se rendia às crianças. Eu sempre ia para o orfanato, então me dispus a convidar Julieta para que fosse comigo

Julieta: Se não se importa, eu prefiro ir ao hospital - um balde de água gelada, pensei que teria um tempinho com ela para que pudéssemos conversar.

Na maior parte do tempo me sinto estúpida por ainda nutrir algo por ela, já passou a tanto tempo e faz séculos que ela abandonou tudo que poderia sentir por mim, eu quis muito retomar nem que fosse nossa amizade, mas sei que seria incapaz disso, não consigo mais vê-la apenas como amiga e isso é prejudicial, porque sei que nunca mais passarei disso.

Johna: Parece que seremos eu e você de novo, loirinha - sorrio pequeno para ele.

- Por que o hospital? - pergunto a ela no impulso, recebendo a atenção dela e do Nate

Julieta: A pergunta é por que não o hospital? - isso me traz um aconchego por dentro - Olha só essa carta - diz me mostrando uma carta esfarrapada - Ela é do Ralph, ele tem 8 anos e adora animais marinhos, está internado aqui desde os 6 com a irmã Suzie. Eles são gêmeos e os dois tem leucemia - presto atenção enquanto ela fala empolgada, atraindo a atenção do Nate e do Johna também - Ele fala aqui que a irmã dele rasgou o urso de pelúcia preferido e que agora, como o quarto é escuro, ela chora para dormir. Então pediu outro urso para ela.

- Ele usou a própria carta para pedir algo para a irmã?

Julieta: Pois é, se preocupou mais com a necessidade dela do que com a própria - para ela isso é a coisa mais linda do mundo, mas só consigo notar uma coisa: o rosto dela, a empolgação, a ternura.

Não me faça me apaixonar por você de novo…

Nathan: Vamos pegar o urso da Suzie, então - ele diz, e só então me dou conta de que a encara com a mesma determinação que eu, parece tranquilo, diferente do habitual, mas sei como essa época do ano mexe com ele.

Tudo ou nadaOnde histórias criam vida. Descubra agora